Área restrita

A terceira rodada de negociações da Campanha 2014 entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban foi concluída nesta quinta-feira 4, em São Paulo, sem que os bancos apresentassem qualquer proposta para as reivindicações da categoria sobre emprego e remuneração, a exemplo do que já havia acontecido nas duas primeiras rodadas, que discutiram saúde, condições de trabalho, segurança bancária e igualdade de oportunidades. As negociações prosseguem nas próximas quarta 10 e quinta 11, com foco nas cláusulas econômicas, que inclui índice de reajuste e PLR.

"Mostramos de forma enfática para os banqueiros que a categoria considera uma prioridade dessa campanha a adoção de medidas para preservar o emprego, principalmente em relação à rotatividade e ao fim das terceirizações", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional. "Outra prioridade que apontamos é a valorização dos pisos e a implementação de planos de cargos e salários em todos os bancos."

Garantia de emprego

Estudo do Dieese com base no Caged do Ministério do Trabalho e Emprego mostra que os bancos múltiplos fecharam mais de 5 mil postos de trabalho entre janeiro e julho de 2014, além de 23 mil desligamentos, dos quais 63% foram demissões sem justa causa.

O Comando defendeu a pauta de reivindicações dos bancários, aprovada na 16ª Conferência Nacional, destacando sobre esse tema a garantia de emprego e o fim das demissões imotivadas, de acordo com os termos da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Os bancos alegaram que a Convenção Coletiva não é o instrumento adequado para impor tais restrições aos bancos, uma vez que se trata de políticas de cada instituição. Eles disseram que as demissões na categoria são "irrisórias e ajustes pontuais", realizadas "com muita responsabilidade". 

Para Carlos Cordeiro, "é irresponsabilidade dos bancos olhar números e não enxergar pessoas, que são pais e mães de família". 

Fim da terceirização/correspondentes bancários

O Comando também apresentou dados comparativos da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad/IBGE) de 2011, mostrando que havia 1,004 milhão de trabalhadores no ramo financeiro. E ao se analisar as principais Cnaes (Classificação Nacional das Atividades Econômicas do Setor Financeiro) de 2012, constata-se que 839 mil trabalhadores são contratados por empresas financeiras. Desse total, 512 mil eram bancários. Somente aí estão identificados 165 mil trabalhadores do sistema financeiro não enquadrados na categoria e, portanto, sem a proteção da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). 

Somando-se a isso os aproximadamente 400 mil estabelecimentos de correspondentes bancários e o fato de os bancos terceirizarem atividades em que Cnaes não pertencentes ao sistema financeiro, o número verdadeiro de bancários informais é infinitamente maior. Ou seja, enquanto o nível de emprego na categoria vem caindo, inversamente aumenta o processo de terceirização das atividades bancárias.

Por isso, os bancários reivindicaram o fim das terceirizações e da utilização dos correspondentes bancários em substituição às agências bancárias.

Os negociadores da Fenaban argumentaram, no entanto, que a terceirização é parte estratégica da organização do negócio e defenderam a sua regulamentação de forma ampla e irrestrita. "Os bancos trazem o falso argumento de segurança jurídica, quando na verdade sabem muito bem o que estão fazendo. Querem reduzir custos de mão de obra e evitar a ampliação do passivo trabalhista", destaca Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT e integrante do Grupo de Trabalho sobre Terceirização da CUT.

Encarecimento das demissões

O Comando também apresentou à Fenaban a reivindicação de aumentar o valor da indenização adicional, já prevista na Convenção Coletiva nos casos de dispensas sem justa causa, como um mecanismo inibidor das demissões.

Os bancos disseram que esse tema é de natureza econômica e darão retorno ao longo do processo de negociações.

Jornada de trabalho

Dado o alto nível de produtividade da categoria, é reivindicação antiga a redução da jornada de trabalho para cinco horas diárias, de segunda a sexta-feira, para todos os bancários, de forma a gerar novas vagas e melhorar as condições de trabalho e de saúde.

O Comando apontou também o descumprimento da jornada de seis horas, que não vem sendo respeitada pelos bancos para um grande número de trabalhadores.

PCS

Após o debate de emprego, o Comando iniciou a discussão das reivindicações sobre remuneração. O primeiro tema foi a demanda histórica de implementação de Planos de Cargos e Salários (PCS) em todos os bancos, que já existem nas instituições públicas. "O PCS é um instrumento de valorização e de transparência dentro dos bancos, que permite ao trabalhador obter ganhos ao longo de sua permanência na empresa", disse Carlos Cordeiro. 

O presidente da Contraf-CUT chamou a atenção para a grande diferença entre a remuneração dos altos executivos e dos funcionários, que chega a 318 vezes, uma das maiores do mundo. "O PCS é também um instrumento para que não haja desigualdades, inclusive de gênero, raça e orientação sexual", salienta. 

Os bancos não admitiram em hipótese alguma incluir a obrigatoriedade de um PCS na convenção coletiva e ainda descartou qualquer possibilidade de incorporar ganhos automáticos em decorrência de tempo de serviço.

Piso salarial

O Comando reivindicou o salário de ingresso de R$ 2.979,29 para escriturário, que corresponde ao salário mínimo calculado pelo Dieese. Para caixas e empregados de tesouraria, o piso seria de R$ 4.021,99; para primeiros comissionados, de R$ 5.064,73; e para primeiro gerente, R$ 6.703.31.

Os negociadores da Fenaban se comprometeram a apresentar uma proposta de piso durante o processo de negociações.
Outras reivindicações discutidas

Ainda sobre emprego, outras reivindicações foram discutidas, como as condições para funcionamento das agências, o controle do tempo de permanência nas filas, a criação de uma comissão sobre mudanças tecnológicas, a instalação de comitê de relações trabalhistas, o abono-assiduidade de cinco dias por ano e investimentos dos bancos para a qualificação e requalificação profissional.

Os bancos recusaram as reivindicações apresentadas, ficando apenas de dar resposta sobre a possibilidade de realizar um seminário para aprofundar conhecimentos para mudanças tecnológicas.

Avaliação do Comando

"Apesar da alta lucratividade do sistema financeiro e da propagandeada responsabilidade social, os bancos negaram na terceira rodada de negociações mais e melhores empregos, ao mesmo tempo em que intensificam a terceirização e a precarização das relações de trabalho", avalia Carlos Cordeiro.

"Precisamos aumentar a mobilização, fortalecendo os debates com a categoria e o diálogo com a sociedade, mostrando a verdadeira face dos bancos e qual é o projeto de país que eles defendem", conclui o presidente da Contraf-CUT.

Calendário de negociações

5 - Segunda rodada de negociação específica com o BNB
8 - Terceira rodada de negociação específica com a Caixa
8 - Entrega da pauta específica de reivindicações ao BNDES 
10 e 11 - Quarta rodada de negociação com a Fenaban
12 - Terceira rodada de negociação específica com o BB
12 - Terceira rodada de negociação específica com o BNB
15 - Quarta rodada de negociação específica com o BNB
16 - Terceira rodada de negociação específica com o Banco da Amazônia


Fonte: Contraf-CUT

Na abertura da terceira rodada de negociações da Campanha 2014 com a Fenaban, realizada nesta quarta-feira 3 em São Paulo, o Comando Nacional dos Bancários apresentou os números dos estudos do Dieese e fez uma discussão conceitual sobre emprego e terceirização na categoria. Os bancos questionaram os dados sobre fechamento de postos de trabalho e defenderam a regulamentação da terceirização de forma ampla, coincidentemente com o mesmo enfoque apresentado pelo programa econômico da candidata Marina Silva. As discussões prosseguem nesta quinta-feira 4, primeiro sobre emprego e depois sobre remuneração.

O Comando apresentou o estudo do Dieese com base na Rais do Ministério do Trabalho, mostrando que os bancos privados fecharam 18.023 postos de trabalho em 2013. E que outros 3.600 empregos foram cortados de janeiro a julho de 2014, segundo a Pesquisa de Emprego Bancário (PEB) que a Contraf-CUT faz desde 2009 em parceria com o Dieese com base nos dados do Caged.

O comportamento do sistema financeiro vai na contramão dos outros setores da economia, que são menos rentáveis e nesse mesmo período criaram 1,75 milhão de postos de trabalho, contribuindo para que o Brasil tenha o menor nível de desemprego da história.

O Comando também criticou a rotatividade no sistema financeiro. Além do fechamento dos postos de trabalho, segundo a pesquisa Contraf-CUT/Dieese os bancos privados desligaram 66.567 trabalhadores entre janeiro de 2013 e julho de 2014. Essa rotatividade faz parte do negócio do sistema financeiro e é um mecanismo para reduzir salário e aumentar lucros.

Os representantes dos bancos negaram que haja demissões em massa no sistema, alegando que há apenas ajustes pontuais e que o Comando Nacional "está torturando os números". E disseram ironicamente que a diferença de 63,3% entre a média salarial dos admitidos e desligados é uma "boa notícia" porque mostra que os bancários ficam bastante tempo no emprego e têm progressão salarial na carreira.

Terceirização

O Comando também apresentou a Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad/IBGE) de 2002 segundo a qual havia naquele ano 586.765 trabalhadores no sistema financeiro. Já em 2011, a mesma pesquisa mostrou que esse número saltou para 1,004 milhão. No entanto, apenas 512 mil bancários eram formalmente contratados pelos bancos em 2012, sob a proteção da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria. 

Ou seja, para cada bancário formal existe pelo menos outro informal trabalhando no sistema financeiro, recebendo salários inferiores, cumprindo jornadas de trabalho maiores e sem os mesmos direitos da categoria, aumentando os lucros bilionários dos bancos. 

Entre 1999 e 2013, as instituições financeiras aumentaram 319% as despesas com trabalhadores terceirizados, tendência que vem se acelerando nos últimos anos, segundo Relatório Social da Febraban. 

Se considerarmos os diversos tipos de correspondentes bancários (banco postal, lotéricos, pastinhas, supermercados, drogarias etc.), esses números poderiam ser exponencialmente multiplicados.

Outro fator que dificulta o mapeamento adequado do número de trabalhadores terceirizados é que os bancos contratam empresas para realização do mesmo tipo de serviço que são classificados em múltiplas CNAES (Classificação Nacional de Atividades Econômicas). Por isso certamente o número de trabalhadores terceirizados prestando serviços aos bancos é muito maior.

Quanto a isso a Fenaban informou novamente que também não tem os números exatos porque isso fica a cargo de cada empresa. Porém, ao analisar os dados dos balanços dos bancos não se encontra essas informações.

Risco operacional

Daí decorre outro problema sério, com previsão inclusive pela Resolução 3380/2006 do Bacen, que estabelece normas de previsão para o risco operacional, em decorrência dos contratos de terceiros. Mas como todos dizem que ninguém tem essas informações de forma precisa, o que justificaria a aplicação dos termos da resolução, a palavra está com o Banco Central.

Essa ameaça se agrava com a tentativa do setor empresarial, tendo os bancos à frente, de legalizar a terceirização total no Brasil com a aprovação do PL 4330 na Câmara Federal, do PLS 087 no Senado e do julgamento de Recurso Extraordinário com Repercussão Geral no STF. Por último, é extremamente preocupante o fato de o programa econômico da candidata Marina Silva incorporar expressamente o compromisso de regulamentar a terceirização precarizante em todos os setores da economia.

Mesmo com as ameaças mencionadas, o debate precisa ser retomado com os bancos, uma vez que um grande processo de terceirização das atividades bancárias, ligadas ao processamento de documentos, retaguarda bancaria, contabilização, tesouraria. Na verdade, não se trata de terceirização e sim intermediação ilegal de mão de obra. E o vínculo de emprego deve ser estabelecido diretamente com o banco contratante ou no caso dos bancos públicos devem ser pagas as indenizações como se bancários fossem.

Os negociadores da Fenaban defenderam a regulamentação já e total das terceirizações, o que coincide com a proposta da candidata Marina Silva apresentada no dia 29 de agosto último.

Problemas nos dados de afastamento de bancários

Ao final da negociação, o Comando cobrou esclarecimentos dos bancos acerca dos dados encaminhados pela Fenaban sobre o afastamento de bancários por motivos de saúde. Segundo análise do Dieese, há grandes diferenças entre os números enviados para a Contraf-CUT. Os bancos ficaram de verificar as divergências apontadas.

Calendário de negociações

4 - Terceira rodada de negociação com a Fenaban
5 - Segunda rodada de negociação específica com o BNB
8 - Terceira rodada de negociação específica com a Caixa
8 - Entrega da pauta específica de reivindicações ao BNDES 
10 e 11 - Quarta rodada de negociação com a Fenaban
12 - Terceira rodada de negociação específica com o BB
12 - Terceira rodada de negociação específica com o BNB
15 - Quarta rodada de negociação específica com o BNB


Fonte: Contraf-CUT

O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, realiza nesta quarta-feira 3 a terceira rodada de negociação da Campanha 2014 com a Fenaban, para discutir emprego, que inclui fim das demissões e da rotatividade, mais contratações, proibição às dispensas imotivadas, aumento da inclusão bancária e combate às terceirizações. A reunião começa às 14h, no hotel Maksoud Plaza, em São Paulo. Na quinta-feira a rodada de negociação durará o dia todo, tendo a remuneração na pauta.

"Os bancários definiram na 16ª Conferência Nacional a defesa do emprego como uma das principais preocupações da Campanha 2014. Apesar dos lucros gigantescos, os bancos brasileiros, principalmente os privados, continuam eliminando postos de trabalho enquanto os outros setores estão gerando novos empregos", critica Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional. 

Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com base na Rais do Ministério do Trabalho mostra que os bancos privados fecharam 18.023 postos de trabalho em 2013. E de janeiro a julho de 2014 já cortaram mais 3.600 empregos, segundo a Pesquisa de Emprego Bancário (PEB) que a Contraf-CUT faz desde 2009 em parceria com o Dieese com base nos dados do Caged.

Nesse mesmo período, a economia brasileira criou 1,75 milhão de postos de trabalho, levando o emprego no Brasil ao melhor nível em toda a história.

"Os bancos que estão fechando postos de trabalho prejudicam os bancários, pioram o atendimento dos clientes e da população e não contribuem para o crescimento econômico e social do país com emprego e distribuição de renda", acrescenta Carlos Cordeiro. "Isso também é um sinal vermelho para a classe trabalhadora, uma vez que essa é exatamente a receita para o país apregoada por economistas de bancos que estão coordenando programas de governo de alguns candidatos à Presidência da República."

Rotatividade achata salários

Além de fechar os 21.623 postos de trabalho de janeiro de 2013 a julho de 2014, os bancos privados desligaram 66.567 trabalhadores nesse mesmo período, segundo as pesquisa Contraf-CUT/Dieese. Foram 42.892 desligamentos no ano passado (contra 38.563 admissões). Veja aqui a pesquisa de 2013. E mais 23.675 desligamentos (com 20.075 contratações) nos primeiros sete meses deste ano. Confira aqui . 

"Queremos pôr um fim a essa rotatividade porque no sistema financeiro ela faz parte do negócio e é um mecanismo para reduzir salário e aumentar lucros", diz Carlos Cordeiro. 

Isso fica claro nos números do Caged. A remuneração média dos bancários desligados de janeiro a julho deste ano era de R$ 5.216,86 contra R$ 3.303,55 dos admitidos - uma diferença de 63,3%. Na economia como um todo, a diferença entre a remuneração média de quem entra e quem sai das empresas é de apenas 7%.

Isso explica por que os bancários, com muita mobilização e luta, conquistaram aumento real de salário de 18,3% de 2004 a 2013, mas o aumento da remuneração média do bancário neste período foi de 13,6% acima da inflação. A situação é ainda pior nos bancos privados, onde está concentrada a rotatividade. Nesse segmento, o aumento médio da remuneração foi de apenas 8,8%, segundo a pesquisa do Dieese com base nos dados da Rais. Nos bancos públicos, a elevação da remuneração média foi de 16,9%.

Veja aqui o estudo do Dieese sobre emprego e remuneração bancária nos últimos 10 anos. 

Terceirização fecha empregos e reduz salário

A Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad/IBGE) de 2002 registrou que havia naquele ano 586.765 trabalhadores no sistema financeiro. Já em 2011, a mesma pesquisa mostrou que esse número saltou para 1,004 milhão. No entanto, apenas 512 mil bancários eram formalmente contratados pelos bancos em 2012, sob a proteção da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria.

"Ou seja, para cada bancário formal existe outro informal trabalhando no sistema financeiro, recebendo salários inferiores, cumprindo jornadas de trabalho maiores e sem os mesmos direitos da categoria, aumentando os lucros bilionários dos bancos", afirma Miguel Pereira, secretário de Organização da Contraf-CUT. 

Entre 1999 e 2013, as instituições financeiras aumentaram 319% as despesas com trabalhadores terceirizados, tendência que vem se acelerando nos últimos anos, segundo Relatório Social da Febraban. 

Se considerarmos os diversos tipos de correspondentes bancários (banco postal, lotéricos, pastinhas, supermercados, drogarias etc.), esses números poderiam ser exponencialmente multiplicados.

Esses trabalhadores terceirizados estão distribuídos pelo sistema financeiro em múltiplas CNAES (Classificação Nacional de Atividades Econômicas), dificultando sua identificação e localização como prestadores de serviços aos bancos.

"Essa ameaça se agrava com a tentativa do setor empresarial, tendo os bancos à frente, de legalizar a terceirização total no Brasil com a aprovação do PL 4330 na Câmara Federal, do PLS 087 no Senado e do julgamento de Recurso Extraordinário com Repercussão Geral no STF. E por último, é extremamente preocupante o fato de o programa econômico da candidata Marina Silva incorporar expressamente o compromisso de regulamentar a terceirização precarizante em todos os setores da economia", adverte Miguel Pereira.


Fonte: Contraf-CUT

Assim como aconteceu com os temas de saúde, condições de trabalho e segurança bancária, os bancos também não fizeram propostas para as reivindicações sobre igualdade de oportunidades defendidas nesta quinta-feira 28 pelo Comando Nacional dos Bancários, no encerramento da segunda rodada de negociações da Campanha 2014. Os bancos voltaram a negar que haja discriminações de gênero, raça e orientação sexual nos locais de trabalho e protelaram mais uma vez a apresentação dos resultados do II Censo da Diversidade realizado entre 17 de março e 9 de maio.

Os negociadores da Fenaban disseram que o resultado do Censo ainda não foi concluído e que se reunirão na próxima semana com a consultoria que coordenou a pesquisa, comprometendo-se a trazer os resultados na primeira quinzena de setembro.

"Essas informações são fundamentais porque permitirão comparar com os dados do primeiro Censo, de 2008, e avaliar se as discriminações foram corrigidas ao longo desses cinco anos", afirma Andrea Vasconcelos, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT e coordenadora da Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual (CGROS).

Em 2008, as mulheres ganhavam 78% dos salários dos homens e encontravam mais obstáculos para a ascensão profissional. Além disso, apenas 19,5% dos bancários eram negros ou pardos, com ganho médio de 84,1% do salário dos brancos. E a categoria tinha somente 8% de mulheres negras.

Dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) de 2012 revelam que a presença de pretos e pardos na categoria bancária era de 17,1%, o que demonstra que houve uma redução da população negra trabalhando nos bancos.

Cota de 20% para negros

Por conta dessa discriminação, o Comando Nacional cobrou a reivindicação de um percentual mínimo de 20% de negros nas contratações dos bancos. Os negociadores da Fenaban, no entanto, foram enfáticos em afirmar que não gostam e não aceitam nenhuma política de cotas.

Mulheres são discriminadas

As mulheres são metade da categoria há vários anos e possuem escolaridade superior aos homens, mas ganham menos e enfrentam barreiras na ascensão profissional.

Contra as alegações dos bancos de que não há discriminações, o Comando apresentou na mesa os dados do Caged do primeiro semestre deste ano, mostrando que as mulheres já entram no banco ganhando 24% menos que os homens, na média. 

Se pegarmos os cargos de auxiliares e assistentes administrativos, a diferença aumenta para 29%. E na gerência de marketing, por exemplo, as mulheres ganham 22% menos que os homens contratados. 

Os dirigentes sindicais também apontaram a ausência de mulheres nos altos cargos executivos de quase todos os bancos. Os negociadores da Fenaban não contestaram as informações, mas não apontaram soluções para combater as discriminações. 

PCS

Os bancários reivindicam que os bancos disponibilizem a relação de cargos na empresa com suas definições técnicas, assim como os critérios necessários para essas funções. 

Os negociadores da Fenaban disseram que os grandes bancos já disponibilizam suas "trilhas" na intranet e estão à disposição dos bancários e que, portanto, não haveria necessidade de incluir esse tema na Convenção Coletiva dos Bancários.

Assédio sexual

Diante da gravidade desse problema na categoria, a Contraf-CUT relançou em julho a cartilha Combate ao Assédio Sexual, com informações e orientações sobre como enfrentar situações que violem a Lei 10.224/2001, que alterou o Código Penal de 1940 e passou a considerar o assédio sexual como crime, com pena de detenção de um a dois anos.

Os bancos concordaram que essa é uma prática inaceitável e que deve ser combatida, porque prejudica o ambiente de trabalho. No entanto, se recusaram a incluir qualquer aspecto desse tema na Convenção Coletiva. Concordaram apenas em fazer uma campanha conjunta com os sindicatos de combate ao assédio sexual. 

Equidade 

A adesão dos bancos ao Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça da Secretaria de Políticas para as Mulheres foi cobrada pelo Comando. O programa federal busca "garantia da autonomia econômica e social das mulheres como condição estruturante para a transformação das condições de vida e das desigualdades, especialmente daquelas que vivem as discriminações decorrentes da desigualdade social, de gênero e racial". 

Os representantes dos bancos informaram desconhecer o programa e disseram que levarão a questão para debate na mesa temática de Igualdade de Oportunidades.

Licença parental

O Comando reivindicou a concessão da licença maternidade, hoje chamada de licença parental, para o prazo de seis meses consecutivos ao pai ou adotante em caso de nascimento de filho. A medida seria extensiva para os casos de relações homoafetivas.

Os negociadores dos bancos, porém, disseram mais uma vez não, alegando que isso deve ser tratado com a Previdência Social.

Os dirigentes sindicais aproveitaram o debate para solicitar o número de bancários e bancárias que utilizam a cláusula 49ª da CCT que trata da extensão de vantagens nas relações homoafetivas.

PCD

Os bancos rejeitaram ainda a reivindicação apresentada pelo Comando de abono das ausências para reparo, conserto, manutenção e aquisição de órtese e prótese dos trabalhadores com deficiência (PCD).

Os dirigentes sindicais consideraram essa posição uma discriminação contra os trabalhadores com deficiência, uma vez que qualquer bancário que sofra alguma contusão e necessite ir ao médico, por exemplo, terá a ausência abonada via atestado médico, ao passo que os PCD não possuem nenhum instrumento similar que os proteja.

"Os banqueiros alegam que não é necessário incluir o assunto na Convenção Coletiva porque não existe demanda, uma vez que, segundo eles, quando algum trabalhador com deficiência necessita se ausentar ele tem a anuência. Mas nós queremos garantir isso na Convenção para se tornar um direito e não um favor do gestor", diz Andrea Vasconcelos.

Mobilização para o plebiscito

Na reunião de avaliação, que fez ao final da rodada de negociação com a Fenaban, o Comando Nacional reforçou a orientação às entidades sindicais de todo o país para que intensifiquem a mobilização e realizem em todos os locais de trabalho o plebiscito popular pela reforma política que acontecerá de 1º a 7 de setembro.

O Comando sugere que as entidades utilizem para o plebiscito as mesmas urnas e os mesmos roteiros das eleições sindicais.

Calendário de negociações da Campanha 2014

Agosto
29 - Segunda rodada específica com a Caixa

Setembro
1º - Começa o plebiscito popular sobre a reforma política
1º - Segunda rodada de negociação específica com o BB
1º - Segunda rodada de negociação específica com o Banco da Amazônia
2 - Negociação específica com o Santander
5 - Segunda rodada de negociação específica com o BNB
3 e 4 - Terceira rodada de negociação com a Fenaban
10 e 11 - Quarta rodada de negociação com a Fenaban
12 - Terceira rodada de negociação específica com o BB
12 - Terceira rodada de negociação específica com o BNB
15 - Quarta rodada de negociação específica com o BNB

Animada pela bateria da Vila Palmares, atividade percorreu ruas centrais de Santo André e festejou ainda o Dia do Bancário  

caravana_fetec_2014 (1)

O Sindicato lançou oficialmente na quinta (28), com uma animada caminhada pelas ruas centrais de Santo André, a campanha nacional unificada 2014. A atividade coincidiu com as comemorações do Dia do Bancário, com direito a parabéns ao ritmo da Bateria de Vila Palmares – que acompanhou todo o trajeto – e distribuição de bolo para agências visitadas durante o percurso.

Além de destacar as principais reivindicações deste ano, entre os quais 12,5% de reajuste salarial, e do processo negocial já em andamento mas sem avanço pelas negativas dos banqueiros, a manifestação incluiu questões como a necessidade de boas condições de trabalho para garantir atendimento de qualidade a clientes e usuários dos bancos. “Mais uma vez estamos em campanha salarial, preocupados não só com nossas reivindicações, mas também com os clientes e usuários. Quando reivindicamos mais contratações sabemos que isso se reflete diretamente no atendimento”, afirma Eric Nilson, presidente do Sindicato.

Os bancos continuam a lucrar muito e poderiam muito bem atender às reivindicações dos bancários, mas preferem demitir e estabelecer metas abusivas que adoecem os trabalhadores. Essa realidade, somada à da falta de segurança, também ganhou voz durante a manifestação, que teve a participação de representantes sindicais bancários da entidade e de sindicalistas oriundos de outros municípios; da Fetec-CUT e do deputado federal Vanderlei Siraque (PT), que destacou projetos de sua autoria sobre segurança bancária, como o que estabelece a instalação de biombos.

Performance – A manifestação foi iniciada por volta das 9h30, com saída da sede social do Sindicato (rua Xavier de Toledo) e percurso pelas ruas centrais da cidade, como Francisco Amaro, Correia Dias, Luiz Pinto Fláquer e Senador Fláquer. Agências bancárias destas ruas receberam atores da ARCA (Associação Ribeirãopirense de Cidadãos Artistas) que fizeram performance lembrando o lançamento da campanha e parabenizando os trabalhadores pelo seu dia. Coincidentemente, a data também marca o aniversário da Central Única dos Trabalhadores (CUT), à qual o Sindicato é filiado.

Também foram distribuídos bolos para os bancários. Faixas da campanha também coloriram fachadas das agências bancárias, chamando a atenção da população. Muitos saíram às portas das lojas ou à janela de prédios para acompanhar a atividade do Sindicato, que está entre os mais importantes do País e participa do comando nacional que negocia com a Fenaban, a federação dos banqueiros .

  Clique aqui para ver mais fotos  

[embed]https://www.youtube.com/watch?v=l-TJkOjhbiM[/embed]

Apesar da sensação de insegurança, dos sequestros e do aumento das mortes em assaltos envolvendo bancos, a Fenaban tratou com profundo descaso as reivindicações de segurança bancária defendidas pelo Comando Nacional dos Bancários nesta quarta-feira 27, na segunda rodada de negociação da Campanha 2014, em São Paulo. A rodada continua nesta quinta-feira 28, a partir das 9h, para discutir igualdade de oportunidades.

Insegurança

O Comando apresentou os dados da Pesquisa Nacional de Mortes em Assaltos envolvendo Bancos, feita pela Contraf-CUT e CNTV, com apoio do Dieese, mostrando que 32 pessoas foram assassinadas nos primeiros seis de 2014, uma média de cinco casos por mês, o que significa um aumento de 6,7% em relação a igual período de 2013. Os clientes representam 68,8%das vítimas, quase todos mortos em "saidinha de banco". 

Os dirigentes sindicais também mostraram os números da Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, elaborada pela Contraf-CUT, CNTV e Fetravisp, com apoio do Dieese. No primeiro semestre deste ano foram verificadas 1.693 ocorrências, sendo 403 assaltos e 1.290 arrombamentos, uma média de nove casos por dia, que representam um crescimento de 9,1% em relação ao mesmo período do ano passado. 

Esse número de assaltos é mais do que o dobro da estatística semestral da Febraban, que apurou 186 ocorrências no mesmo período. Os bancos questionaram a pesquisa do movimento sindical, feita com base em notícias da imprensa, dados disponíveis de secretarias estaduais de segurança e informações de sindicatos de bancários e vigilantes. "Como dissemos na mesa de negociação, estamos à disposição para conferir os números dos dois levantamentos para apurar essa grande diferença", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.

Gastos de segurança representam 8,6% dos lucros

O Comando e os bancos também divergiram a respeito dos despesas das empresas em segurança. Estudo do Dieese com base nos balanços das cinco maiores instituições financeiras mostra que elas gastaram R$ 2,4 bilhões em segurança e vigilância no primeiro semestre deste ano, para um lucro líquido de R$ 28,3 bilhões, o que representa uma média de 8,6%. 

Os bancos questionaram o número dos gastos, afirmando que ele não contempla despesas com transporte de valores. O Comando, então, propôs que os bancos sejam mais transparentes e detalhem os gastos com segurança nos seus balanços.

Projeto-piloto

O Comando e a Fenaban fizeram um balanço positivo do projeto-piloto de segurança bancária conquistado na Campanha 2012 e implantando em Recife, Olinda e Jaboatão de Guararapes. 

Segundo dados da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, o número de roubo a bancos caiu pela metade (de 16 para 8) entre janeiro a julho de 2014 em comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação à "saidinha de banco", o número de ocorrências também diminuiu de 131 para 113 no período, o que representa uma redução de 8,6%. 

Em razão desses avanços, os bancários agora querem incluir na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) as medidas testadas e aprovadas no projeto-piloto, tais como porta giratória com detector de metais, câmeras internas e externas, biombos em frente aos caixas, guarda-volumes e vigilantes armados e com coletes balísticos, de forma que sejam estendidos para agências e postos de atendimento em todo o país.

Os negociadores da Fenaban disseram que levarão a reivindicação para apreciação dos bancos.

Prevenção contra sequestros

O Comando enfatizou a necessidade de prevenção contra sequestros diante do alto número de casos em todo o país, cujas principais vítimas são gerentes e tesoureiros. "Defendemos o fim da guarda das chaves de agências e postos de atendimento por bancários ou por vigilantes, reivindicando que a abertura e o fechamento de cada estabelecimento sejam feitos por empresas especializadas em segurança ou então que isso seja realizado por controle remoto", destaca Ademir Wiederkehr, secretário de Imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária.

Os representantes dos bancos ficaram de verificar a possibilidade de estudar o assunto na mesa temática de Segurança Bancária.

Os dirigentes sindicais cobraram também o fim das demissões e a concessão de estabilidade no emprego para as vítimas de assaltos e sequestros por 36 meses. "O bancário demitido sofre dupla violência: é sequestrado e ainda perde o emprego", denuncia Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

"Para os bancos, o empregado tem sempre de comunicar os sequestros, mesmo que haja vidas em risco. Não concordamos com isso e nem a Justiça concorda. Eles já perderam muitas ações judiciais em que foram forçados a reintegrar trabalhadores demitidos nessas condições", completa a dirigente sindical.

No entanto, os bancos não concordaram com qualquer garantia de emprego, alegando que a demissão é um "procedimento disciplinar" de cada instituição em caso de descumprimento de normas internas de segurança. 

"E a proteção à vida dos familiares sob a ameaça de revólveres de bandidos não tem importância?", questionou Carlos Cordeiro, indignado com a insensibilidade e a indiferença dos bancos.

"Os bancos não estão preocupados com a vida dos bancários sequestrados e a de seus familiares, mas com a defesa do seu patrimônio e com as normas disciplinares", avalia o presidente da Contraf-CUT.

Assistência às vítimas de assaltos e sequestros

Além de mais equipamentos e medidas de prevenção, o Comando defendeu mais assistência às vítimas de assaltos, sequestros e extorsões. 

"Mais do que atendimento médico e psicológico, os bancos têm que fechar o estabelecimento em caso de assaltos e sequestros, dispensar do trabalho os empregados no dia da ocorrência, emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) aos empregados que presenciaram a ação criminosa e assumir os custos de remédios e de tratamento para restabelecer a saúde", ressalta Ademir.

Entretanto, os bancos não aceitaram as reivindicações apresentadas pelo Comando, frustrando a expectativa dos bancários.

Adicional de 30% de risco de morte

A exemplo dos vigilantes que conquistaram adicional de periculosidade de 30% dos salários, através da lei nº 12.740/2012 sancionada pela presidente Dilma Rousseff, o Comando reivindicou o pagamento do mesmo adicional para quem trabalha em agências, postos de atendimento e áreas de tesouraria. 

"Esses bancários atuam no mesmo espaço físico dos vigilantes, devendo também perceber o adicional de periculosidade pela atividade de risco onde trabalham", defende Ademir.

Os bancos, porém, não aceitaram a reivindicação.

Mais vigilantes

O Comando reivindicou o cumprimento da lei nº 7.102/83, que prevê no mínimo dois vigilantes por estabelecimento bancário, inclusive no intervalo de almoço, bem como a aplicação do plano de segurança aprovado pela Polícia Federal. 

O descumprimento tem sido uma das causas das multas aplicadas nas reuniões da CCASP. "Queremos a presença de vigilantes sempre que houver bancários e clientes nos bancos", salienta Ademir.

O Comando ainda criticou a abertura de agências de negócios sem vigilantes e portas giratórias. Trata-se de modelo de atendimento inseguro, que vem sendo combatido pela categoria, inclusive com ações judiciais.

Os representantes do Comando defenderam ainda o envio de cópia do Boletim de Ocorrência Policial (BO) dos assaltos e sequestros para o sindicato e a Contraf-CUT, como forma de acompanhar os casos. Mas os bancos negaram a demanda, alegando que se trata de informações confidenciais.

"Saímos frustrados da negociação de segurança. Os bancos mais uma vez mostraram que priorizam a gestão do lucro em detrimento da proteção à vida de trabalhadores e clientes. Precisamos mobilizar a categoria e a sociedade para conquistar mais segurança", conclui Carlos Cordeiro. 

Calendário de negociações da Campanha 2014

Agosto
28 - Segunda rodada de negociações com a Fenaban
29 - Segunda rodada específica com a Caixa

Setembro
1º - Segunda rodada de negociação específica com o BB
2 - Negociação específica com o Santander
3 e 4 - Terceira rodada de negociação com a Fenaban
10 e 11 - Quarta rodada de negociação com a Fenaban
12 - Terceira rodada de negociação específica com o BB


Fonte: Contraf-CUT

Mais Artigos...