O presidente do Banco Central se esquivou de estabelecer qualquer prazo para a tão esperada redução dos juros
247 — No evento do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo, nesta segunda-feira, Luiza Trajano, empresária do Magazine Luiza, criticou a manutenção dos níveis exorbitantes da taxa básica de juros, a Selic, estagnada em 13,75% ao ano, na presença do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Campos Neto se esquivou de estabelecer qualquer prazo para a tão esperada redução dos juros. Trajano argumentou que o varejo é o motor propulsor da indústria e da construção, e denunciou o excesso de produtos e a angústia das indústrias em encontrar um lugar para acomodá-los. Alertou também para o fracasso no combate à inflação.
O presidente do BC afirmou que “o mercado está dando credibilidade” a ações do governo Lula, o que “abre espaço para uma atuação em política monetária lá na frente”. Ele não indicou, porém, quando a queda de juros poderia começar.
“A nossa realidade é diferente. O varejo puxa tudo, a indústria, a construção. Estamos tendo excesso de produto, as indústrias não têm onde colocar, nem sempre esse remédio amargo também resolveu a inflação”, afirmou Trajano a Campos Neto. “Se estou defendendo, é pela pequena e média empresa. Queria pedir, por favor, para dar um sinal de baixar esses juros.” “Uma coisa é, dentro de uma sala, a gente pensar tecnicamente, mas outra coisa é a realidade”, continuou.
“Sem um sinal, não vamos aguentar. Quantas lojas aqui já foram fechadas? Quantas pessoas já foram mandadas embora? A desigualdade social é muito grande. É o emprego que salva as pessoas. Queria te pedir, em nome dos brasileiros, para dar um sinal. E não é de 0,25 ponto, que é muito pouco. Precisamos de mais”.
O presidente do BC disse, então, que voltaria ao evento em 2024 e que “a avaliação, olhando em retrospectiva, vai ter sido positiva”. “Vai ter muita gente quebrada, já”, devolveu Luiza Trajano.
Fonte: Brasil 247