Velhos desafios se juntam a novos para a classe trabalhadora, em conjuntura política que, apesar de governo progressista no comando do país, ainda requer combate à ultradireita
Nesta sexta-feira (4), aconteceu na capital paulista o encontro de dirigentes de todo o país para a Plenária Nacional do Ramo Financeiro, com o objetivo de definir as contribuições da categoria para o 14º Congresso Nacional da CUT (Concut), que ocorrerá entre os dias 19 e 22 de outubro, também em São Paulo.
O evento, organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), teve início às 10h, marcado pelo discurso de abertura proferido por representantes da entidade.
“O movimento sindical bancário ajudou a fundar a Central Única dos Trabalhadores e participa ativamente em todos os estados, na luta da classe trabalhadora”, destacou a presidenta da Contraf-CUT e vice-presidenta da CUT, Juvandia Moreira.
“Nossa plenária aconteceu em um momento em que também está acontecendo a Conferência Nacional, e ambos os fóruns são para debater as pautas importantes da reconstrução do Brasil e para os bancários e bancárias”, pontuou o secretário-geral da Contraf, Gustavo Tabatinga.
“Nós vencemos o Bolsonaro, mas ainda não vencemos o bolsonarismo. Portanto ainda temos muito trabalho, debates importantes que precisam acontecer para enfrentar os ataques da extrema direita e para avançar nas pautas da classe trabalhadora”, acrescentou a anfitriã da plenária, Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
“Discutir as questões do sistema financeiro é fundamental para o país. Temos uma organização forte, [como sindicato cutista] e precisamos ampliar a representação para muitos colegas que estão no sistema financeiro, que saem dos bancos e estão em empresas do sistema financeiro que agem de todas as formas para que os trabalhadores não tenham representação sindical forte”, ponderou o secretário de Assuntos Jurídicos da Contraf-CUT, que também é presidente do Sindicato de Campinas e Região, Lourival Rodrigues.
“A nossa atuação foi importante para eleger Lula, evitar um segundo mandato Bolsonaro. Mas precisamos continuar, melhorar a nossa correlação de forças, inclusive no Congresso Nacional, para avançar nas pautas dos trabalhadores, em pautas que perdemos nos últimos anos, com reforma trabalhista, reforma previdenciária e desmonte do Ministério do Trabalho”, concluiu o secretário de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles.
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Propostas da plenária
As propostas debatidas e aprovadas pelos participantes, delegados e delegadas das bases filiadas da Contraf-CUT, foram relacionadas:
- Ao fortalecimento da classe trabalhadora
- Ao combate da violência contra a mulher
- À promoção da igualdade salarial
- À promoção da juventude
- À inclusão da juventude no mercado de trabalho e nas organizações sindicais
- Respeito à diversidade
- E combate ao racismo
Entre os desafios do cenário atual, que ressaltaram durante a discussão das propostas, estão a ampliação de jovens no movimento sindical e superação dos desafios impostos no mercado de trabalho pelo racismo estrutural.
“Alguns eixos prementes, para a juventude e que destacamos na plenária, são avançar em discussões que são de interesse dos jovens, na atualidade, como meio ambiente, questão de gênero e tecnologia”, destacou secretária da Juventude da Contraf-CUT, Bia Garbelini.
Em relação às políticas antirracismo, o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar, lembrou que as políticas de promoção à igualdade, estabelecidas nos governos passados de Lula e Dilma, sofreram desmonte, em especial, na gestão Bolsonaro, quando ocorreu, inclusive, estímulo ao racismo. “A responsabilidade do movimento sindical bancário é buscar uma sociedade justa e igualitária, que extrapola as fronteiras das reivindicações trabalhistas, uma vez que a realidade de violência impacta, invariavelmente, no mundo do trabalho”, observou.
A secretária da Mulher da Contraf-CUT, Fernanda Lopes, destacou que, diante dos vários desafios para igualdade de gênero ser alcançada no mercado de trabalho brasileiro, onde as mulheres ainda recebem cerca de 20% menos que os homens, mesmo que, em média, tenham maior grau de escolaridade, o movimento sindical tem papel fundamental no acompanhamento e implementação da Lei da Igualdade Salarial (nº 14.611/2023), de iniciativa do governo Lula e aprovada pelo Congresso Nacional.
Outra questão, abordada como “importantíssima” pela presidenta da Contra-CUT, que foi incluída nas propostas da plenária, é a participação dos trabalhadores em torno do processo de transição econômica que destrói o meio ambiente para uma economia sustentável. “Nessa questão, temos que incluir o combate à desigualdade”, completou Juvandia Moreira.
Sobre o 14º Concut
O 14° Concut será realizado entre os dias 19 e 22 de outubro, em São Paulo, quando também acontecerá a celebração dos 40 anos da CUT. O tema deste ano é “Luta, direitos e democracia que transformam vidas”.
“É um momento histórico em que passado e presente se encontram apontando para o importante papel que a CUT precisa desempenhar no processo de organização da classe trabalhadora e de reconstrução do país”, diz a entidade em nota, se referindo a atuação das entidades sindicais no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Desta forma, todo o processo de Congresso deve espelhar e fazer jus à importância da CUT para os trabalhadores e trabalhadoras e para o Brasil, tanto em número de delegadas e delegados, como também na qualidade das discussões e proposições que devemos apresentar, debater e aprovar. Um congresso massivo e organizado demonstrará a pujança da CUT para a sociedade, os movimentos sociais e a esquerda em geral”, completa a entidade.
Fonte: Contraf-CUT