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Campanha nacional “Se é público, é para todos” é lançada no Rio com a participação de Lula

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Bancários do ABC participaram do evento representando a Região

IMG-20160606-WA0066[1]O lançamento da campanha “Se é público, é para todos”, nesta segunda, 6, na Fundição Progresso, Rio de Janeiro, foi marcado pela realização de debates sobre a valorização do bem público – empresas, serviços, patrimônio, políticas, espaços e tudo mais que se constitui em riqueza do e para o povo brasileiro. Organizado pelo Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas, teve a presença do ex-presidente Lula e reuniu intelectuais, especialistas e dirigentes dos movimentos sindical e social, que denunciaram o governo golpista de Michel Temer como um grande incentivador de privatizações, sucateando o que é da sociedade para atender a interesses de grupos financeiros nacionais e estrangeiros. Os bancários do ABC estiveram representados no ato pelos diretores do Sindicato.

Em pauta, portanto, estiveram questões como os projetos de lei que determinam o fim das empresas públicas (como o PL 4918, anterior PLS 555), do pré-sal (PL4567) e dos fundos de pensão (PLP 268), entre vários outros. Duas rodas de debate com questões abertas aos participantes foram realizadas durante a tarde (leia mais sobre essas discussões abaixo), e a mais forte palavra de ordem, depois do mote da campanha, foi “Fora, Temer!”. À noite, com a presença de Lula (leia mais abaixo) participaram do ato político representantes da CUT, CTB, Intersindical, FUP, Fenae e Contraf-CUT.

Na avaliação da coordenadora do Comitê e diretora do Sindicato, Maria Rita Serrano, o evento, pelo qual passaram cerca de duas mil pessoas durante, superou expectativas e é um grande estímulo na luta contra o governo golpista de Michel Temer. “Daqui vamos sair mais fortes para resistir ao golpe, porque onde tem empresa pública tem desenvolvimento”, afirmou, lembrando a luta contra o PLS 555 (Estatuto das Estatais, hoje PL 4918) que deu origem ao comitê e agora se expande a demais setores públicos. Os próximos passos da campanha nacional serão discutidos em reunião das entidades que integram o comitê nacional, e divulgados em breve neste site e demais publicações parceiras. Também está prevista a edição de um jornal específico sobre o lançamento da campanha “Se é público, é para todos”.

Valorizar o público é fomentar desenvolvimento e cidadania, destacam debatedores

Na primeira mesa de debates do evento "Se é público, é para todos", aberta por volta das 15h, o geólogo e ex-diretor da Petrobras, Guilherme Estrella, apresentou dados sobre a origem e desenvolvimento da empresa e destacou a grande importância do pré-sal para o País. “As empresas estatais são a ferramenta do povo brasileiro para construir a soberania nacional”, apontou. “E se não dermos um basta (no governo golpista) serão vendidas a estrangeiros”, alertou.

Na sequência, o advogado tributarista Ricardo Lodi abordou o golpe contra a presidenta da República afastada Dilma Rousseff, apontando que “todos os analistas sobre desigualdade social destacam os governos Lula e Dilma como um grande exemplo a ser seguido”, e que nesse momento a sociedade tem apenas dois caminhos: lamentar ou se levantar contra um governo golpista que pretende excluir trabalhadores, negros, mulheres e grupos LGBT, entre outros. O cientista político Emir Sader, por sua vez, destacou a importância dos bancos públicos, igualmente na mira dos golpistas. “Temer quer fechar 400 agências da Caixa. Alguém aqui acredita que o Bradesco ou o Itaú vão financiar moradia para pobres?”, questionou.

Mulheres – Como não podia deixar de ser, a questão da cidadania ganhou relevância nos debates da Fundição. Na abordagem ao significado do termo ´público´, a filósofa Márcia Tiburi afirmou que o novo governo e sua equipe o desprezam - remetendo, por exemplo, à participação feminina. “Se nós, mulheres, não estamos presentes com nossos corpos e ideias nos espaços de poder, então esse espaço não é ‘público’ e nos silencia”, avaliou. Outra mulher presente, a deputada federal Jandira Feghalli, adicionou ao debate a questão dos meios de comunicação no Brasil, hoje dominados por não mais do que seis famílias. “É uma dívida da esquerda não ter enfrentado ainda esse monopólio, porque a comunicação é irmã gêmea da educação e da cultura como instrumento transformador”, comparou.