A campanha nacional 2015 da categoria bancária foi marcada por uma forte greve em todo o Brasil, com duração de 21 dias (14 úteis). No Grande ABC, participaram do movimento 6.115 trabalhadores, com 353 agências fechadas, um resultado extremamente positivo se considerado que a região tem, no total, cerca de 7 mil bancários em 400 agências. Para o presidente do Sindicato, Belmiro Moreira, essa participação expressiva reflete um amplo trabalho de mobilização da entidade iniciado bem antes da greve, e foi fundamental para evitar retrocessos. Mas ainda há muita luta pela frente, especialmente para garantir e manter o emprego no setor. Leia, abaixo, a íntegra da entrevista do presidente do Sindicato ao NB:Notícias Bancárias: Qual é sua avaliação da campanha 2015?
Belmiro: A campanha foi muito positiva, nacionalmente, porque vivemos um momento em que muitas categorias têm dificuldade em conquistar até mesmo o repasse da inflação. Há setores que realmente enfrentam crise, mas esse não é o caso do financeiro, embora essa desculpa tenha sido usada. Os banqueiros tentaram reduzir nosso patamar de conquistas, mas os bancários reagiram e eles tiveram que recuar.
NB: O que aconteceria se nesse ano não fosse conquistado aumento real?
Belmiro: Além da perda evidente no poder de compra, isso significaria que em 2016 teríamos que iniciar a campanha já num patamar menor, com mais dificuldade para conquistar o mínimo possível. Não ter o repasse da inflação nem nada de aumento real significaria retroceder a um tempo em que os salários estavam sempre defasados. Além disso, seria quebrada uma cultura que já temos há 11 anos, de sempre garantir aumento real. Um ciclo que não podemos permitir que seja interrompido.
NB: E no caso específico do Grande ABC, qual sua avaliação?
Belmiro: Fico feliz com o resultado da paralisação na região, e quero agradecer a participação de cada bancário. Envolvemos mais de seis mil trabalhadores na greve, mas é importante lembrar que nossa mobilização começou muito antes, com reuniões nas agências para abordar a campanha salarial. Fizemos paralisações rápidas para realizar esses encontros, que foram fundamentais para dar estrutura à categoria quando a greve chegou. Uma greve que, é preciso destacar, não foi escolha dos bancários, mas sim dos banqueiros, que se mantiveram intransigentes durante a negociação. É verdade que o percentual de nosso aumento real não é o que desejamos, mas conseguimos manter o repasse.
NB: E agora que a campanha acabou o que os bancários do ABC podem esperar do Sindicato?
Belmiro: Bem, há ainda negociações específicas em alguns bancos, como por exemplo a luta pela bolsa-educação no Bradesco. E uma luta mais ampla, na qual estamos engajados desde o início dessa gestão no Sindicato, que é pela a garantia e manutenção do emprego. A categoria bancária corre o risco do desemprego especialmente pela questão das novas plataformas digitais e, além disso, já existe hoje uma grande rotatividade. Os banqueiros lucram muito, não perdem, e precisam ter responsabilidade social. Do ponto de vista macro, insistimos que é preciso mudar a política econômica, pois a taxa de juros alta retém o crédito, inclusive para as micro e pequenas empresas. O País precisa de uma economia forte, mas tendo sempre como premissa que quem faz sua riqueza são os trabalhadores, que não podem ser prejudicados.