Área restrita

Empregados do Itaú-Unibanco são os que mais adoecem, apontam dados do Sindicato

Notícias
Tipografia

 

Programas de Remuneração e de avaliação tem deixado os empregados cada vez mais sobrecarregados

Uma triste realidade que já vem sendo denunciada a anos voltam a tona através de dados do Sindicato dos Bancários,  o grande número de bancários adoecidos na Região. Além desses dados, os números da Previdência Social também mostram que os trabalhadores e trabalhadoras dos bancos são um dos primeiros em afastamento por Ler/DORTs , sendo seguido pelas doenças psíquicas.

Os empregados do Itaú-Unibanco são os mais atingidos na Região, segundo dados da Secretaria de Saúde e Condições e Trabalho do Sindicato. Desde 2013 são os trabalhadores que mais procuram a entidade, e o diagnóstico mais relatado são os transtornos mentais. Em 2018, 50% dos trabalhadores que procuraram a Secretaria de Saúde e Condições de Trabalho foram do Itaú-Unibanco, seguidos pelo Santander com aproximadamente 30%; em 2017 novamente Itaú-Unibanco esteve na frente com aproximadamente 48%, seguido pelo Bradesco com aproximadamente 23%. No ano de 2016, 56% dos trabalhadores que passaram por consulta com o médico do trabalho do Sindicato foram do banco Itaú-Unibanco, seguido pelo Santander com 20%. Das Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs) emitidas nesse mesmo ano 62,96% foram por transtornos mentais.

“Embora o Itaú-Unibanco invista muito dinheiro e tempo em novas tecnologias, isso reflete para o trabalhador nocivamente, haja vista, que as novas tecnologias de gestão do banco estão voltadas única e exclusivamente para o viés econômico, esquecendo que tanto aqueles que adquirem seus serviços e produtos como aqueles que os negociam são pessoas e que, essas últimas, respaldadas Constituição Federal, têm direito ao trabalho digno”, disse Adma Gomes, diretora do Sindicato e funcionária do Itaú-Unibanco.

A Violência Organizacional está instalada no banco há décadas, porém os Programas de Remuneração, juntamente com os de avaliação tem deixado os empregados cada vez mais sobrecarregados e temerosos. O maior programa de remuneração variável da instituição é o AGIR (Ação Gerencial Itaú para Resultados) é também um dos mais agressivos entre os bancos pois suas metas são abusivas e muitas vezes contribuem para o aumento da discriminação, conflitos entre os trabalhadores e o Assédio Moral.

O banco através do AGIR estipula 100% de cumprimento na grande maioria das suas metas para ser elegível, uma base de 1000 pontos, porem a forte competitividade entre os regionais e os superintendentes, na esperança de ganhar o AGIR instituem o percentual que mais lhes agradam. O Sindicato tem denúncias de regiões onde tais gestores exigem mais de 160% de retorno das metas em determinados produtos, muitos chegam a implantar metas impossíveis para a primeira semana do mês, sem nenhuma analise que demonstre através de dados reais a possibilidade de cumprimento. Isso vem comprovar que a instituição não tem de fato uma análise de mercado para alcance dessas metas, mas, sim, uma análise dos lucros alcançados por elas.

Além desses percentuais inalcançáveis, os funcionários convivem no seu dia-a-dia com as contradições já implementadas pela gestão entre seguir as normas internas rigorosamente, tendo sobre suas cabeças RP-29 ou serem mais flexíveis para atender e atingir essas metas abusivas num ritmo intenso.

O Sindicato tem recebido fortes denúncias sobre o SQV (Sistema de Qualidade de Vendas), uma ferramenta de gestão que o banco implementou afirmando ser uma forma de “avaliar o comportamento de vendas” dos empregados, mas que na realidade tem demonstrado ser uma forma de dispensar os trabalhadores. A ferramenta possui muitos contra-sensos em sua metodologia. Em alguns casos cerceando o direito do consumidor de comprar ou cancelar serviços e produtos.

“Um exemplo dessas contradições é quando o bancário é cobrado fortemente por suas vendas e ao mesmo tempo tem que recusar fazer um determinado produto para o cliente porque o mesmo já possui o produto em questão. Ora, se o cliente quer ter dois, três, quatro ou mais produtos semelhantes, é um direito que lhe é assistido conforme as leis vigentes do consumidor e deve ser respeitado, porém, nesse caso, o banco vem punindo o trabalhador que respeitar a legislação, com advertências, e até, demissões”, explica Adma. 

Além disso, o Programa não tem transparência para os empregados. Os trabalhadores que têm sido advertidos e, até, desligados, reclamam que nem o gestor direto tem os índices individuais, somente o seu GRA, e que, apenas lhes é dito os produtos que os fizeram  cair no  índice do SQV. “Como o funcionário pode trabalhar com uma ferramenta de avaliação que lhe traz um feedback tão superficial, coibindo assim a reformulação do seu trabalho? Se esta havendo realmente erros no processo negocial, por que o banco esconde esses índices que geram a avaliação do trabalhador?”, questiona a diretora sindical.

Outro exemplo de contra-senso, é que o funcionário é punido quando outro trabalhador cancela o produto que ele negociou. “Como pode o trabalhador que efetuou um negócio, ter comando sobre outro funcionário, de outra agência que pode estar em outro município ou mesmo Estado? Esse SQV é, de longe, a ferramenta com maiores contradições que o banco Itaú-Unibanco já implementou em seus locais de trabalho, ruim para os funcionários e ruim para os clientes”, disse Clóvis Machado, diretor do Sindicato e funcionário do Itaú.

“O Grupo de Trabalho de Saúde e Condições de Trabalho da COE Itaú-Unibanco, tem solicitado repetidas vezes a apresentação das trilhas e desse SQV para que se possa, com transparência discutir a melhoria de Condições de Trabalho dos empregados. Porém ainda não temos resposta concreta sobre essa reivindicação”, finaliza Adma.

 A saúde é um direito inalienável e a saúde do trabalho, por fazer parte das políticas públicas deve ser respeitada e cumprida.

BLOG COMMENTS POWERED BY DISQUS