Instituições financeiras lucram com demissão e com a rotatividade, pagando salários bem menores aos que chegam
Mesmo com recorde de lucro em 2017, os bancos brasileiros seguem promovendo demissões. Só no primeiro trimestre deste ano foram eliminados 2.226 postos de trabalho, sendo 1.836 em março. São os números são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), compilados pelo Ministério do Trabalho.
De janeiro a março, somente a Caixa – maior banco público do País – foi responsável por fechar 1.268 postos de trabalho, dos quais 1.255 em março. Em 2017 os cinco maiores bancos que atuam no Brasil - Itaú, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Santander - lucraram R$ 77,342 bilhões (33,5% a mais em relação a 2016).
Só com a receita total de prestação de serviços e tarifas cobradas dos clientes esses bancos obtiveram R$ 126,423 bilhões (10,1% a mais em relação a 2016). O valor cobre toda a folha salarial dessas empresas e ainda sobram R$ 28 bilhões.
Essas mesmas empresas também eliminaram 14 mil postos de trabalho em 2017. Em todo o setor bancário o total chegou a 17,9 mil no ano passado.
Doenças – Com a sobrecarga de trabalho e piores condições, aumentam os casos de adoecimento na categoria. Em 2013 (ano com as estatísticas mais recentes) mais de 18 mil bancários foram afastados em todo o País, de acordo com dados do INSS. Do total de auxílios-doença concedidos pelo INSS, 52,7% tiveram como causas principais os transtornos mentais e as doenças do sistema nervoso. Isso significa dizer que de cada dez bancários doentes cinco são por depressão.
Salários mais baixos - Os bancos não lucram apenas com o fechamento de postos de trabalho. A alta rotatividade com redução salarial é outra forma de aumentar os ganhos. De janeiro a março os bancários admitidos recebiam, em média, R$ 4.054, enquanto os desligados tinham remuneração média de R$ 6.615. Ou seja, quem chega ganha 61% do salário dos que saem. A discriminação de gênero também segue elevada. As mulheres foram contratadas ganhando em média o equivalente a 74% do salário médio dos homens. As demitidas recebiam, em média, 77% do salário médio dos homens.
O mercado formal de trabalho criou 56.151 vagas em março (aumento de 0,15% no estoque). Os regimes de contrato de trabalho intermitente ou parcial foram responsáveis por 6.400 desses postos. No intervalo de praticamente dois anos, o Brasil, sob o comando do presidente Michel Temer perdeu aproximadamente 1,4 milhão de postos de trabalho formais, de acordo com o IBGE. E "ganhou" 1,7 milhão de desempregados.