Pesquisadores revelam perfil desse novo trabalhador nascido com a internet
As mudanças nas relações de trabalho, as novas tecnologias e o impacto na vida e na saúde dos trabalhadores. Esse sempre foi um tema caro ao movimento sindical, e pesquisas recentemente divulgadas sobre ele apontam para a criação de um novo tipo de trabalhador, os infoproletários; ou seja, os proletários na era da informática. “Quem de nós termina o trabalho, vai para casa e desliga o celular?”, questiona o pesquisador Ricardo Antunes, do grupo de pesquisa Metamorfose do Mundo do Trabalho da Unicamp, em entrevista ao programa Fantástico.
São exemplos de infoproletários motoristas de aplicativos, operadores de telemarketing, técnicos da indústria de software, vendedores do comércio digital e bancários. “É aquele trabalhador que em qualquer atividade que ele desempenha depende da máquina digital, informacional, do smartphone ou de alguma modalidade de trabalho digital”, prossegue Antunes, para quem as características do trabalho dos infoproletários são alta intensidade no trabalho, pouca criatividade, pouca capacidade de controle e nenhuma estabilidade para o futuro.
Adoecimento - Ao mesmo tempo em que a configuração da rotina é modificada, mudam também as doenças resultantes desse tipo de trabalho. Se há 30 anos as principais moléstias eram dores, cortes, machucados, fraturas, hoje elas estão mais no âmbito neurológico e/ou psicológico: ansiedade, síndrome do pânico, agressividade, insegurança, como elenca a também pesquisadora Cláudia Nogueira. Especificamente na categoria bancária, entre 2009 e 2017, segundo dados do INSS, o total de bancários com benefícios acidentário ou previdenciário cresceu 30%, e mais de 50% dos casos referem-se a transtornos mentais.
“Há um aumento gigantesco nesses casos, causados pela pressão por metas, sobrecarga e assédio moral, condições que combatemos diariamente. É preciso mudar essa cultura para brecar esse crescimento e preservar a saúde dos bancários”, aponta a secretária de Saúde do Sindicato, Adma Gomes. A entidade deve iniciar em breve projeto voltado à discussão e prevenção dessas doenças.