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Rita Serrano lança projeto ´O Protagonismo Feminino – Rompendo Barreiras´ no Sindicato

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entrevista rita serranoA historiadora e mestra em Administração Rita Serrano lança, no próximo 10 de outubro, às 19h, na sede social do Sindicato, o projeto ´O Protagonismo Feminino - Rompendo Barreiras', iniciativa que pretende ampliar as discussões e ações para empoderamento das mulheres em todas as frentes da sociedade e auxiliar no combate à misoginia, machismo e violência.

Rita, que é bem conhecida dos bancários e bancárias da região do Grande ABC, por sua atuação no meio sindical – foi presidenta do nosso Sindicato entre os anos 2006 a 2012 -, também teve reconhecimento nacionalmente ao assumir a presidência da Caixa, cargo que ocupou de janeiro a outubro de 2023. Sua trajetória, que inclui ainda a eleição, por quatro vezes, para o conselho de Administração da Caixa; a administração pública, na prefeitura de Rio Grande da Serra, e a coordenação de uma Ong voltada à formação de jovens, é base da nova empreitada que agora inicia: dar vez e voz às mulheres em seus múltiplos papéis, do ambiente familiar ao profissional e como cidadã ativa e participativa.

“Percebi que a realidade impõe resistência a todas as mulheres, em todos os espaços, e decidi partilhar minhas reflexões e experiências, mostrando como o protagonismo feminino é essencial para a construção de uma era de justiça, igualdade e paz”, afirma.

Conheça mais sobre o projeto e a trajetória de Rita na entrevista a seguir, e participe do lançamento (leia mais nesta página).

 

Notícias Bancárias - Rita, o que é o seu novo projeto ´O Protagonismo Feminino - Rompendo Barreiras´? A quem e a que ele se destina e qual seu propósito ao criá-lo?

Rita - Ao longo da minha vida enfrentei barreiras para poder estudar, trabalhar e ocupar cargos de liderança, em muitos momentos achei que estava só, mas percebi que na verdade a realidade impõe resistência a todas as mulheres, em todos os espaços. Após tomar consciência e entender como a misoginia impacta a nossa vida, decidi partilhar minhas reflexões e experiências, mostrando como o protagonismo feminino é essencial para a construção de uma nova era de justiça, igualdade e paz.

NB - Você teve atuação em vários segmentos, no sindicalismo, como presidenta dos Sindicato dos Bancários do ABC, como dirigente de uma ONG voltada à formação de jovens, na administração pública como vice-prefeita, como conselheira de administração.  E, mais recentemente, como presidenta da Caixa. Como foi o processo de ascensão a esses cargos e quais as principais dificuldades que você enfrentou nesse percurso apenas por ser mulher?

Rita - No livro ´Rompendo Barreiras´, que lancei em 2022, eu listo os percalços que enfrentei nesses cargos, na maioria deles fui eleita com amplo apoio. Minha experiência mostra que para as mulheres ocuparem espaços de poder, elas precisam ser muito teimosas. Quanto maior o cargo, maior a resistência a nossa presença, é como se houvesse um teto de vidro invisível. Enfrentei frases de colegas de trabalho que respondiam aos meus comandos, dizendo: Nem minha mulher manda em mim. Outros comentários machistas tentavam me desqualificar: “Mulher é autoritária. Não tem preparo emocional para ser dirigente, não performa como os homens. Ela até que é uma boa gestora, mas não sabe fazer política”... Na presidência da Caixa, sofri um assédio violento, durante cinco meses a imprensa só falava da minha demissão. O desfecho da história mostrou que minha saída garantiu o retorno dos mesmos homens que comandavam o banco em gestões anteriores, revelando os interesses da pressão.

NB - Especialmente o caso da Caixa, você assumiu logo depois de uma gestão marcada por denúncias de assédios sexual e moral. Como você lidou com esse cenário, que ações conseguiu desenvolver no âmbito interno para evitar novas ocorrências e coibir esse tipo de violência?

Rita – Em 2022 eu estava conselheira de administração quando das denúncias de assédio sexual contra Pedro Guimarães. Na época o CA aprovou solicitação que fiz para contratação de empresa forense para dar mais agilidade e transparência no processo de investigação interna. Também colocamos a corregedoria diretamente ligada ao Conselho de Administração, para garantir agilidade nas decisões sobre denúncias. Quando assumi como presidenta, as primeiras medidas foram a recriação da Vice-Presidência de Pessoas, extinta na gestão anterior; realização de pesquisa de avaliação de clima organizacional junto aos empregados; revisão das normas e sistema de metas; melhoria dos canais de denúncia e garantia dos direitos das vítimas. Em seguida começamos a atuar para mudar a cultura machista e dominante, iniciamos um ciclo de palestras com temas focados na questão dos estereótipos que cercam as relações entre homens e mulheres e implantamos as comissões de diversidade. Medida de grande impacto foi ter maioria de mulheres na alta administração. Na minha gestão saímos do mero discurso, para dar exemplo ao mundo no respeito a diversidade.

NB - Em que momento o empoderamento da mulher no âmbito profissional se relaciona com seu empoderamento no dia a dia, como namorada, esposa, mãe, nos múltiplos papéis que assumimos? Uma mulher pode ter poder na empresa e ser submissa em casa?

Rita - Casos como a da delegada de atendimento à mulher, Juliana Domingos, que denunciou que apanhava do marido em casa, prova que infelizmente a violência contra a mulher não respeita padrões ou cargos. A intimidação e o medo, na maioria das vezes deixa a mulher numa situação de vulnerabilidade e submissão. O fundamental é saber que ao tomar coragem e se defender, a mulher assume poder sobre sua própria vida e sem perceber, sem pretensão, ela defende todas as mulheres. Essa frase, da escritora Maya Angelou, mostra que nosso empoderamento é construído a muitas mãos e podemos exercê-lo em qualquer lugar, em casa, na escola, no trabalho, ser dona de si, é uma conquista.

NB - Em sua avaliação quais seriam as ações essenciais para se criar uma cultura anti-machista, que valorizasse as meninas desde o nascimento?

Rita - Ninguém nasce machista, é uma construção social, que precisamos combater em casa, na escola, no trabalho, em todos os ambientes. Para isso é importante ter espaços de diálogo para aprofundar essa temática, com mulheres e homens que desejam um mundo de paz. A tomada de consciência é o primeiro passo. O segundo é mobilizar a sociedade para denunciar e exigir garantia de direitos e liberdade para as mulheres e demais minorias. O salto de qualidade mesmo só vai se dar quando conseguirmos ter a representação feminina em todos os espaços de poder, afinal somos mais da metade da população do país. Destaco também que nos governos de direita, como o do Bolsonaro, os retrocessos foram gritantes para as mulheres, no governo Lula existem avanços, um deles é a legislação sobre igualdade salarial, mas há muito ainda para fazer.

NB - Quais são os frutos que você espera do projeto ´O Protagonismo Feminino – Rompendo Barreiras´?

Rita - Espero que o projeto de viajar o país dialogando sobre o protagonismo feminino, contribua para ampliar esse debate, que tenhamos milhares de multiplicadores, de oficinas e de histórias para contar.  Que os corações sejam abertos para as possibilidades que as mulheres têm de poder construir a própria história e dessa forma alterar os rumos da humanidade, porque do jeito que está não pode continuar, guerras, mortes, destruição do meio ambiente. Somos maioria no mundo e mães da outra metade, temos poder para mudar o rumo da história, basta acreditar que é possível.

O projeto

O projeto ´O Protagonismo Feminino – Rompendo Barreiras´ reúne várias formas de expressão para falar sobre a situação das mulheres no País e ações necessárias para promoção da igualdade de oportunidades, ascensão profissional, combate à violência doméstica e no ambiente de trabalho (assédios moral e sexual) e desenvolvimento pleno das meninas a partir do nascimento, entre outros itens.

Com música, vídeos ilustrativos (apresentação de dados estatísticos e de perfis de mulheres de destaque no Brasil), o projeto será lançado no Sindicato no dia 10 de outubro, às 19h, na sede social da entidade (rua Xavier de Toledo, 268 - Centro - Santo André).

Para o Sindicato, que já participa de iniciativas como o projeto “Basta”, de combate à violência contra as mulheres, é uma honra sediar a iniciativa, que com certeza renderá muitos frutos pelo País, contribuindo para a luta pela conquista de igualdade entre homens e mulheres.

Para confirmar a participação no evento de lançamento, que contará com coquetel, envie um e-mail com seus dados para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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