Área restrita

País começa 2019 com mais 321 cidades sem agências bancárias

Notícias
Tipografia

Fechamento de unidades se acentuou nos últimos 5 anos, saltando de 1.903 para 2.224 os municípios desprovidos do serviço; Sindicato reafirma luta pelo emprego

agência fechadaO Brasil vai começar 2019 com mais 321 cidades sem agências bancárias. O total, em outubro passado, era de 2.224 municípios sem nenhuma agência bancária, ante 1.903 há cinco anos. O fechamento de unidades e as demissões na categoria, somados ao avanço da digitalização, resultou em uma onda de fechamento destes locais de trabalho pelo País nos últimos cinco anos.

Dados mais recentes do Banco Central mostram que 2.040 agências foram fechadas de janeiro de 2013 até outubro deste ano, cerca de 58% concentradas nas cinco maiores instituições — Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco e Santander. No total, o Brasil tem quase 21 mil agências bancárias. Como consequência desse movimento, 321 municípios perderam as unidades e ficaram sem esse tipo de atendimento.

“Foi um ano muito difícil para todos os trabalhadores brasileiros. Na categoria bancária tivemos o fechamento de mais de 1.700 postos até setembro passado. Com esses cortes, de pessoal e estrutura, perde toda a sociedade”, aponta o presidente do Sindicato Belmiro Moreira, reafirmando a luta por emprego e preservação de direitos em 2019.

De acordo com reportagem do jornal Valor Econômico publicada nesta sexta, 21, no discurso dos bancos - que colocam a crise entre os fatores principais para os fechamentos e o alto custo de manutenção - esse momento mais agudo estaria ficando para trás, e as agências continuarão a ser um ponto importante da estratégia de relacionamento com o cliente. Segundo a reportagem, “daqui para frente, o objetivo das instituições é ter um atendimento multicanal, com a possibilidade de escolha do consumidor”.

Redes bancárias - Itaú e o BB afirmam que vão manter sua rede em 2019, enquanto o Santander diz que pretende ampliá-la. O Bradesco, que teve uma grande quantidade de fechamentos de agências devido à sobreposição com a rede do HSBC, cuja aquisição foi finalizada em 2016, prevê avanços em locais onde não tem hoje presença. De maneira geral, os bancos acreditam em um futuro multicanal: o Bradesco, por exemplo, está investindo em agências digitais, que comportam até 50 mil clientes, voltadas a quem já tem comportamento digital. No total são seis unidades, número que pode dobrar no ano que vem.

Já o Santander afirma querer melhorar a infraestrutura de agências, hoje concentrada no Sudeste, com a interiorização da operação. O banco tem apenas 3% de participação no mercado de agências no interior, bem abaixo da fatia de 17% nas regiões metropolitanas e de 12% nas cidades de pequeno e médio porte. Mas neste caso a conquista do interior tem como foco a abertura de lojas para o agronegócio, que hoje somam 20, sendo que duas já se tornaram agências. Outros caminhos são pelo microcrédito e conquistando a folha de pagamento de prefeituras. No saldo geral, o Santander abriu três agências em 2017 e 20 neste ano até outubro, segundo os dados do Banco Central.

Uma redução drástica da rede ocorreu no Banco do Brasil, que fechou 728 agências desde 2013, a maior queda entre os principais bancos do País. Agora o BB aposta em manutenção da rede, embora ela deva passar por reformulação: escritórios menores para clientes de alta renda, micro e pequenas empresas, setor público e agronegócio.

Além disso, terá “agênciasloja”, com atendimento para quem entrar e sem carteira específica de clientes para os gerentes. Já há projetos há 18 meses. O BB acredita que assim conseguirá atender melhor e vender mais produtos.
As agências físicas são vistas também pelo Itaú — que perdeu 565 agências desde 2013 até outubro deste ano — como uma forma de atrair novos clientes e para o aprendizado do cliente com o atendimento digital. A ideia do banco é aprofundar a segmentação, e acredita nesta segmentação pelo comportamento do cliente, algo que está em estudo na instituição.

“O que se percebe é que os bancos pensam no agronegócio, nos clientes mais endinheirados, na redução de custos, mas pouco se importam com os assalariados, muitas vezes ´expulsos´ das agências para atendimento nos correspondentes. Por isso nossa luta é também pela manutenção dos bancos públicos e seus programas sociais”, destaca o presidente do Sindicato.

Com informações do Valor Econômico

BLOG COMMENTS POWERED BY DISQUS