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58 anos do golpe civil-militar e um miliciano na presidência

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Não há como se pensar o futuro do Brasil sem o fortalecimento da democracia

 

Artigo58anosgolpecivilmili0104A instauração da ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985) completa 58 anos. O País, que já teve comissões da verdade instaladas em várias cidades para apurar as violações cometidas durante o período, além da nacional, se vê hoje presidido por um apoiador da tortura e de torturadores. Bolsonaro enaltece essa prática terrível, proibida pela Constituição, e disse, ontem, que o Brasil seria uma “republiqueta” sem ter passado pelos anos em que ficou distante da democracia.

O fato é que, segundo o levantamento da Comissão Nacional da Verdade (CNV), 434 pessoas foram mortas ou desapareceram nesse triste período. Relatos de torturas também estão disponíveis para quem quiser ler; ou seja, não há como mudar a história, que é recente e tem vivos ainda muitos de seus protagonistas.

Infelizmente, diferentemente de países como a Argentina ou o Chile, o Brasil não puniu seus torturadores, amparado pela lei da Anistia. Se tivesse julgado - e punido - certamente Bolsonaro não teria como opção o negacionismo, poderia sair algemado do Congresso ao elogiar o coronel torturador Brilhante Ustra (no impeachment da presidenta Dilma Rousseff) e, claro, jamais seria eleito para presidir um país que virou a página e pode acertar suas contas com justiça.

O fato, também é bom lembrar, é que as obras faraônicas do período militar destacadas pelo presidente para tentar defender o indefensável foram focos de corrupção e enriquecimento ilícito. Com a imprensa sob censura, tais desvios não chegavam a ser apurados ou divulgados. Praticamente todos os serviços públicos (educação, saúde, segurança) sofreram com corrupção e tiveram declínio na ditadura, e as consequências estão aí até hoje.

Nesses anos terríveis de escuridão, mortes, desaparecimento e falta de liberdade, o Grande ABC teve vários representantes de resistência ao golpe, especialmente operários, mas também estudantes, religiosos, artistas. Entre eles os irmãos da família Carvalho (Daniel, Devanir, Joel e Derly, este último falecido recentemente). São histórias de vida que estão registradas em publicações, vídeos, estudos acadêmicos, e disponíveis em centros de memória e faculdades da região.

Conhecer o passado para não repeti-lo é condição básica para se pensar o futuro. Mas para se pensar o futuro também é preciso ter liberdade, exercer a cidadania, garantir direitos, votar. Nada disso é possível numa ditadura. E com certeza fica muito difícil com um miliciano no comando do País.

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