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Nesses dias de pandemia o tempo anda literalmente passando pelas janelas – e é delas que hoje mais uma vez diremos Não à ditadura e seus admiradores, defendendo a democracia brasileira

ditadura nunca maisO golpe civil-militar no Brasil completa 56 anos. Na madrugada de 31 de março de 1964 o general Olímpio Mourão Filho, da 4ª Região Militar em Juiz de Fora (MG), deu início à marcha com a missão de destituir o presidente da República João Goulart. Com o apoio de parte da sociedade civil (empresariado e igreja, por exemplo), empenhada em barrar o “comunismo”, começava ali um dos mais tristes capítulos da história do Brasil, que resultou em torturas, mortes e o desaparecimento de centenas de pessoas.

Um capítulo que nem mesmo a Comissão da Verdade Nacional, empenhada em resgatar a história e punir os culpados conseguiu reescrever com justiça, apesar de alguns avanços. 56 anos depois o Brasil tem na presidência, eleito por via direta, um homem que apoia a tortura e defende as atrocidades cometidas por esse mesmo golpe. Um homem que, na gravíssima conjuntura presente, quando pela primeira vez a sociedade enfrenta uma pandemia, manda para as ruas os trabalhadores, não importando se vão morrer ou contagiar familiares e amigos.

É, talvez, um outro tipo de tortura, já que ao mesmo tempo em que envia os brasileiros para o contágio promove cortes de direitos e salários, reluta em aprovar auxílios decentes no período, na contramão do mundo, e prega a desinformação e a truculência como regra básica de conduta. Confinados em suas casas, os brasileiros que sabem os riscos a que estão expostos (pela pandemia e por ter um insano na presidência) não poderão se manifestar pelas avenidas do País. Mas em tempos digitais, para o bem e para o mal, quase tudo é possível e uma série de atividades vem sendo programada para que mais uma vez se possa defender a democracia brasileira.

A partir das 14h desta terça, por exemplo, haverá um “twittaço” com hashtags como #ditaduranuncamais e #luto na janela. A Vozes do Silêncio (uma caminhada realizada ano passado em memória das vítimas da ditadura e contra a violência do Estado) foi substituída por uma vigília nas redes sociais, e um panelaço é previsto para as 20h30 desta terça. Nesses dias sombrios e estranhos, o tempo anda literalmente passando nas janelas, e não será preciso muita imaginação para perceber que 1964 está logo ali, com velhos personagens ainda em cena e em cargos de poder e que, apesar da grave ameaça à existência humana que hoje enfrentamos mundialmente com a pandemia, podemos e devemos levantar nossa voz para defender a democracia.

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