Cesta básica mais cara de setembro foi a de São Paulo; maioria das categorias não tem conseguido reposição nem aumento real
O aumento no preço dos alimentos já vem sendo sentido pelos brasileiros, e a situação não foi diferente em setembro, segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos realizada mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em 17 capitais. O estudo envolveu 17 capitais e constatou que a cesta mais cara foi a de São Paulo (R$ 673,45), seguida pelas de Porto Alegre (R$ 672,39), Florianópolis (R$ 662,85) e Rio de Janeiro (R$ 643,06).
As maiores altas do mês foram registradas em Brasília (3,88%). Campo Grande (3,53%), São Paulo (3,53%) e Belo Horizonte (3,49%). As capitais com quedas mais intensas foram João Pessoa (-2,91%) e Natal (-2,90%). No entanto, ao se comparar setembro de 2020 a setembro de 2021 o preço do conjunto de alimentos básicos subiu em todas as capitais que fazem parte do levantamento.
Tomando como base a cesta mais cara do mês, São Paulo, o Dieese estima que o salário-mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 5.657,66, o que corresponde a 5,14 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100,00. Esse cálculo é feito levando em consideração uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças.
A situação fica ainda pior se for considerado também o aumento no preço de outros produtos e insumos, como gás de cozinha e os combustíveis, por exemplo. O noticiário já registra mortes e acidentes causados pela falta do gás para cozinhar, com a utilização de substitutos como o álcool. E, no caso dos combustíveis, os reflexos da alta se espalham para muitos outros serviços, aumentando custos para toda a sociedade.
Há, ainda, o agravante da defasagem salarial em relação ao aumento dos preços. A crise econômica foi agravada pela pandemia do coronavírus, mas se amplia também pela péssima gestão do governo Bolsonaro (ex-PSL) e seu ministro da Economia, Paulo Guedes – que, agora se comprova, prefere investir seu dinheiro fora do País que deveria ao menos tentar administrar com vistas ao desenvolvimento.
“É um governo sem qualquer política de geração de emprego e renda e totalmente distante das necessidades da população. Infelizmente, hoje, ao mesmo tempo em que a inflação acelera, o que verificamos é que muitas categorias não conseguiram essa reposição na negociação deste ano, o que corrói os salários. É mais uma prova do acerto da categoria bancária em firmar o acordo de dois anos, que garantiu reposição da inflação e aumento real”, afirma o presidente do Sindicato, Gheorge Vitti.
Estudo - A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA) foi implantada em São Paulo em 1959, a partir dos preços coletados para o cálculo do Índice de Custo de Vida (ICV) e, ao longo dos anos, foi ampliada para outras capitais. Hoje é realizada em 17 Unidades da Federação e permite a comparação de custos dos principais alimentos básicos consumidos pelos brasileiros.
O banco de dados da PNCBA apresenta os preços médios, o valor do conjunto dos produtos e a jornada de trabalho que um trabalhador precisa cumprir, em todas as capitais, para adquirir a cesta. Os dados permitem a todos os segmentos da sociedade conhecer, estudar e refletir sobre o valor da alimentação básica no País.
Para mais detalhes e informações sobre o estudo acesse o link:
https://www.dieese.org.br/analisecestabasica/analiseCestaBasica202109.html