Manifestações ocorrem na véspera da próxima mesa de negociação; bancos ainda não apresentaram contraproposta para itens econômicos
Mais uma vez a categoria bancária promove mobilização nacional nesta segunda, 19, para pressionar os bancos a apresentarem proposta completa de renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) que corresponda às reivindicações dos trabalhadores. O Sindicato realiza as atividades em agências de Rudge Ramos, em São Bernardo, onde há paralisações e diálogo com bancários e sociedade.
As manifestações desta segunda ocorrem na véspera da próxima mesa de negociação. Amanhã está prevista uma nova ação, voltada às redes sociais. Até agora o Sindicato já visitou várias agências das cidades do Grande ABC para esclarecer sobre as reivindicações em pauta e o andamento da campanha. Apesar das muitas negociações, os bancos ainda não apresentaram contraproposta nos itens econômicos.
Os bancários têm entre suas prioridades o aumento real - um reajuste salarial que corresponda à reposição pelo INPC acumulado entre setembro de 2023 e agosto de 2024, acrescido do aumento real de 5%, e melhoria nos percentuais da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). E os bancos podem muito bem atender a essa reivindicação, pois em 2023 lucraram R$145 bilhões no Brasil, e só no primeiro semestre deste ano quatro dos cinco maiores bancos do País que já apresentaram seus resultados (Banco do Brasil, Itaú, Santander e Bradesco) lucraram juntos R$ 53,6 bilhões.
“Os bancários diariamente enfrentam condições adversas de trabalho, com metas excessivas e assédio, mas ainda assim são os principais responsáveis pelo alto lucro dos bancos, que não valorizam nem reconhecem seus trabalhadores”, destaca o presidente do Sindicato, Gheorge Vitti. Nessa semana as negociações entram num momento crucial, pois a data-base da categoria é 1 de setembro. “Temos que mostrar nossa mobilização para pressionar os bancos a apresentarem propostas que contemplem nossas necessidades”, acrescenta Gheorge.
As principais reivindicações para remuneração da categoria para este ano são:
- Reajuste salarial que corresponda à reposição pelo INPC acumulado entre setembro de 2023 e agosto de 2024, acrescido do aumento real de 5%.
- Melhoria nos percentuais da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) - O Dieese alerta que os percentuais de distribuição da PLR dos bancos caíram ao longo dos últimos anos, mesmo após reajustes, introdução da parcela adicional e mudanças de parâmetros dos cálculos de distribuição. Além disso, a distribuição da participação nos lucros não vem acompanhando o crescimento dos lucros no setor, ficando, na maioria dos bancos, abaixo do teto de 15% previsto na CCT.
- E melhorias nas demais verbas, incluindo tickets alimentação e refeição, auxílio creche e auxílio babá.
Breve histórico - As negociações entre o movimento sindical bancário e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para a renovação da CCT começaram em 18 de junho e precisam terminar antes da data base da categoria, que é em 1º de setembro.
Ao longo dos encontros, os bancos indicaram dificuldades em atender as principais reivindicações, argumentando a concorrência no setor.
Os representantes dos trabalhadores responderam que os bancos estão longe de perigo e detém, no País, 82% do mercado de crédito e 81% dos ativos do mercado financeiro. E que, no Brasil, a rentabilidade média dos bancos é de 15%, enquanto nos Estados Unidos é 6,5% e em países da Europa, como Espanha e Inglaterra, 10% e 9%, respectivamente.
Os trabalhadores reivindicam ainda:
- Fim da gestão por metas abusivas e que tem gerado adoecimento na categoria;
- Reforço aos mecanismos de combate ao assédio moral e sexual;
- Direito à desconexão fora do horário de trabalho;
- Direito às pessoas com deficiência (PCDs) e neurodivergentes;
- Suporte aos pais e mães de filhos com deficiência;
- Mais mulheres na TI;
- Combate à terceirização e garantia de empregos;
- Jornada de trabalho de quatro dias;
- Ampliação do teletrabalho.
A mobilização dos trabalhadores bancários é importante para todas as demais categorias, e conquistou, ao longo dos anos, direitos como PLR, vales alimentação e refeição, mesa de igualdade de oportunidade, criação de canais de combate ao assédio, entre muitos outros avanços. Eles não foram concedidos, mas conquistados com muita luta e organização, fazendo da categoria referência no País.
Redação, com Contraf-CUT