Crítica está em nota técnica divulgada na 18ª Carta de Conjuntura do Observatório de Políticas Públicas do Conjuscs; confira íntegra no link abaixo
A pesquisa da Febraban intitulada “Índice de saúde financeira do brasileiro (I-SFB)” e divulgada em julho passado resultou em nota técnica publicada na 18ª Carta de Conjuntura do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS (Conjuscs). O trabalho dos autores promove uma reflexão sobre esse estudo e tece críticas sobre a metodologia utilizada, já que não há estratificação de maneira explícita, entre outras questões.
Essa estratificação diz respeito às faixas de renda, deixando no leitor a dúvida sobre qual é efetivamente a que está sendo pesquisada. Com isso, há o entendimento, que não corresponde à realidade, de que as pessoas estão endividadas porque não sabem administrar sua renda, desconsiderando sua condição socioeconômica, como salários baixos, trabalho precarizado etc. “Tudo isso tem impacto na vida financeira da pessoa, ela vai contraindo empréstimos e se endividando cada vez mais”, explica Claudio Pereira Noronha, um dos autores da nota.
Ou seja: segundo os autores, não dá para dizer que a população de forma geral não está tão endividada, o que falta é habilidade financeira, e é isso que o estudo da Febraban aponta. “Não existe uma preocupação de fazer uma relação entre a situação socioeconômica do Brasil, a questão do desemprego, a questão da precarização do trabalho”, destaca Cláudio, que é assessor do Sindicato, graduado em Administração de Empresas e com mestrado e doutorado em Ciências da Religião.
Além disso, entre os 12 itens críticos à pesquisa da Febraban desponta ainda a total ausência de se considerar como dado a pandemia de covid-19, que aumentou o desemprego e a crise financeira no Brasil e no mundo. Além de Cláudio assinam a nota Ana Carolina Tosetti Davanço (mestranda em Administração e especialista em Gestão Pública); Jefferson José da Conceição (economista e coordenador do Observatório Conjuscs), e a economista do Dieese Vívian Machado.
A nota também destaca que, entre os objetivos da pesquisa não revelados pela federação dos bancos estão melhorar a imagem destas empresas; atender parcialmente à Lei nº 14.181/2021 (conhecida como “Lei do Superendividamento”, que buscou aperfeiçoar a disciplina do crédito ao consumidor e trata da “prevenção e o tratamento do superendividamento”); tirar o foco sobre os elevados spreads bancários e jogar o problema na gestão dos próprios indivíduos e famílias; mostrar que a saúde financeira dos brasileiros é um problema, mas não tão grande; por conseguinte, há margem para aumentar o crédito individual e familiar (“I- SFB é bom; está em bom patamar”); estimular a previdência complementar e reforçar, como “senso comum”, que o problema financeiro do brasileiro não está em sua “baixa renda” (baixos salários, falta de direitos), mas na falta de habilidade de gerir o que ganha.
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