Calamidade pública do Rio Grande do Sul requer condições especiais para trabalhadores e seus familiares
Em reunião com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), nesta segunda-feira (6), representantes sindicais bancários da Contraf-CUT, da Fetrafi-RS e do Sindbancários/PoA relataram a situação de calamidade pública que vive o Rio Grande do Sul com as fortes chuvas dos últimos dias. A preocupação com as vidas da população, bem como a preservação e o cuidado com os bancários e bancárias, foi o tom do encontro, convocado às pressas pelo movimento sindical.
A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, manifestou solidariedade com a situação do RS e lembrou dos colegas bancários que vêm enfrentando problemas com o alagamento. “É hora de união em torno da população gaúcha, fortemente afetada pelas inundações.”
Os dirigentes do estado pediram solidariedade por parte dos bancos para que os bancários atingidos possam cuidar das famílias e de suas casas. O secretário de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles, comentou sobre o cenário desolador que atinge 70% dos municípios do estado do Rio Grande do Sul e afirmou ser fundamental uma mensagem de tranquilidade para os bancários que não têm condições de sair de casa. “O foco agora é acolher pessoas, salvar vidas, alimentar, aquecer e dar lugar adequado. Depois começa a reconstrução. Temos relatos de muitos bancários que perderam tudo”, contou o dirigente. “Há gestores pedindo para bancários cujas agências estão alagadas irem para a primeira unidade bancária que tiver aberta, mas o deslocamento nas cidades está prejudicado; há agências insistindo em abrir mesmo sem água, sem luz e sem internet”, completou Salles.
Empatia
Para o presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, o suporte a nível nacional, demonstrado pela crescente rede de suporte e mobilização, também precisa vir do conjunto dos bancos presentes em peso na reunião virtual. “A situação é muito pior do que imaginávamos que podia ser. Mesmo na capital, que conta com muros, diques e estrutura complexa de proteção, a situação é de colapso. Há municípios inteiros completamente submersos. E as demonstrações de unidade e empatia são fundamentais, nos dão força para continuar o trabalho de resgate e solidariedade feito neste momento”.
Fetzner acredita que uma comunicação uníssona dos bancos para a categoria bancária é o caminho para passar o sentimento de tranquilidade a quem precisa de ajuda e a quem precisa ajudar a família. “Temos muitos colegas em pânico. A meta agora é salvar vidas e recuperar a sociedade, portanto precisamos de tranquilidade para que as pessoas foquem na sua segurança. Entendemos que as instituições financeiras são fundamentais nesse processo de reorganização, tanto para distribuição de recursos quanto para acesso dos clientes a linhas de crédito. Mas, nos preocupa que a necessidade de funcionamento contingencial dos bancos confunda os bancários, que eventualmente pensem que precisam trabalhar, custe o que custar, mesmo sem condições em casa ou com agências sem condições. Precisa ficar claro que só é para trabalhar quem realmente tiver plenas condições e que ninguém será prejudicado”, reiterou o presidente da entidade.
A meta é salvar vidas
Além de transmitir o sentimento de desolação com o cenário no estado e com tantas pessoas atingidas, a dirigente da Fetrafi-RS, Priscila Aguirres, pautou também a urgência de tirar de frente a cobrança de metas. “A cada hora são recebidos relatos de terceirizados e bancários que perderam tudo, todos temos colegas que precisam de acolhimento. Estamos tentando tranquilizar os bancários, então é necessário que não exista preocupação com as metas”, afirmou.
Priscila reforçou que é preciso ser considerado também que as águas ainda vão demorar vários dias para escoar e que há uma tendência de que outros municípios mais ao sul ainda sejam severamente afetados pelas águas até que atinjam o oceano. Após isso, todo um longo processo de reconstrução das estruturas destruídas. “A tragédia não é só um problema de agora, vai se desenrolar por meses. Por isso frisamos a importância de a questão das metas comerciais ficarem em segundo plano.”
Na avaliação do diretor de Comunicação da Fetrafi-RS, Juberlei Bacelo, é imprescindível que os bancos tenham paciência com sua atividade econômica e coloquem a vida das pessoas em primeiro lugar, prestando apoio não só à categoria, mas à população em geral. “O próprio estado não tem dado conta, então a solidariedade das instituições, assim como os civis têm feito, é fundamental. Precisamos construir um diálogo a partir de hoje, como o diálogo que fizemos na pandemia, a respeito do que acontece no Rio Grande do Sul”, convocou Bacelo.
Diálogo constante
Ficou acordado com a Fenaban a criação de um comitê de crise para tratar da situação das enchentes. Além da aprovação do comitê de crise, foi encaminhada a solicitação de uma orientação geral com todos os pontos que são consenso entre os bancos. “Que se possa conseguir, através do GT e da Federação, uma orientação geral clara, para ajudar a organizar as pessoas, ainda que se trate individualmente os casos excepcionais”, requisitou Fetzner.
Fonte: Contraf-CUT