Antes de combater qualquer outra, é preciso respeitar a nossa
Quase toda a geração que cresceu sob a ditadura civil-militar teve que hastear a bandeira do Brasil na escola e aprender sobre o respeito aos símbolos pátrios – a bandeira, o hino, o selo e o brasão das armas nacionais. Pouca gente gostava, mas nem de longe era o pior daquele triste período.
Pois bem. Hoje, com a eleição de Bolsonaro para presidente, o Brasil voltou a ter muitos militares em postos-chave no governo (inclusive dentro de bancos públicos), mas parece que nacionalismo anda em baixa. Exemplo disso é o vídeo em que o filho do presidente aparece limpando suas “lágrimas” na bandeira nacional, o que, para quem não sabe, fere a lei de 1971 que trata destas questões.
Está lá, no 31º artigo, inciso III, que entre as manifestações consideradas como desrespeito à bandeira (e portanto proibidas) estão “usá- la como roupagem, reposteiro, pano de boca, guarnição de mesa, revestimento de tribuna, ou como cobertura de placas”. Obviamente, não serve como lenço também.
Bolsonaros e seus aliados falaram exaustivamente em combater a “bandeira vermelha” durante a campanha eleitoral, uma cor que nunca apareceu como símbolo do País. O pai, Jair, bate continência para a norte-americana, mas, ao que parece, não ensinou em família a respeitar a brasileira, que tem representadas em suas cores a beleza e riqueza brasileiras (azul dos rios e do céu; amarelo e verde do ouro e da floresta) e o desejo de paz (branco).
O vídeo de Bolsonaro filho secando suas “lágrimas” é de setembro, mas só viralizou na semana passada. A exemplo do que ocorreu com os rituais nacionalistas da ditadura, porém, nem de longe parece ser esse o seu pior problema – vide caso Queiroz e, mais recentemente, a correlação com a morte da vereadora Marielle Franco, já que Flavio Bolsonaro empregou a mãe e a mulher de um dos suspeitos, Adriano Magalhães.
Os Bolsonaro sempre fizeram elogios aos milicianos, cuja bandeira não é verde, nem amarela nem vermelha. É a bandeira da morte, do crime, da ilegalidade e do terror que, infelizmente, nesse momento parece se sobrepor a todas as demais.