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Na segunda rodada de negociação ocorrida nesta quarta-feira (12) com a Contraf-CUT, federações e sindicatos, em Belo Horizonte, o Banco Mercantil do Brasil (BMB) se negou a conceder qualquer pagamento a título de participação nos resultados (abono, prêmio ou bônus) aos seus funcionários, alegando que o banco não têm condições financeiras. 

A reivindicação havia sido encaminhada pelas entidades sindicais logo após o fechamento da Campanha Nacional dos Bancários 2014, uma vez que o banco mineiro apresentou prejuízo de R$ 93 milhões no primeiro semestre de 2014, o que o desobriga a pagar a antecipação da PLR.

Discriminação

No entanto, mesmo tendo registrado prejuízo, o BMB confirmou que irá pagar neste mês de novembro os valores do programa próprio que mantém para a área de negócios do banco.

Essa negativa de pagar qualquer valor ao conjunto dos funcionários soa como provocação. Não se trata de dizer que é injusto pagar o que havia sido anunciado anteriormente aos gerentes. O que é injusto é pagar 'somente' aos gerentes.

Alguns gerentes se manifestaram inclusive constrangidos diante da falta de um pagamento aos demais funcionários.

Na negociação, os dirigentes sindicais esclareceram que a proposta apresentada ao BMB nos moldes da conquistada junto ao HSBC - que também não apresentou lucro no primeiro semestre deste ano, mas negociou e vai pagar R$ 3 mil a todos os seus funcionários - era apenas uma referência e que os sindicatos estavam abertos a construir uma proposta que dialogasse com as condições específicas do BMB.

Mesmo assim o banco negou qualquer pagamento, como uma forma de valorizar e reconhecer os esforços dos funcionários, mesmo com o resultado contábil apurado no balanço.

As entidades sindicais vão analisar a possibilidade de denunciar ao Ministério Público do Trabalho (MPT) esse tipo de prática discriminatória no banco.

Aumento da PDD não se justifica e reduz o lucro

Conforme análise dos últimos balanços do BMB, feita da Subseção do Dieese na Contraf-CUT, o que chama a atenção é uma evolução muito expressiva das provisões para devedores duvidosos (PDD). Em 2012 foi contabilizado o valor de R$ 471,45 milhões. Em 2013, o montante pulou para R$ 664,32 milhões. Somente no primeiro semestre de 2014 o banco lançou R$ 409,22 milhões.

> Clique aqui para ver a análise do Dieese.

As entidades sindicais indagaram o banco sobre esse comportamento porque a PDD é uma conta de despesa e reduz o lucro líquido das empresas e estranharam porque a carteira de crédito do banco vem se mantendo estável, em torno de R$ 9 bilhões, em queda, o que não ensejaria o aumento dessas provisões. O nível de inadimplência no sistema financeiro também se encontra muito baixo. O banco apresentou algumas justificativas para essa contabilização, inclusive a inadimplência em sua carteira de pessoa jurídica.

Os bancários irão estudar a possibilidade de recorrer ao Banco Central para buscar maior detalhamento desses registros, uma vez que é o BC que regulamenta a questão da PDD nos bancos, classificando os créditos em atraso, definindo entre zero a 100 o nível de constituição de garantias de acordo com o período de vencimento da operação financeira, definindo os valores mínimos para a constituição das reservas.

Fonte: Contraf-CUT

Em negociação realizada nesta terça-feira (14) com o Mercantil do Brasil, a Contraf-CUT, a Fetraf-MG e o Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte reivindicaram o pagamento de Participação nos Resultados (PR) no valor de R$ 3 mil, sendo um adiantamento de R$ 2 mil no mês de outubro e R$ 1 mil em fevereiro de 2015. A reunião ocorreu na sede do banco, na capital mineira.

Na mesa de negociação, os dirigentes sindicais exigiram com veemência que o banco reconheça o esforço e a dedicação dos funcionários.

Os trabalhadores reforçaram que o resultado negativo do primeiro semestre é consequência, em grande parte, do aumento desproporcional do provisionamento de devedores duvidosos (PDD) realizado pelo Mercantil e que, portanto, os trabalhadores não podem ser responsabilizados.

O Mercantil do Brasil, de forma intransigente, negou o atendimento da reivindicação, alegando falta de condições financeiras. Além do resultado operacional negativo de R$ 93 milhões no primeiro semestre de 2014, o banco disse que terá despesa extra de R$ 5 milhões mensais na folha salarial.

Os representantes dos bancários insistiram que o Mercantil do Brasil tem obrigação de valorizar o empenho de bancárias e bancários e atender aos seus anseios por melhores condições de trabalho. 

Foi deixado claro que os bancários do Mercantil estão mobilizados e continuarão lutando por respeito e reconhecimento por parte do banco. Os trabalhadores fizeram sua parte e, agora, esperam a contrapartida do Mercantil do Brasil, que é o pagamento da participação nos resultados.

Uma nova rodada de negociação sobre o tema foi agendada para o dia 4 de novembro. Até lá, os sindicatos continuarão mobilizados para a realização de um Dia Nacional de Luta por valorização e melhores condições de vida e emprego para os funcionários do Mercantil do Brasil.


Fonte: Contraf-CUT com Seeb BH

A reestruturação do Banco Mercantil do Brasil que estava em curso e que foi responsável pelo fechamento de algumas agências, mudança de perfil de outras e a demissão de bancários por todo o país, foi cancelada graças a força e mobilização dos trabalhadores. Essa informação foi dada pelo banco na segunda-feira, dia 3, em reunião realizada na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais.

Durante a reunião, os dirigentes sindicais cobraram transparência da direção do Mercantil em relação à situação de seus funcionários e mais respeito para com os milhares de correntistas prejudicados pelo encerramento das atividades nas agências atingidas pela reestruturação.

Apesar de ter anunciado o fim da reestruturação, o Mercantil alegou que ainda será necessário o fechamento das agências Carioca e Cinelândia, no Rio de Janeiro. O banco garantiu que não realizará demissão em massa e que seu objetivo agora é ampliar o número de agências, principalmente as de uso exclusivo para beneficiários do INSS.

No entanto, segundo os trabalhadores, o anúncio do banco ainda não traz tranquilidade aos bancários e clientes da instituição, pois ainda se espera outras atitudes do Mercantil do Brasil, como mais contratações e mais transparência nas relações com os trabalhadores e sindicatos, com o fim de projetos mirabolantes que tanto aterrorizam clientes e funcionários.

A pressão dos trabalhadores, sindicatos e da Contraf-CUT foram fundamentais para o recuo do banco em relação ao processo de reestruturação e demissão em massa, mas os funcionários devem continuar mobilizados e atentos em relação à extrapolação da jornada de trabalho e à cobrança por metas absurdas devido à redução de funcionários nas dependências atingidas.