Movimento Olga Benário busca doações para viabilizar espaço, e tem o apoio do Sindicato
O movimento de mulheres Olga Benário ocupou, no último fim de semana, um imóvel na cidade de Santo André, para que seja construída ali uma casa de passagem para mulheres vítimas de violência. A ocupação foi anunciada em 25 de julho, quando se comemora-se o Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, e o local recebeu o nome Casa Carolina, em homenagem à escritora negra Carolina Maria de Jesus.
“As políticas públicas voltadas para as mulheres são insuficientes na cidade e na região, e estamos assistindo a um aumento da violência contra elas também no ABC paulista”, aponta a coordenadora da Casa, Laura Santana. O imóvel ocupado já deu início a uma programação que ontem (26) incluiu café comunitário, mutirão de limpeza, almoço solidário e reuniões para organização. Na região ele se soma a outro também ocupado na cidade de Mauá para criação de casa de referência às mulheres em situação de violência, e que leva o nome Helenira Preta II.
“Não dá mais para esperar, é uma luta pela vida das mulheres, que além da violência ainda enfrentam outros problemas, como desemprego, falta de moradia, carestia, fome...”, destaca Laura. Ela explica que o local ocupado está abandonado há mais de dez anos, com dívidas de IPTU; ou seja, não cumpre função social nenhuma.
A necessidade, agora, é construir uma rede de apoiadores para consolidação do espaço e atendimento efetivo. Também se pode colaborar com doações, principalmente de itens como colchões, cobertores, beliches, berços, fogão, geladeira, mantimentos e água potável para que se possa criar a estrutura de acolhimento. Ou, ainda, pelo PIX 4423997825.
O Sindicato apoia as ocupações e destaca a necessidade de construção destes espaços, já que as mulheres têm sido as principais vítimas da pandemia, em especial no que diz respeito à violência. Os diretores sindicais Anaide Silva e Otoni Lima participaram ontem de reunião com as representantes da ocupação para oferecer solidariedade. “Nosso Sindicato é cidadão, e combater a violência contra as mulheres deve ser prioridade”, aponta Anaide.
Os bancários têm uma grande conquista nesse debate: na Campanha Nacional de 2020 a categoria garantiu a inclusão, na Convenção Coletiva de Trabalho, de cláusulas que tratam da prevenção à violência contra a mulher. Entre as medidas estão um canal de apoio à bancária vítima de violência e sua realocação em outro local de trabalho, garantindo sigilo, além de linha de crédito ou financiamento especial.
Dados
O Brasil é o 5º país do mundo que mais mata mulheres. Só no último ano uma em cada quatro sofreu violência, a maioria por parceiros ou ex-parceiros. No primeiro semestre de 2020 foram vítimas de feminicídio 631 mulheres, a maior parte negras. Pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que, no total, 17 milhões de brasileiras foram agredidas em 2020.
Das cidades brasileiras apenas 2,4% contam com casas-abrigo e 7% com delegacias especializadas em crimes contra as mulheres, mas a maioria não atende à noite ou finais de semana. Além disso, nos últimos anos se observa um sucateamento das políticas existentes, com cortes de verbas e extinção de secretarias municipais de mulheres, por exemplo.
Alguns desses dados constam também de manifesto em defesa da Casa Carolina, que pode ser assinado em
https://docs.google.com/forms/d/1MctYBNmALFfK9IOGfoNzEhPXblk46sZH5q-R7e6qh3Y/viewform?edit_requested=true
APOIE A CASA:
Faça doações no endereço: Av Dom Pedro I, nº 935/939 - Vila América - Santo André.
Ou pelo PIX: 44239972825