Área restrita

Bancos fecham recorde de 1,5 mil agências no Brasil em 2017

Notícias
Tipografia

Instituições devem desacelerar fechamentos neste ano, segundo executivos; demissões no setor chegaram a mais de 17 mil em 2017

O sistema financeiro brasileiro fechou um recorde de quase 1,5 mil agências em 2017. Segundo dados do Banco Central, os bancos encerraram o ano passado com 21.062 agências em funcionamento, 1.485 a menos do que em 2016, a maior redução da série.

O movimento foi liderado pelo Banco do Brasil, que sozinho fechou 670 agências, dentro de um processo de redução de custos que também envolveu um programa de demissão de voluntária (PDV) para cerca de 10 mil empregados.

O Bradesco encerrou 564 agências, em meio ao forte esforço de ajuste após a compra do HSBC, em 2016, operação que acrescentou cerca de 850 postos físicos ao grupo. A rede do Itaú Unibanco diminuiu em 125 postos e a Caixa Econômica Federal encerrou 18 agências. O Santander Brasil foi o único entre os cinco maiores do País a ampliar a rede, com 3 agências a mais.

Embora o pano de fundo desse movimento, o foco no ganho de eficiência e redução de custos, deva seguir uma ênfase dos bancos para este ano, com previsão de que os custos administrativos cresçam no máximo a inflação do período, o ritmo de redução de agências deve diminuir, ou até parar, segundo presidentes destas empresas.

"Há uma vantagem competitiva em ter uma rede de agências ampla como a que temos", disse nesta semana Octavio de Lazari, no dia em que foi nomeado futuro presidente-executivo do Bradesco, cargo que deve assumir em março.

O Itaú Unibanco, que nos últimos anos tem feito investimentos relevantes para multiplicar sua base de agências digitais, que atendem os clientes remotamente, também deverá moderar no ajuste da rede física, após ter fechado 380 unidades nos últimos três anos, entre agências e postos de atendimento, mesmo com a incorporação de uma rede de cerca de 70 postos com a compra do Citi, também em 2017.

"Não vamos fechar grande número de agências num futuro próximo", disse o presidente-executivo do Itaú Unibanco, Candido Bracher, durante apresentação na terça-feira sobre os resultados do quarto trimestre.

O BB, após a forte contração da rede física em 2017, passou a fazer ajustes na sua estrutura, definindo fechamento ou abertura de agências por questões pontuais, como segurança. A exemplo do que já fizera no ano anterior, fechou algumas unidades em cidades do Nordeste que foram várias vezes alvos de explosões.

"Nestas cidades, continuamos atendendo clientes por meio de unidades do Banco Postal", disse um alto executivo do banco sob condição de anonimato, referindo-se à parceria que o BB tem com os Correios para serviço de correspondente bancário.

A desaceleração dos bancos no ritmo de redução da estrutura de agência ocorre no momento em que as instituições financeiras têm preferido esperar para decidir qual o melhor uso dessas estruturas. Segundo executivos dos próprios bancos, há limites para negócios financeiros que operam apenas com canais digitais, já que oportunidades de interação com os clientes são perdidas.

"Temos que pensar como usar melhor esses espaços de forma mais integrada com os canais digitais e que gerem mais negócios", disse Maurício Minas, vice-presidente responsável por TI no Bradesco.

Além de fechar agências os bancos também tiveram lucros altíssimos no ano passado, embora tenham demitido 17.905 postos de trabalho em 2017, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Fonte: Reuters, com edição

BLOG COMMENTS POWERED BY DISQUS