Num país com a economia travada e mais de 12 milhões de desempregados, filial brasileira, responsável por 28% do lucro global da empresa, fechou mais de 1,6 mil postos de trabalho e cobrou juros abusivos de empresas e população. Em relação a 2018 o crescimento foi de 17,4%, atingindo R$ 14,5 bilhões. Confira.
Aumento expressivo do lucro X país com a economia combalida - O resultado da intermediação financeira cresceu 15% e foi obtido por meio da cobrança de juros extorsivos a empresas e pessoas físicas, comprovando que o banco não faz parte da solução, mas contribui para agravar a crise ao não conceder crédito acessível, o que poderia ajudar no crescimento da economia e na redução do desemprego.
Fechamento de postos de trabalho X mais de 12 milhões de desempregados - Além de cobrar juros extorsivos que endividam as famílias, sufocam o setor produtivo e inibem o crescimento econômico, o banco ainda contribui com o desemprego ao eliminar postos de trabalho. Isso em uma instituição financeira onde a sobrecarga de trabalho que gera adoecimentos é a regra, e que lidera reclamações no BC. No último trimestre de 2019 o Santander eliminou 1.663 postos de trabalho. Com isso, terminou o ano com 47.819 funcionários.
Cobrança de tarifas e serviços X mais pobres e classe média - Enquanto o Brasil enfrenta o desemprego e a redução da renda da população, por meio da cobrança de juros e tarifas extorsivas o Santander retira ainda mais dinheiro dos seus clientes para aumentar os bônus dos executivos e os ganhos dos acionistas. Mas isso apenas dos clientes pobres ou de classe média, porque os clientes de alta renda não pagam por tarifas e serviços, o que contribui para aumentar a desigualdade social.
Tarifas X salários - As receitas de tarifas bancárias e prestação de serviços alcançaram R$ 18,684 bilhões no ano, crescimento de 8,1% em doze meses. As despesas com pessoal, incluindo PLR, somaram R$ 9,5 bilhões no ano de 2019, aumento de 1,4% em doze meses, mesmo com o reajuste da CCT tendo sido de 4,31%. Dessa forma, só com receita de tarifas e prestação de serviços, o Santander cobre 197% do total de suas despesas de pessoal.
Salário de trabalhadores X renda diretores executivos - Os diretores executivos do Santander receberam 765 vezes mais do que os escriturários do banco em 2018, segundo dados da CVM, refletindo a desigualdade e concentração de renda verificada no Brasil, onde cinco bilionários brasileiros concentram a mesma riqueza da metade mais pobre no País, de acordo com estudo da Oxfam. Pesquisa da consultoria Mercer em 130 países, em 601 empresas, revela que o empregado de alto escalão no Brasil ganha, em média, 34 vezes mais do que seu colega operacional. Nos Estados Unidos, onde a meritocracia é um dos maiores incentivos ao trabalho, o salário do executivo é 11 vezes o do operário. Em países como Alemanha e Japão os valores são ainda menores: cinco e sete, respectivamente.
Constituição Federal X descumprimento - O artigo 192 da Constituição Federal determina que o sistema financeiro nacional seja “estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e servir aos interesses da coletividade”, fixando ainda um limite às taxas de juros reais. Isso significa que os bancos são concessões públicas e têm uma função determinada pela Constituição Federal de desenvolvimento econômico e social.
“No entanto essa determinação não é respeitada pelos bancos, que agem de forma predadora, usando recursos do Estado, lucrando alto e não apresentando nenhum retorno para seus trabalhadores, clientes e sociedade brasileira”, explica o diretor sindical Itamar José Batista, destacando que, no caso específico do Santander há inúmeras reclamações de clientes no Banco Central e denúncias de bancários ao Sindicato que revelam a prática de assédio moral e más condições de trabalho.