Terceirização, o risco de perda de direitos que tem tirado o sono dos trabalhadores brasileiros, foi o tema do primeiro painel da 17ª Conferência Nacional dos Bancários, iniciada na sexta-feira 31 e que vai até o dia 2, no Hotel Holiday Inn Parque Anhembi, na cidade de São Paulo. A abertura oficial do evento que reúne mais de 600 delegados eleitos em todo o Brasil será realizada na noite desta sexta.
Quem abordou o tema "As consequências dos processos de terceirização no México" foi o advogado Eugênio Tovar, assessor de diversas entidades sindicais em seu país, e Maximiliano Garcez, da Associação Latino-Americana dos Advogados Laboralistas.
Tovar contou a experiência da aprovação da terceirização no México, com a reforma trabalhista aprovada no final de 2012, que destruiu o sistema de trabalho local. "Essa lei, feita por um governo de direita, foi um retrocesso. Apenas os empregadores saíram lucrando com ela e as empresas vindas dos Estados Unidos, pois, assim, não tiveram de se adequar às nossas leis e regras trabalhistas. Acredito que, se o Brasil permitir isso, vai enfrentar uma situação similar à do México", avaliou.
O advogado mostrou que as alterações aprovadas para a legislação trabalhista mexicana são semelhantes às que estão sendo discutidas no Congresso Nacional, em Brasília. O texto brasileiro prevê a regulamentação da terceirização, ampliando de maneira significativa a possibilidade de subcontratação de empregados.
Tovar lembra que a lei legitimou o que acontecia desde a década de 1990, quando o México se abriu para empresas americanas. Segundo dados oficiais do governo mexicano, não houve sequer a diminuição das taxas de desemprego, conforme defendiam empresários e demais defensores da regulamentação da terceirização.
O mais grave, para o advogado trabalhista, é o fim da responsabilidade solidária nos casos de subcontratações, o que reforça a precarização de direitos nas cadeias produtivas. Pelas novas regras, se uma empresa contrata outra para cumprir sua atividade fim - que por sua vez contrata trabalhadores sem observar direitos básicos -, ela não é mais diretamente responsabilizada, como acontecia no passado. "Mesmo se beneficiando diretamente dessa produção terceirizada, é o intermediário, considerado o patrão direto dos trabalhadores terceirizados, que tem de arcar com custos de indenizações trabalhistas e pagar por violações", explicou Tovar.
"A terceirização é um tumor de um grande um grande câncer que é a flexibilização trabalhista. Ela permite diversos malefícios aos trabalhadores, como a rotatividade de empregados e desvio de função."
Tovar ressaltou, ainda, que a terceirização impede que o trabalhador possa manter um vínculo e a permanência na empresa em que trabalha, pois fica mais barato fazer rescisão contratual. "É por meio do trabalho que a pessoa prepara seu futuro. Quando alguém ingressa em um trabalho, a intenção é de que ela possa montar seu projeto de vida, assumir responsabilidades. Com a terceirização, isso corre o risco de desaparecer", critica.
"O trabalhador nunca sai ganhando com a terceirização. Ou ele trabalha menos e recebe menos, ou trabalha oito horas ou mais desempenhando diversos trabalhos. Em nenhum momento sai ganhando", concluiu.
Aluguel de pessoas
Há uma articulação mundial de ataque à organização dos trabalhadores, de redução de direitos e de criminalização do movimento sindical, em um forte movimento de fortalecimento das grandes corporações, em detrimento do Estado. Para Maximiliano Garcez, da Associação Latino-Americana dos Advogados Laboralistas (Alal), tudo isso está embutido nos riscos que a terceirização traz para o continente.
A recente aprovação do Projeto de Lei 4330, o PL da Terceirização, pela Câmara dos Deputados, estaria no mesmo contexto da imposição do Banco Central Europeu de restrições e fim da negociação coletiva de trabalho para Itália e Grécia, como condições para a concessão de empréstimos.
Segundo ele, o PL da Terceirização (que tramita agora como PLC 30/2015, no Senado) representa a possibilidade de as empresas terceirizarem, quarteirizarem e quinterizarem os serviços: "Querem transformar o trabalhador em mercadoria, permitir o aluguel de pessoas, inviabilizar a ação do movimento sindical. Acabar com a organização dos trabalhadores, ao dividi-los em seu próprio ambiente de trabalho. Esses são os objetivos do projeto", afirmou.
Garcez citou que no PL da Terceirização há um artigo destinado especificamente a facilitar essa prática nos bancos, ao permitir que as atividades possam ser feita por qualquer tipo de empresa "especializada": "As idéias não correspondem aos fatos (citando Cazuza), a piscina da terceirização está cheia de ratos, como a volta do trabalho escravo infantil e precarização total do trabalho."
Fonte: Rede Nacional de Comunicação dos Bancários
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15ª Conferência dos Bancários aprova reivindicações da Campanha 2013
Realizada entre os dias 19 e 21 de julho, a 15ª Conferência Nacional reuniu 629 delegados representantes de trabalhadores de bancos públicos e privados de todo o país que aprovaram a pauta de reivindicações dos bancários para a Campanha Nacional Unificada 2013 – teve como base em torno de 37 mil consultas, além de assembleias e encontros regionais e estaduais realizados com a categoria.
Durante o encontro, também foram discutidas e aprovadas na Conferência as reivindicações da pauta geral da classe trabalhadora, como o fim do fator previdenciário que achata o valor das aposentadorias, luta por mais investimentos para a Saúde - 10% do orçamento, 10% do PIB na educação e transporte público de qualidade. Os trabalhadores querem, ainda, uma reforma política que acabe com a influência do poder econômico nas eleições, reforma tributária para corrigir injustiças, a democratização dos meios de comunicação para dar espaço e voz a todos os setores da sociedade brasileira - marco regulatório da mídia visando democratizar as comunicações. Além da necessidade de regulamentação do Sistema Financeiro Nacional.
12 e 13/8 - Mobilizações em Brasília para convencer os parlamentares a rejeitarem o PL 4330/04.
15ª Conferência Estadual dos Bancários define prioridades para Campanha Nacional 2013
15ª Conferência Nacional dos Bancários começa nesta sexta em São Paulo
16ª Conferência Nacional dos Bancários começa nesta sexta em Atibaia
