O “País do Futuro” derrapa nas curvas do autoritarismo e vê o presente repetir um passado de injustiças, com aumento das desigualdades, do entreguismo e da devastação.
VAMOS À LUTA PARA RECOLOCAR O PAÍS NOS TRILHOS DO FUTURO
Devastador
É preciso salvar a Amazônia
Floresta, ameaçada por garimpo, queimadas e cegueira do governo, é fundamental para preservação da vida
A gravidade das ações de desmatamento na Amazônia ficou evidente em vários estados brasileiros no último dia 19, quando o céu escureceu e a noite chegou mais cedo. O fenômeno, surpreendente, está diretamente relacionado a queimadas que tiveram origem a milhares de quilômetros, na região Amazônica, no Paraguai e na Bolívia, evidenciando a necessidade urgente de salvar a floresta e seus habitantes.
Embora o governo brasileiro não se importe e chame de “mentirosos” dados do Inpe que indicam o aumento da destruição na região, estudos internacionais mostram que a Amazônia brasileira perdeu mais de uma Alemanha em área de floresta entre 2000 e 2017. São cerca de 400 mil km² a menos de área verde, segundo pesquisa recém-
divulgada pela Universidade
de Oklahoma, nos EUA.
“Bolsonaro quer entregar a floresta ao capital estrangeiro e latifundiários, sem se preocupar com seus indígenas, que estão sendo acuados e mortos por garimpeiros; sem se preocupar com a biodiversidade. Trata ecologia como questão ideológica, e esse posicionamento coloca milhões em risco, não apenas no Brasil”, aponta Belmiro Moreira, presidente do Sindicato.
Desigual
Desigualdade só cresce nos últimos quatro anos
Estudo mostra que situação é pior do que a enfrentada em 1989
Há quatro anos e três meses – 17 trimestres, a contar de 2015 – a desigualdade não para de crescer no Brasil, o que marca um recorde nas séries históricas brasileiras. Os dados e análise estão no estudo A Escalada da Desigualdade, lançado na semana passada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“Nem mesmo em 1989, que constitui o nosso pico histórico de desigualdade brasileira, houve um movimento de concentração de renda por tantos períodos consecutivos”, destaca a pesquisa, feita com base em dados da PNAD Contínua do IBGE. O período corresponde ao aprofundamento da crise econômica, com queda acumulada do PIB, e inclui a tímida retomada registrada em 2017 e 2018. Após as altas consecutivas, a desigualdade teve o menor avanço de abril a junho deste ano.
“O estudo reflete o que observamos todos os dias nas ruas. Já não há oferta de emprego, aumentou a quantidade de pessoas pedindo dinheiro e ajuda nos semáforos, o desemprego é assustador. E pior do que tudo isso é que não existe política do governo para geração de emprego”, aponta o diretor Otoni Lima. A pesquisa também ressalta a queda na renda média do trabalhador entre todos em idade ativa.
Entreguista
Governo anuncia mais privatizações
Venda de empresas públicas representa mais demissões e serviços mais caros
O governo Bolsonaro anunciou na quarta, 21, a privatização de empresas que iniciarão o processo de venda ainda neste ano. A lista oficial inclui nove delas: Telebras, Correios, Codesp, Dataprev, Serpro, Emgea, Ceitec, Ceageso e ABGF.
No entanto, também foi incluído no pacote a concessão dos parques nacionais de Lençóis Maranhenses e o de Jericoacoara.
“O governo tem pressa em vender o patrimônio dos brasileiros. Embora não tenham sido incluídos, os bancos também estão na rota das privatizações, com a venda de ativos, como é o caso das loterias da Caixa”, aponta o presidente do Sindicato, Belmiro Moreira. As privatizações, de modo geral, não trazem benefícios à sociedade brasileira. Os serviços se tornam mais caros, há demissões em massa (como ocorrido nos anos 90, no governo FHC) e o saldo não é compensador para os cofres da União.
Embora existam muitos mitos sobre as estatais, elas de fato têm um papel social, são rentáveis e seus recursos são voltados para o desenvolvimento do País. Para saber mais, consulte a cartilha Fakes & Fatos sobre empresas públicas, disponível em www.comiteempresaspublicas.com.br.
Injusto
Na CCJ, debatedores apontam injustiças da reforma
Redução de direitos e no valor dos benefícios estão na PEC 06/2019
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) realizou na semana passada debates sobre a PEC 6/2019, que institui a reforma da Previdência. No último dia 21, por exemplo, participaram o ex–ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, e o assessor jurídico e legislativo da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), Paulo Penteado.
O secretário-adjunto de Organização e Política Sindical da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Eduardo Guterra, disse que a proposta do governo só prejudica os trabalhadores. Ele citou dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), segundo os quais há 33 milhões de pessoas trabalhando sem carteira assinada no Brasil. “Isso se choca com a reforma. Quer dizer que essas pessoas não recolhem INSS, não contam tempo para se aposentar, e tudo isso impacta o sistema de Previdência Social”, comparou.
O presidente da audiência pública, senador Paulo Paim (PT-RS), criticou a falta de representantes do governo. Ele disse que chegou a questionar essa ausência ao ministro da Economia, Paulo Guedes, buscando contraponto nas discussões. Mas Guedes, aparentemente, estava mais ocupado em divulgar sua nova lista de privatizações.
FOTOS:
- Capa da The Economist abordando as queimadas no Brasil
- Araquém Alcântara
- Kallash Kumar
- Reprodução de vídeo - YouTube
- Bloco de Esquerda- Portugal
- Dino Santos