Riqueza não se reverte em investimentos para beneficiar funcionários, clientes e usuários
Os grandes bancos começam a divulgar seus resultados do primeiro trimestre do ano, e o que se vê é alta lucratividade mais uma vez, embora o número de agências bancárias venha sendo reduzido. O primeiro a apresentar seu balanço foi o Bradesco, que lucrou R$ 6,2 bilhões no 1º trimestre, um crescimento de 22,3%, em relação ao mesmo período de 2018 e de 7,0% se comparado com o trimestre passado.
Em seguida veio o Santander, com lucro de R$ 3,485 bilhões no período. Isso significa um crescimento de 21,9% em relação ao mesmo trimestre de 2018. O ganho do banco espanhol obtido no Brasil representou 29% do rendimento global, que foi de € 1,840 bilhões (com alta de 10,4% no período). Já o Itaú obteve lucro líquido recorrente de R$ 6,9 bilhões, crescimento de 7,1% em relação ao mesmo período de 2018 e de 6,2% no trimestre.
Análises - Estudos feitos pelos economistas do Dieese mostram que os bancos até fizeram contratações, mas em número inferior aos cortes ocorridos. Tome-se o caso do Itaú, que encerrou o 1º trimestre de 2019 com 86.204 empregados no País. Embora tenha aberto 361 novos postos de trabalho em doze meses, fechou 597 no último trimestre do ano.
As instituições também reduziram gastos investindo no modelo digital, com fechamento de agências: o Bradesco, por exemplo, fechou 114 agências e 54 postos de atendimento (PA) em relação ao mesmo período de 2018 e, o Itaú, 60 agências. “O que sabemos é que no dia a dia do bancário a pressão e o assédio só aumentam, e os bancos ganham com isso, porque têm menos funcionários, fecham agências e até estimulam um trabalho que chamam de voluntário, como vem acontecendo no Santander, mas não é de fato. Quem perde é o trabalhador e a sociedade”, aponta o presidente do Sindicato, Belmiro Moreira.
Mesmo com lucratividade alta, praticamente todos os dias há um representante dos banqueiros na mídia fazendo elogios à cruel proposta da reforma da Previdência. “Naturalmente querem ganhar com essa tragédia, vendendo previdência privada ou até capitalização, que é uma das propostas possíveis para prejudicar ainda mais os trabalhadores brasileiros”, avalia Belmiro.