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Mês da Consciência Negra nos ajuda a refletir sobre uma luta que não termina: combate ao Racismo

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Luta pela igualdade social e combate ao racismo avança, mas ainda está longe de maiores conquistas

Mesconsciencianegra2022Neste mês de novembro é celebrado a luta contra a desigualdade racial no Brasil, pois, em 20 de novembro celebramos o Dia Nacional da Consciência Negra. Essa data relembra a morte de Zumbi dos Palmares, último líder do quilombo dos Palmares, assassinado em 1695. Há décadas o mês de novembro tem se tornado referência para atividades que inspiram a luta e a resistência do povo negro, que historicamente sofre com o racismo nas diversas esferas da sociedade.

Foi em 1971 que um grupo de jovens negros se reuniu no centro de Porto Alegre para pesquisar a luta dos seus antepassados e questionar a legitimidade do 13 de maio, data da assinatura da Lei Áurea, como referência de celebração do povo negro. No lugar, sugeriram o 20 de novembro, dia da morte de Zumbi dos Palmares, para destacar o protagonismo da luta dos ex-escravizados por liberdade e gerar reflexão para as questões raciais. A semente plantada ali é um dos marcos da constituição dos movimentos negros e está na raiz do Dia da Consciência Negra.

Apesar de alguns pequenos avanços no combate ao racismo em nosso país nos últimos anos, ainda estamos muito longe de estabelecer a igualdade social entre negros e brancos. “O racismo é a mais grave violação de Direitos Humanos no Brasil, e está diretamente ligado a formação de nossa sociedade. Segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o povo Negro representa 54% da população Brasileira e 75% da população pobre é Negra”, diz Anaide Silva, diretora do sindicato e funcionária do Bradesco. “Em um país cuja história foi marcada pela escravidão, a situação da população negra deve ser sempre olhada atentamente. Onde moramos? Quais postos de trabalho ocupamos? Temos acesso à educação? Todas essas perguntas estão indissoluvelmente ligadas ao nosso passado e ao futuro para onde caminhamos”, questiona Anaide.

Política

Um dos problemas que ainda está longe de ser resolvido é a questão da participação da população negra na política brasileira. Para se ter uma ideia, Nas eleições deste ano, entre senadores, deputados federais e estaduais, foram eleitos 514 parlamentares autodeclarados negros (pretos e pardos) no Brasil. Em nenhuma das três esferas do Poder Legislativo, porém, o número de pessoas negras eleitas se equiparou à proporção da população preta e parda no país — que é de 55,8%. Na Câmera, os negros eleitos passam a ser cerca de 26%, nas assembleias legislativas estaduais, na média 35%; e no Senado, 22%.

“Se antes não houveram políticas de assistência e inserção na sociedade direcionadas, principalmente, ao povo preto e pardo, elas devem ser construídas a partir de agora. O debate entorno dessas problemáticas têm crescido dia após dia, mas nossas ações devem acompanhar esse discurso também. Por isso é fundamental uma maior participação negra na política e em cargos públicos”, disse a diretora do Sindicato.

Violência

Outro fator que preocupa muito a população negra é a violência. Segundo o estudo ‘Violência armada e racismo: o papel da arma de fogo na desigualdade social’, do Instituto Sou da Paz, 78% das vítimas de assassinato por agressão armada são pessoas negras e, de acordo com Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, homens negros jovens e de baixa escolaridade são as principais vítimas de mortes violentas no País.  Os negros possuem chances 23,5% maiores de serem assassinados em relação a brasileiros de outras raças, já descontado o efeito idade, escolaridade, do sexo, estado civil e bairro de residência.

 “Esses dados são de alarmar e, enquanto isso, manifestações de nazifascismo crescem no país e não são casos isolados. Nesse sentido, a realização de um grande 20 de novembro é crucial para o avanço do movimento negro. É uma data para lembrarmos quem compõe a maior parte do nosso país, de que cor são nossos braços e pernas e as mãos que constroem nossos edifícios”, finaliza Anaide.

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