Entidade completa 35 anos nesta segunda-feira, 9 de dezembro. ‘’É uma grande honra fazer parte de uma entidade com uma história tão marcante para a classe trabalhadora’’, diz Aline Molina, primeira mulher a presidir a maior federação de trabalhadores do ramo financeiro do país.
A FETEC/CUT-SP, Federação dos Trabalhadores Bancários em Empresas de Crédito do Estado de São Paulo, completa 35 anos nesta segunda-feira, 9 de dezembro.
Fundada em 1989, a entidade sindical de grau superior foi a primeira federação cutista do ramo bancário no país, criada com a missão de ampliar e fortalecer a organização da categoria sob um novo paradigma de liberdade e autonomia sindical.
Reconhecida por sua força de articulação, a FETEC-CUT/SP, que teve início com a união de oito sindicatos, hoje reúne 14 entidades filiadas, representando aproximadamente 150 mil bancários no estado de São Paulo.
‘’A história da FETEC São Paulo é linda. É uma história de união, paixão e muita resistência. É uma saga que começa logo após a ditadura: os 21 anos mais longos da nossa história. Um período que assombrou, torturou e silenciou muita gente nossa.Uma fase em que a classe trabalhadora, junto aos movimentos populares, se tornou o principal alvo de perseguição dos militares, porque ia para o enfrentamento nas ruas, organizando greves e se colocando na linha de frente das manifestações’’, relembra Aline Molina, presidenta da entidade.
O lendário Augusto Campos, primeiro presidente da FETEC, durante o segundo congresso da entidade
Além de atuar na defesa da categoria bancária, a FETEC/CUT-SP sempre se posicionou em favor da sociedade, denunciando a desigualdade social, a violência e lutando pela democracia no país. Postura que contribuiu para a eleição de vários bancários de sua base na representação política em âmbitos municipal, estadual e federal.
Potência organizada
A organização regional e a promoção da equidade entre os sindicatos do interior e da capital são avanços que comprovam a importância da articulação promovida pela FETEC.
‘’A criação da FETEC marcou um avanço significativo para toda a nossa base, especialmente com o sistema de equidade implementado pela federação, que assegurou 50% de representatividade aos sindicatos do interior e 50% ao sindicato de São Paulo – o maior da América Latina, responsável por cerca de 80% da base estadual’’, conta Luiz César de Freitas, o Alemão, terceiro a presidir a entidade.
‘’Essa medida foi uma das mais importantes da nossa história, estabelecendo um equilíbrio essencial entre capital e interior, fortalecendo a organização regional e promovendo ações conjuntas entre os sindicatos, o que nos permitiu ampliar a representatividade dos trabalhadores em todas as cidades e regiões de nossa base’’.
FETEC assegura equidade de representatividada para os sindicatos do interior de São Paulo
‘’A FETEC SP foi fundamental na construção da nossa Convenção Coletiva Nacional, um patrimônio da categoria e um marco na história das negociações coletivas. É a maior federação de bancários do país, faz parte do Comando Nacional do Bancários e tem uma luta que vai muito além da defesa dos direitos da categoria, com forte papel político nas cidades de sua base. É um orgulho fazer parte dessa federação’’, destaca Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e coordenadora do Comando Nacional.
A FETEC tem papel fundamental nas decisões do Comando Nacional dos Bancários. Na foto, Aline Molina, Neiva Ribeiro e Juvandia Moreira.
Igualdade de oportunidades
Às vésperas de completar 26 anos de fundação, a FETEC SP elegeu a primeira mulher para sua presidência. Militante desde a juventude, Aline Molina, bancária do Itaú e dirigente do Seeb SP, assumiu o comando da entidade com o desafio de, junto aos 14 sindicatos filiados, organizar a luta emt todo o estado paulista, defendendo a classe trabalhadora e avançando na construção de um Brasil justo e igualitário.
Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT, ressalta a importância desse processo.
‘’Chegarmos aos 35 anos de existência com uma mulher entrando em seu terceiro mandado à frente da entidade mostra que a FETEC está antenada ao dia a dia da categoria, como toda entidade sindical deve ser, que é formada por cerca de 50% de mulheres. Mas mostrando também que a federação luta contra a discriminação e o machismo estrutural que, infelizmente, ainda impera em nossa sociedade. Por isso, a FETEC-CUT/SP merece os parabéns, não apenas por sua história de luta, mas por tudo que ela faz pela categoria e pela sociedade’’.
Aline reeleira para seu terceiro mandato à frente da FETEC-CUT/SP
Sindicatos sem fronteiras
Ao longo de seus 35 anos, a FETEC/CUT-SP manteve o compromisso com os princípios da CUT, ampliando sua atuação para além das demandas bancárias. Inspirada pelo conceito do Sindicato Cidadão, proposto pela Central Única há mais de três décadas, a federação tem se dedicado a promover melhores condições de vida e trabalho. Essa abordagem fortaleceu o engajamento sindical em iniciativas locais, beneficiando não apenas os trabalhadores, mas também suas comunidades.
José Miranda Pinheiro, segundo a presidir a FETEC, conta como surgiu essa bandeira.
‘’Nossos sindicatos, seguindo o conceito cutista, já possuíam um histórico de atuação que ia além das demandas da categoria, com experiências bem-sucedidas. Foi nesse contexto que percebemos a oportunidade de transformar essas ações articuladas em uma política permanente. Em essência, o Sindicato Cidadão busca a valorização plena do cidadão’’.
A voz das Caravanas
As Caravanas da FETEC, realizadas durante a Campanha Nacional dos Bancários, representam uma grande mobilização que amplifica não apenas as reivindicações da categoria, mas também as vozes de trabalhadores de outros setores e dos movimentos sociais. Desde sua criação, em 1994, as caravanas já percorreram mais de 125 mil quilômetros, abrangendo as 14 cidades dos sindicatos filiados.
‘’É emocionante ver o quanto os sindicatos anfitriões se preparam para receber a Caravana. É uma manifestação que chama a atenção pela criatividade e carisma, levando teatro, circo, música e muita cor para as áreas centrais das cidades, atraindo os cidadãos para o diálogo e o debate sobre a importância dos bancários e bancárias na vida cotidiana’’, afirma Ana Lúcia Ramos Pinto, secretária-geral da FETEC-CUT/SP.
Constante transformação
Na avaliação de Aline Molina, a FETEC surgiu como um farol, consolidando a oposição onde ainda prevalecia o peleguismo e dando voz a quem lutava por liberdade, igualdade e justiça social.
‘’É de fato emocionante imaginar que tivemos pioneiros e pioneiras tão valentes para pavimentar essa trajetória de uma luta árdua, mas muito vitoriosa’’.
Para a presidenta reeleita para seu terceiro mandato, a representação dos trabalhadores do setor financeiro tem o desafio de avançar na luta para além do mundo do trabalho.
‘’Parafraseando nosso querido e saudoso Tião, terceiro a presidir a entidade: ‘Precisamos ser eternos descontentes para que o processo de transformação seja constante’. Essa frase traduz a essência da FETEC SP: uma jornada incansável em busca de liberdade, justiça e dignidade para todos e todas. É de fato uma grande honra fazer parte dessa história tão marcante. Vida longa à FETEC-CUT/SP!
Celebração
Para celebrar essa trajetória marcante, a direção da entidade promove no dia 12 de dezembro um evento voltado aos dirigentes da base, integrantes das gestões atuais e passadas, e às lideranças do movimento sindical.
Página especial
A história da FETEC/CUT-SP, desde os eventos que antecederam sua fundação até os dias atuais, é celebrada em uma página especial no site da entidade em homenagem aos seus 35 anos.
O conteúdo destaca a atuação da FETEC SP nos anos de chumbo, no movimento pelas Diretas Já, na reabertura política, nas grandes greves e em lutas como a defesa dos bancos públicos e a oposição às reformas trabalhista e previdenciária.
Ao longo de sua trajetória, a FETEC SP consolidou-se como protagonista na defesa da democracia, da justiça e da igualdade social.
Acompanhe mais sobre a história da FETEC-CUT/SP em www.fetecsp.org.br
Fonte: FETEC SP