Por Eduardo Levado, Sueli Simoneli, Claudia Dias e Neco Ribeiro
Há mais de vinte anos, o Centro de Formação dos Bancários do ABC tem desenvolvido cursos preparatórios para os exames de certificação ANBIMA, e também cursos de apoio, projeção e formação profissional. Nesse período, profissionais têm obtido certificações com êxito no mercado financeiro e aprimorado conhecimentos em outras áreas de desenvolvimento, como Matemática Financeira (HP-12C), Técnicas de Negociações em Vendas, entre outros cursos e treinamentos.
O objetivo é a formação dos profissionais de maneira independente, sem influência de alguma instituição, para o conhecimento de produtos financeiros que possam orientar a indicação mais adequada para seus clientes investidores e ter ciência de suas responsabilidades perante a sociedade.
A qualificação prepara o profissional financeiro para oportunidades que se apresentam de maneira inesperada pelas necessidades do momento. Para tanto, é preciso focar na busca constante de novos conhecimentos. O mercado de trabalho tem passado por mudanças. Assim é preciso atenção às novas demandas.
As certificações constituem-se em um “selo de qualidade” do profissional importante para os exercícios de suas funções.
Neste sentido, em nosso artigo no livro “A Era Digital e o Trabalho Bancário: o papel do sistema financeiro e subsídios à ação sindical e às políticas públicas”, 431 pág., Editora Coopacesso (disponível em www.bancariosabc.org.br), recém lançado pelo Sindicato dos Bancários do ABC, fizemos algumas propostas sobre o tema.
A nosso ver, as instituições deveriam pagar para que o profissional faça o exame da certificação e pagar também para que ele/ela possa fazer curso preparatório que achar conveniente e, com isso, estar apto a prestar o exame para a certificação. O pagamento pela instituição se justifica porque, com a certificação em exercício, o empregado estará à frente da instituição financeira, representando a mesma.
O profissional certificado é um diferencial para o mercado financeiro. Desta forma, o profissional deveria receber um bônus de mérito por ter atingido a “grau de certificação” - portanto ser reconhecido como tal em termos de remuneração.
O Brasil tem instituições financeiras que se destacam no mercado internacional. Mas nada disso é válido se for à custa de sobrecarga de trabalho, metas abusivas, etc. Instituições fortes e sustentáveis são aquelas que podem ser acompanhadas e fiscalizadas, não apenas pelos números dos seus balanços, mas também pela qualidade no trato com o funcionário.
Para exercer sua função, o funcionário, como determina a certificação, tem que ter treinamento adequado, carga horária compatível para uma qualidade de vida saudável, e, principalmente, ter autonomia na gestão de sua carteira de cliente, podendo dar a orientação correta de investimento para seu cliente. Ao contrário disso, hoje o funcionário é muitas vezes obrigado a cumprir metas direcionadas, com produtos pré-selecionados. As instituições participantes da ANBIMA, que adotam a exigência de que seus profissionais tenham certificação para atuar na venda de produtos de investimentos, já têm a obrigação de seguir normas rígidas de conduta perante o mercado de investimento. A inobservância de tais regras é passível de punições, tais como advertência, publicação nos meios de comunicação, multa pecuniária e até o desligamento da associação. Entretanto, o público em geral, e mesmo os funcionários das instituições, desconhecem por completo isso. E tampouco sabem como denunciar a instituição, caso percebam que ela não está agindo de acordo com as normas de autorregulação da ANBIMA.
Assim, as instituições devem tornar transparentes as informações sobre regras e normas de condutas e disponibilizar meios onde o cidadão possa denunciar de forma independente a instituição diretamente para a ANBIMA. Um selo de responsabilidade pode ser uma forma de mostrar ao público em geral que as instituições participantes seguem as referidas normas e regras de conduta ANBIMA. O selo deve ser amplamente divulgado por meio de campanhas educativas, meios de comunicação, entidades de classes, etc.
O mercado financeiro é dinâmico. A atualização de conhecimento é necessária. Entretanto, o bancário não deve perder a validade da certificação adquirida. A ANBIMA deve proporcionar ao profissional acesso ao site da mesma, para fazer treinamento de atualização.
Este artigo foi escrito por Eduardo Levado, Sueli Simoneli, Claudia Dias e Neco Ribeiro, professores do Centro de Formação dos Bancários do ABC. O artigo deverá ser reproduzido na íntegra na 18ª Carta de Conjuntura de Conjuntura da USCS.