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Bancárias conquistam canal de atendimento a vítimas de violência

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Comando Nacional e Fenaban assinaram acordo nesta quarta, 11

Bancárias de todo o Brasil vão contar com um canal de atendimento exclusivo para vítimas de violência. O acordo foi assinado no último dia 11pelo Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). A partir dessa data os bancos têm 30 dias para implementar o canal, que prevê a orientação a gestores e demais empregados, acolhimento às vítimas por equipe devidamente preparada e medidas protetivas.

Dentre as medidas que poderão ser adotadas pelos bancos estão a transferência da trabalhadora, com garantia de sigilo sobre o local de destino; a flexibilização de seu horário de trabalho para protegê-la do agressor e concessão de linha de crédito especial às vítimas. Também é assegurada à bancária a confidencialidade sobre a denúncia.

O canal de apoio é uma reivindicação da categoria negociada desde março de 2019. “É uma conquista e um importante avanço no tratamento desse problema, que é gravíssimo no Brasil. O acordo abre caminho para que outras categorias também busquem seus canais, e revela mais uma vez a importância da ação de sindicatos comprometidos com seus trabalhadores e trabalhadoras”, destaca a diretora sindical Inez Galardinovic.

O Brasil carrega a triste realidade de ser o 5º país no ranking mundial de feminicídio, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). Outros levantamentos confirmam esse quadro brutal: segundo o Atlas da Violência de 2019, produzido pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 13 mulheres são assassinadas por dia no Brasil, ou seja, uma a cada duas horas. Estudos mostram ainda que 85% dos casos de violência contra a mulher ocorrem dentro de casa.

Metade da categoria bancária é formada por mulheres, e elas também são vítimas dessa cultura machista e de violência. O problema muitas vezes acaba resultando na demissão dessas trabalhadoras, já que traz consequências na produtividade.

A presidenta da Contraf-CUT, Juvândia Moreira, também coordenadora do Comando dos Bancários, salientou outro aspecto importante do acordo. “O documento é uma declaração de repúdio à violência contra a mulher. E é importante que os bancos assinem essa declaração e se comprometam com o combate a essas estatísticas”, afirma.

O diretor de Políticas de Relações Trabalhistas e Sindicais da Fenaban, Adauto Duarte, também celebrou a importância do acordo. “Diante da violência doméstica, a bancária reage de duas formas: ela tem vergonha e também tem medo da reação do empregador. E quando o Comando trouxe para mesa de negociação que essa estatística pode estar do nosso lado, isso nos aproximou do problema e nos tornamos parte em seu combate”, disse.

Cerimônia - A assinatura do acordo foi precedida de palestra da qual participou a ativista LGBT Rita Von Hunty. Rita comparou os dados do coronavírus com as estatísticas de feminicídio no Brasil. “A OMS acabou de decretar uma pandemia de coronavírus no mundo. No Brasil, em 2017, houve 3.739 assassinatos de mulheres motivadas por crimes passionais, ou seja, mais de 10 por dia ao ano. Nenhum país está registrando 10 mortes ao dia por coronavírus, mas ele está o tempo todo na mídia. Por que então o feminicídio não está na mídia da mesma forma alarmante?”, questionou.

Rita também destacou que os papéis de homem e mulher são ditados pela sociedade, e que os homens podem igualmente ser vítimas dessa construção social que os associa a duros, corajosos, provedores. “A masculinidade tóxica também faz do homem uma vítima”, apontou.

Outra palestrante da solenidade foi a economista Adriana Carvalho, que atua na ONU Mulheres. Ela falou sobre como a violência doméstica impacta na produtividade da vítima, com absenteísmo inclusive, e até mesmo na do agressor. “Precisamos entender melhor esses efeitos, mas com certeza eles existem. Então empresas que lidam com isso também estão lidando com sua produtividade. Essa é uma questão social, mas também uma questão de desenvolvimento e econômica”, afirmou.

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