Em ´Pombo Branco e as Crônicas da Casinha´, Rodrigo Smul destaca papel da arte como ferramenta de transformação social
O arte-educador e escritor de grafite Rodrigo Smul acaba de lançar, pela editora Coopacesso, o livro ´Pombo Branco e as Crônicas da Casinha´. A publicação aborda o trabalho de Smul durante seis anos na Fundação Casa, a antiga Febem, onde ministrou oficinas de grafite. No último dia 9 o autor esteve no Sindicato para apresentar a obra e conversar com o presidente da entidade, Gheorge Vitti.
Segundo Smul, de certa forma ele foi "forçado" a escrever o livro. E explica, de bom humor: todos os meses, precisava apresentar seus relatórios de aula e diários (que chama de ´diários de bordo´) para receber o salário. Após algum tempo, percebeu que as experiências e vivências ali transcritas poderiam se transformar em livro e ajudar pessoas. “Principalmente”, destaca, “os jovens periféricos que se envolvem com o crime já na própria quebrada”.
Assim, estudos, relatos e experiências (alguns ilustrados com fotos, sempre respeitando o direito à preservação da imagem e identidade do adolescente infrator) ganharam vida nas páginas de ´Pombo Branco e as Crônicas da Casinha´, valorizando o papel da arte-educação e a importância das Artes Visuais (principalmente o grafite) como ferramentas de transformação social na vida desses garotos, “muitas vezes vítimas da ausência de direitos básicos que o Estado deveria garantir”.
“Minha metodologia foi elaborada com alguns ex-internos que foram meus alunos nas oficinas. Desde os relatos até a ordem dos capítulos vamos adentrando o ´mundão´ desses jovens, em gírias, dialetos e costumes. Sempre com muita cautela, respeitando individualidades”, explica o autor, que conta ter procurado por projetos semelhantes, mas só encontrado artigos científicos, distantes da ideia de se “transmitir sensações e sentimentos amparados pela simplicidade e linguagem popular”.
A publicação também tem por objetivo extrapolar o noticiário que foca apenas em rebeliões ou represálias na Fundação Casa e mostrar que ali estão jovens que necessitam de humanidade e apoio. E as crônicas da “casinha” revelam a realidade não apenas na ótica dos adolescentes, mas também na de funcionários, professores, professoras e parceiros.
A expectativa de Smul é que esse seja “um projeto para ´furar a bolha´ da intelectualidade”. “Que o livro possa dialogar com todas as pessoas e lugares, sem distinção de classe social, objeto de estudo acadêmico e também popular”, afirma. Para adquirir seu exemplar entre em contato pelo celular 11966152169 - o número é também a chave Pix para compra, no valor de R$ 49,99.
O autor - Rodrigo Smul nasceu em 1979 em Santo André. Em seus desenhos e pinturas aborda o cotidiano, com foco na arte urbana. Como arte-educador atua em comunidades carentes ministrando oficinas de grafite, história em quadrinhos e ilustração, entre outras. É gestor cultural junto a movimentos de juventude e moradia pelo ABC e Grande São Paulo e continua a grafitar pelas cidades.