Para o movimento sindical, apesar da redução nos casos resultante da vacinação, ainda não é hora de retornar ao trabalho presencial nem de abandonar o uso de máscaras
O Brasil chegou ao trágico patamar de 600 mil pessoas mortas pela covid-19, resultado não só da gravidade da pandemia, mas também de uma vacinação tardia, divulgação de fake news, denúncias de corrupção e uso de medicamentos ineficazes, num cenário macabro que exige a apuração de responsabilidades. Ao mesmo tempo, chegou à etapa em que se inicia o relaxamento das medidas protetivas (como uso de máscaras, por exemplo) e o retorno ao trabalho presencial.
Apesar de os números apontarem redução na média de mortes, os especialistas alertam que ainda não é hora do “liberou geral”. Um dos motivos é que a imunidade coletiva – quando ao menos 70% da população está imunizada - ainda não foi atingida no País, e abrir estádios de futebol, shows e outras formas de atividades que promovem aglomeração é trazer de volta o risco do aumento de casos e mortes pela doença. Além disso, há ainda a circulação da variante Delta, aumentando as ocorrências.
Teletrabalho - Na categoria bancária a questão do retorno ao trabalho presencial vem sendo discutida e negociada com os bancos. “Entendemos que ainda não é hora de promover a volta ao presencial, justamente pela necessidade de maior amplitude na vacinação, chegando à imunização coletiva”, aponta o presidente do Sindicato, Gheorge Vitti, acrescentando que essa é a orientação dos organismos nacionais e internacionais de saúde.
O teletrabalho foi negociado pelo movimento sindical bancário logo no início da pandemia e possivelmente salvou e vem salvando muitas vidas. Segundo pesquisa apresentada na última conferência nacional da categoria, entre os bancários e bancárias que ficaram em teletrabalho 77% não apresentaram diagnóstico positivo de covid-19 e 23% foram contagiados. No entanto, entre os que não estiveram em teletrabalho, o percentual de contaminados foi de 38%.
Máscaras - A flexibilização de medidas protetivas também não deve ocorrer, no entendimento de especialistas de saúde e do movimento sindical. Nesta semana, a cidade Duque de Caxias (RJ) anunciou a desobrigação do uso de máscaras, e estados como São Paulo também acenam com a possibilidade. No entanto, é justamente a combinação de vacina, máscara e a limpeza com álcool gel que vem garantindo menores patamares de casos de covid-19.
O Brasil registrou a primeira morte por covid-19 no dia 12 de março de 2020, em São Paulo. Foram 149 dias até o País registrar a vítima número 100 mil, em 8 de agosto do mesmo ano. Depois de 152 dias da marca, foi a vez do óbito 200 mil, em 7 de janeiro de 2021. Em seguida, foram apenas 76 dias para a chegada da morte 300 mil (24 de março) e 36 para a 400 mil (29 de abril). Com a aceleração da vacinação no País, o ritmo de mortes começou a diminuir. Foram 51 dias entre o registro da vítima número 400 mil e a 500 mil, em 19 de junho. Até a marca dos 600 mil foram 110 dias.