[caption id="attachment_7992" align="aligncenter" width="471"] O advogado Vinícius (à direita) durante palestra, ao lado dos diretores sindicais Adma e Adalto[/caption]
[caption id="attachment_7994" align="alignright" width="200"] Vinícius autografa livro durante lançamento no Sindicato[/caption]
Autor de dissertação sobre o tema, o advogado Vinícius da Silva Cerqueira apresentou dados da pesquisa e lançou livro que teve apoio da entidade
A palestra do advogado Vinícius da Silva Cerqueira, seguida do lançamento de seu livro, Assédio Moral Organizacional nos Bancos, marcou na noite de quinta, 21, o início do Ciclo de Palestras do Trabalhador organizado pelo Sindicato dos Bancários do ABC. Vinícius, que é especializado em Direito do Trabalho e mestre pela USP, agradeceu ao apoio da entidade na produção do trabalho – uma dissertação iniciada quando ele atuava no departamento jurídico do Sindicato – e apresentou um panorama o assédio moral nos bancos tendo como foco a política institucional destas empresas.
“É uma abordagem para além de um indivíduo agressor, que vê o assédio moral na organização da própria empresa ao visar obter cada vez mais lucro”, afirmou, apresentando como exemplos punições aplicadas a trabalhadores que ficam abaixo das metas estabelecidas ou restrições como tempo determinado para ida ao banheiro. “Não é o gerente (o responsável), é a política da empresa”, distinguiu. Durante sua explanação ele também detalhou as definições do termo dano - que só muito recentemente passou a ser visto pelo Direito também no aspecto moral, já que antes era exclusivo ao patrimônio – e assédio. “Se acontece de forma isolada, configura-se o dano, mas ocorrendo sistematicamente, todos os dias, passa a ser considerado assédio moral”, explicou.
Desgaste físico e mental - O advogado, que para sua dissertação utilizou também dados e entrevistas com bancários da região, lembrou de casos graves reportados por trabalhadores, como o da bancária que tinha crises de choro e tremedeira apenas por visualizar o logotipo do banco em que trabalhara. “Desde os anos 1940 há relatos de ´psiconeurose bancária´ na categoria”, apontou, lembrando o grande desgaste mental e físico que acomete e adoece estes trabalhadores. Ele destacou ainda que muitos bancários não têm conhecimento de que sofrem o assédio, fato destacado em pesquisa na qual 18% dos entrevistados não conseguiram identificar sua condição como vítima. “Às vezes nem o chefe sabe o limite, até onde ele pode ir”, ressalvou.
Ao finalizar, o advogado ressaltou o protocolo de prevenção de conflitos inserido na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria, um protagonismo que, acredita, pode vir a render frutos na legislação. “O Direito do Trabalho mostra que são as conquistas dos sindicatos que acabam por se tornar leis para todos os trabalhadores, como aconteceu com a jornada de trabalho, por exemplo. Não é uma criação de parlamentares, mas uma síntese das lutas sindicais, e acredito que se um dia for aprovada uma lei contra o assédio moral ela terá nascido por aqui, no protagonismo que aqui surgiu”, avaliou.
[caption id="attachment_7995" align="alignright" width="288"] Capa do livro do advogado Vinícius da Silva Cerqueira, resultado de dissertação de Mestrado[/caption]
A diretora de Saúde da Fetec-SP, Adma Maria Gomes, e o secretário de Saúde do Sindicato, Adalto Pinto, também abordaram rapidamente o tema do assédio moral nos bancos. Adma lembrou que a Febraban não reconhece os termos assédio moral ou violência organizacional, e que há intenção em se realizar uma grande pesquisa envolvendo categoria e sociedade. Já Adalto ressaltou a importância do trabalho de Vinícius, acrescentando que suas conclusões serão levadas também a outras instâncias do movimento sindical bancário. O presidente eleito do Sindicato, Belmiro Moreira, também destacou essa relevância e agradeceu a participação de todos os presentes, entre bancários e representantes sindicais de outras entidades.
A noite foi animada pelo grupo musical Nó na Pedra, que tem entre seus integrantes um bancário da Caixa e um ex-bancário. Com repertório de MPB e Bossa Nova, o grupo embalou a sessão de autógrafos e o coquetel que encerrou a primeira palestra do ciclo. A programação prossegue na terça, 26, quando a categoria tem encontro com o diretor do Instituto Lula, Paulo Vannuchi, que vai falar sobre Política e Poder, e na quinta, 28, quando será a vez do jornalista e blogueiro Renato Rovai, que abordará o tema Comunicação e Cidadania. Todas as palestras começam às 19h, são gratuitas, e acontecem na sede social do Sindicato, à rua Xavier de Toledo 268, no centro de Santo André. Os interessados em participar podem confirmar presença pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Fotos: Dino Santos