Entre elas está a venda de uma carteira de crédito do Banco do Brasil para o banco por apenas 10% do valor
Uma decisão da 32ª Vara Cível do Rio de Janeiro, na última sexta (29), obrigou o Jornal GGN, editado pelo jornalista Luis Nassif, a retirar do ar 11 matérias sobre o banco BTG Pactual, sob pena de multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento. Determinada pelo juiz Leonardo Grandmasson Ferreira Chaves, a censura também se aplica a publicações futuras.
As reportagens, escritas por Nassif e pela jornalista Patricia Faermann, revelam desde o favorecimento em licitação da Zona Azul da Prefeitura de São Paulo até a venda de “créditos podres” do Banco do Brasil ao BTG Pactual. Criado em 1983, o banco tem entre os seus fundadores o atual ministro da Economia, Paulo Guedes.
O movimento sindical também já havia denunciado a venda de uma carteira de crédito do Banco do Brasil para o banco BTG Pactual por apenas 10% do valor. A Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (ANABB) pediu uma investigação ao Tribunal de Contas da União sobre a operação de venda da carteira em julho passado.
A carteira de crédito do BB era avaliada em R$ 3 bilhões, de acordo com reportagens publicadas também pelo GGN. E foi vendida ao BTG Pactual por R$ 371 milhões, levantando as suspeitas de favorecimento. “O que está por trás dessa operação? O plano de privatização do banco?”, questiona o diretor sindical Otoni Lima.
Sem avaliar o mérito das denúncias apresentadas, o juiz classificou-as como “notícias levianas”, que causariam dano à “honra objetiva” do banco. Com capital aberto, as reportagens poderiam arranhar a “imagem” da instituição, considerada como “patrimônio” de seus acionistas.
A censura ao GGN também foi repudiada por jornalistas e políticos da oposição. Portais como Viomundo, Brasil 247, Revista Fórum, Diário do Centro do Mundo, Jornalistas Livres, dentre outros, denunciaram a decisão.
Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, as questões suscitadas pelo veículo a respeito das transações suspeitas do BTG Pactual “merecem apoio, jamais censura”. Já a ex-presidenta Dilma Rousseff afirmou que a decisão do juiz Ferreira Chaves “afronta a Constituição”. Por outro lado, o jornalista José Trajano frisou se tratar de um assunto “ignorado pela grande mídia”.
Devido ao caso de censura, “BTG Pactual” foi um dos termos mais comentados do Twitter na manhã desta segunda-feira (31). Os usuários manifestaram solidariedade a Nassif e divulgaram os casos suspeitos envolvendo o banco.
O Jornal GGN vai recorrer da decisão no Supremo Tribunal Federal (STF). O recurso deverá contar com o apoio da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e do Instituto Vladimir Herzog.
Com informações da Rede Brasil Atual e edição