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Pobres continuam pobres, ricos ficam mais ricos

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Riqueza dos bilionários aumentou US$ 2 trilhões em 2024, mas falta de medidas de distribuição de renda impede redução do número de pobres

 

Pobres continuam pobres ricos ficam mais ricosA riqueza dos dez homens mais ricos do mundo cresceu em média quase US$ 100 milhões por dia em 2024. A riqueza somada dos 2.769 bilionários do mundo aumentou de US$ 13 trilhões para US$ 15 trilhões em apenas 12 meses. O crescimento foi três vezes mais rápido do que o registrado em 2023 e fez com que o aumento anual da riqueza dos bilionários fosse o segundo maior desde o início dos registros. As informações são do relatório “Takers Not Makers” (Exploradores, não produtores, em livre tradução), que no Brasil foi intitulado como “As custas de quem? A origem da riqueza e a construção da injustiça no colonialismo”, da Oxfam.

“O relatório merece ser lido com muita atenção. Traz informações que mostram o colonialismo imposto pelo Norte Global ao Sul Global permanece nos dias atuais. A apropriação da riqueza pelos mais ricos continua, e gera concentração de renda, a perpetuação da pobreza da maioria da população mundial e uma camada de poucos super-ricos e privilegiados”, disse o secretário geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Gustavo Tabatinga.

Segundo o relatório, a riqueza extrema dos bilionários de hoje não é proveniente do talento e do trabalho (meritocracia), como é defendido pelos próprios bilionários e reforçado pelos ‘coaches’ e pela mídia. Ela não foi conquistada “por mérito”.

Um trecho do documento da Oxfam ressalta que a riqueza extrema desta “nova oligarquia” tem origem na herança, no favoritismo e no poder de monopólio e que, “sem controle, estamos prestes a ver a maior transferência da maior riqueza geracional da história da humanidade - dificilmente conquistada, dificilmente tributada”.

Segundo a Oxfam, todos os bilionários do mundo com menos de 30 anos herdaram sua riqueza e 36% da riqueza dos bilionários e derivada de herança. Ao somarmos os valores provenientes de privilégios e do monopólio do poder à herança, chegaremos a 60% do total da riqueza dos bilionários.

“E o mais grave é que a maior parte dessa transferência geracional de recursos não é tributada, pois dois terços dos países não tributam a herança para descendentes diretos”*, disse Tabatinga. No Brasil, as novas regras aprovadas em 2024 pelo Congresso Nacional estabelecem impostos progressivos sobre herança e doações, que vão de 2% a 8%.

Colonialismo atual

Em outro trecho, o texto observa que o colonialismo não é apenas histórico. No relatório, a Oxfam afirma que a transferência de riqueza do Sul para o Norte continua e funciona “como uma força poderosa que impulsiona níveis extremos de desigualdade”. Ressalta ainda que “as transferências de riqueza não são apenas para os ultra-ricos, mas desproporcionalmente para os ultra-ricos do Norte Global. Nossa era é a era do colonialismo bilionário.”

Em nota publicada no site da entidade, o diretor-executivo da Oxfam Internacional, Amitabh Behar, disse que “a captura da nossa economia global por um seleto grupo privilegiado atingiu níveis antes inimagináveis. A falha em deter os bilionários agora está gerando futuros trilionários. Não apenas a taxa de acumulação de riqueza dos bilionários acelerou — por três vezes — mas também seu poder”.

Para Behar, “o auge dessa oligarquia é um presidente bilionário, apoiado e comprado pelo homem mais rico do mundo, Elon Musk, governando a maior economia do planeta”, disse, ao ressaltar que o relatório da Oxfam é um alerta de que “as pessoas comuns em todo o mundo estão sendo esmagadas pela enorme riqueza de um número ínfimo de pessoas”.

Para o secretário geral da Contraf-CUT, “o relatório da Oxfam é um importante subsídio para nos ajudar em nossa luta pela redução da desigualdade, pela taxação dos super-ricos e pela valorização dos trabalhadores”.

Leia a íntegra do relatório da Oxfam
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Fonte: Contraf-CUT

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