Bradesco, Itaú, BB e Santander estão entre as 17 instituições financeiras que deram dinheiro a desmatadores da Amazônia
Em 12 anos os bancos brasileiros repassaram R$ 165 milhões a empresas que tiveram áreas embargadas por órgãos de fiscalização na Amazônia Legal, que compreende oito estados: Acre, Amapá, Pará, Amazonas, Rondônia, Roraima e parte dos estados do Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. O dinheiro foi repassado a desmatadores por meio de financiamentos subsidiados com recursos do BNDES. Hoje, quando grandes fundos exigem publicamente um posicionamento do governo brasileiro sobre o desmatamento, os bancos entram na onda e “denunciam” o que já sabiam há muito tempo.
De acordo com reportagem divulgada ano passado pelo jornal O Globo (https://oglobo.globo.com/sociedade/bancos-deram-165-milhoes-para-financiamento-de-desmatadores-24028764) o Bradesco foi o maior financiador de empréstimos a desmatadores nos últimos anos, repassando R$ 94 milhões, 59% do total. Já o Itaú repassou R$ 8,1 milhões. BB e Santander também fizeram empréstimos para empresas que têm áreas embargadas ali. Ao todo foram identificadas 343 operações em 17 bancos para 28 empresas beneficiadas por empréstimos nos oitos estados da Amazônia Legal.
Não há lei que vede essa prática. Desde 2008, porém, uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CNM), órgão vinculado ao Banco Central e ao Ministério da Economia, proíbe os bancos de fornecer crédito rural a empresas em áreas que tenham sido alvo de embargos de órgãos ambientais por desmatamento.
Agora, por conta da pressão internacional, presidentes do Itaú e Bradesco “denunciam” o problema que ajudaram a capitalizar. O do Itaú, Candido Bracher, disse que os incêndios estão “60% maiores que no ano passado” e defendeu uma mobilização “enquanto sociedade” para reverter a situação. E o do Bradesco, Octavio de Lazari, que “todo mundo falava sobre isso, mas de fato nós temos de reconhecer que fizemos muito pouco em relação a isso”.
E tudo isso porque na sexta, 19, grandes empresas de investimento europeias disseram que vão desinvestir se não virem progresso rumo a uma solução para a destruição crescente da Floresta Amazônica e, na última segunda, 22, embaixadas do Brasil na Europa receberam carta de um grupo formado por 30 instituições financeiras que ameaçaram tirar seus investimentos no País caso o governo não trabalhe para deter o desmatamento. A carta foi divulgada no Financial Times e, como se vê, entre os banqueiros começou a surtir algum efeito – ao menos no discurso.