Encontro aconteceu nesta quarta, 26, com a participação do nosso Sindicato; Fenaban apenas informou que levará itens em debate para o colegiado dos bancos
A mesa “Emprego”, que ocorreu nesta quarta, 26, com a Fenaban, abriu oficialmente as negociações para renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários. O tema está entre as prioridades da categoria. O presidente do nosso Sindicato, Gheorge Vitti, participou do encontro.
Antes de entrar no tema, os trabalhadores cobraram a assinatura da ultratividade do acordo, para que todos os direitos da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria sigam válidos até a assinatura do novo acordo.
Afinal, a data-base da categoria é 1º de setembro. Como a reforma trabalhista acabou com a ultratividade (manutenção dos direitos da atual Convenção Coletiva de Trabalho até a assinatura do novo acordo), é importante que a campanha seja definida até o final de agosto.
“Nós decidimos iniciar a mesa de negociação com este pedido para seguirmos os próximos passos com serenidade, tendo essa garantia de que nossos direitos seguirão valendo, até a renovação do acordo", explicou a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira.
Emprego - De acordo com levantamento do Dieese, mesmo com lucros bilionários, nos últimos cinco anos, os bancos fecharam 3,2 mil agências em todo o País (88% delas de estabelecimentos privados). No mesmo período houve uma redução de 20,7 mil postos de trabalho bancário. Já entre os anos de 2014 e 2023 foram extintos cerca de 78 mil empregos bancários.
No entanto, os bancos não deixaram de lucrar alto: somente em 2023, registraram no Brasil um crescimento de 5% em comparação ao ano imediatamente anterior, o que significou um lucro líquido de R$ 145 bilhões no período.
O levantamento do Dieese revelou também que, em 2023, o total de gastos e investimentos dos bancos brasileiros com tecnologia foi de R$ 39 bilhões, e para 2024 a perspectiva é de crescimento de 21%, chegando a mais de R$ 47 bilhões.
Para o movimento sindical bancário os avanços tecnológicos são importantes e devem ser acessíveis a todos, mas não podem eliminar empregos e deixar uma minoria ainda mais rica.
“Os lucros dos bancos resultam do trabalho de seus funcionários, que sofrem com metas absurdas e adoecem cada vez mais. É urgente modificar essa realidade e garantir emprego e salário dignos e melhores condições de trabalho. Mas para avançar nessas conquistas a categoria precisa estar mobilizada e participar ativamente da campanha”, afirmou o presidente do nosso Sindicato.
Ele aponta que, ao demitir, os bancos caminham na contramão da economia, que vem dando sinais de crescimento. No mercado de trabalho formal no Brasil dos últimos 12 meses foram criadas 1,7 milhão de vagas formais: em 2024, até abril, o número de vagas criadas ultrapassa 958 mil postos de trabalho.
Enquanto isso, o setor bancário fechou 6.425 postos de trabalho em 2023 e, em 2024, até abril, 142 postos, o que aumenta a sobrecarga e o adoecimento entre os bancários e a precarização no atendimento à sociedade.
Prioridades - Na consulta nacional da categoria, com a participação de mais de 47 mil trabalhadores, as principais respostas em relação às prioridades na cláusulas sociais foram a manutenção dos direitos (70%); seguida do tema emprego (49%); combate ao assédio moral (45%) e jornada de 4 dias (42%).
Assim, durante a mesa de negociação desta quarta, os representantes dos trabalhadores bancários reforçaram a importância do tema emprego para a categoria.
Os representantes dos bancos alegaram que as vagas de emprego dependem de crescimento econômico. O Comando, então, propôs a assinatura de uma carta conjunta para cobrarem juntos, do Banco Central, a redução da taxa básica de juros, a Selic, que é alta e faz com que o Brasil tenha um dos maiores juros reais do mundo, comprometendo o desenvolvimento do setor produtivo e a criação de empregos.
Os trabalhadores cobraram ainda o retorno da homologação nos sindicatos, para que as entidades possam acompanhar de perto todo o processo, para garantia de direitos dos desligados; qualificação e requalificação profissional, sobretudo diante da revolução tecnológica e indenização adicional em caso de demissão.
A Fenaban, porém, não se comprometeu na mesa com as reivindicações apresentadas pelo Comando Nacional dos Bancários e informou que levará todos os pontos para debate no colegiado dos bancos.
Uma nova rodada de negociação está prevista para o dia 2 de julho, para debater as cláusulas sociais (teletrabalho, segurança bancária, jornada de 4 dias).
Para marcar a abertura das negociações e a defesa do emprego também foi realizado um tuitaço na manhã desta quarta.
Abaixo, confira o calendário de negociação e as principais reivindicações da campanha 2024.
Agenda
Julho
2 - (cláusulas sociais)
11 - (igualdade de oportunidades)
18 - (saúde e condições de trabalho)
25 - (saúde e condições de trabalho)
Agosto
6 - (cláusulas econômicas)
13 - (cláusulas econômicas)
20 e 27/8 – a definir
Reivindicações
•Aumento real de 5% (inflação + 5%), PLR maior e ampliação de direitos
•Fim do assédio e dos instrumentos adoecedores na cobrança de metas
•Representação de todos os trabalhadores do ramo financeiro
•Defesa dos empregos, considerando os avanços tecnológicos no trabalho bancário
•Redução da taxa de juros para induzir o crescimento econômico e geração de emprego e renda
•Reforma tributária: tributar os super ricos e ampliar a isenção do IR na PLR
•Fortalecimento das entidades sindicais e da negociação coletiva
•Ampliação da sindicalização
•Fortalecimento do debate sobre a importância das eleições de 2024 para a classe trabalhadora na defesa de seus direitos e da democracia: eleger candidatos e candidatas que tenham compromisso com as pautas dos trabalhadores.
Redação, com informações da Contraf-CUT e Seeb SP.