Depois da eleição de Donald Trump, várias empresas que atuam em território americano anunciaram cortes nos programas de diversidade e meio ambiente, demonstrando que suas “convicções” em ESG (política corporativa de responsabilidade social, ambiental e governança) estão subordinadas a interesses políticos e econômicos.
Grandes bancos como o Goldman Sachs, Well Fargo, Citi, Bank of America e Morgan Stanley, anunciaram a saída do Net-Zero Banking, que previa compromissos em alinhar as atividades financeiras às metas ambientais para enfrentar as mudanças climáticas.
Na Meta, dona das redes sociais Facebook, Instagram, WhatsApp e outras, seu presidente Mark Zuckerberg, primeiro acabou com a política de moderação de conteúdo. Traduzindo, agora será o vale tudo das Fake News, como já acontece na rede X. Em continuidade, deu por encerrada a política de diversidade, já destituindo a diretora da área Maxime Willians, mulher negra que ocupava o alto escalão, Zuckerberg ainda comentou em um podcast que sente falta de “energia masculina” em uma sociedade que ficou “neutra”.
Precisamos descobrir em que mundo ele vive, porque no nosso, mesmo com os avanços que as mulheres conquistaram nos últimos anos, continuamos sendo minoria em cargos de poder, ganhando menos, tendo dupla, tripla jornada de trabalho, sofrendo violência e discriminação de toda ordem.
A narrativa da “energia masculina”, apela para o machismo e a misoginia com o objetivo de reforçar o modelo de dominação e divisão social que interessa aos conservadores. Já dizia Júlio Cesar, imperador romano: “É preciso dividir para poder reinar”. Outras empresas que anunciaram o fim dos programas de diversidade são: Mc Donald’s, Ford, Toyota, Walmart e Microsoft.
Os avanços em anos anteriores nos programas corporativos, mesmo que limitados, foram fruto de pressão da sociedade organizada (consumidores, movimentos, sindicatos, minorias) e buscavam projetar uma imagem de modernidade aos mercados; os recuos de agora exigem reação social contundente.
Ao eleger governos conservadores e autoritários, a humanidade retrocede.
Reagir é preciso.
Fonte: Rita Serrano
Palestrante. Ex-presidente da Caixa. Autora de livros e artigos. Conselheira de Administração.
Presidiu o Sindicato dos Bancários dos Bancários do ABC. Mestre em Administração.
Considerada uma das mulheres mais influentes do Brasil e da América Latina, segundo a Bloomberg Línea de 2023