Dados são dos últimos quatro anos; desemprego de longo prazo atinge mais fortemente mulheres e jovens, e não há notícia de políticas para geração de emprego
Quantas vezes você ouviu falar de política de geração de empregos nos últimos quatro anos? Bem poucas, não é mesmo?
Os grandes temas que dominaram o noticiário foram impeachment, reforma trabalhista, eleições, privatização e, mais recentemente, reforma da Previdência.
“No tocante” à geração de emprego nenhum pio, como se o País estivesse estacionado à espera de uma ou mais reformas para resolver a questão crucial que é a do emprego.
Com isso, quase dobrou a quantidade de brasileiros que está desempregado há mais de dois anos, uma condição limite para qualquer família assalariada, já sem proteção do seguro-desemprego ou qualquer outro benefício.
Segundo análise de Mercado de Trabalho divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do IBGE, a parcela de desempregados que está nessa situação há mais de dois anos avançou de 17,4%, no 1º trimestre de 2015, para 24,8% no mesmo período de 2019, atingindo 3,3 milhões de pessoas, um crescimento de 42,4% em quatro anos.
Já a taxa de desemprego ficou em 12,5% no trimestre até abril, atingindo 13,2 milhões de pessoas.
Esse desemprego de longo prazo atinge mais fortemente as mulheres: entre as desocupadas, 28,8% estão nessa condição há pelo menos dois anos, contra 20,3% dos homens desempregados na mesma situação, embora o crescimento tenha sido maior entre o público masculino.
Na análise por faixa etária 27,3% dos desocupados com mais de 40 anos não conseguem trabalho há pelo menos dois anos, mas o crescimento do desemprego de longo prazo é maior entre os jovens, e as regiões Norte e Nordeste são as mais afetadas.
Além do aumento no tempo de permanência no desemprego, o estudo mostra que os efeitos da crise econômica sobre o mercado de trabalho também vêm impactando a renda domiciliar.
Dados da Pnad mostram que, no 1º trimestre de 2019, 22,7% dos domicílios brasileiros não possuíam nenhum tipo de renda proveniente do trabalho, e que os com renda mais baixa apresentaram menores ganhos salariais.
A análise mostra, ainda, que a renda dos domicílios mais ricos é 30 vezes maior que a dos domicílios mais pobres (veja mais abaixo).
Economia
Acredite, a inflação é ainda maior para os mais pobres
Pesquisa do IPEA revela diferença dependendo da faixa de renda
Indicador IPEA de Inflação, pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, mostra que no último mês de maio houve até uma desaceleração no aumento de preços em todas as classes sociais.
Ainda assim, esse recuo não foi suficiente para diminuir a desigualdade dos índices entre as classes sociais.
Em 12 meses, de junho de 2018 a maio de 2019, a inflação das famílias mais pobres é de 5,01%, superior à taxa de 4,4% das famílias com mais poder aquisitivo.
Mesmo no acumulado do ano, de janeiro a maio de 2019, a inflação é maior para os mais pobres (2,42%) em relação aos mais ricos (2,24%).
O indicador é calculado todos os meses e leva em consideração a variação de preços de bens e serviços disponibilizados pelo Sistema Nacional de Índice de Preços ao Consumidor (SNIPC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com maio de 2018 os alimentos foram responsáveis pela redução da taxa de inflação de todas as classes de renda.
No caso das famílias de baixa renda houve recuo médio de 0,31 pontos percentuais e a inflação caiu de 0,41% para 0,10%.
Para os mais ricos a queda foi de 0,20 pontos percentuais - a taxa de inflação caiu de 0,38% em maio de 2018 para 0,18% em maio de 2019.