Sem diminuir a taxa de juros o Brasil não voltará a gerar emprego e crescer
Diretores do Sindicato participam hoje de atividade em São Paulo para reivindicar queda da taxa básica de juros (Selic), atualmente fixada pelo Banco Central (BC) em 13,75% ao ano. Os protestos atingem vários estados, com organização da CUT e demais centrais sindicais.
Eles também reivindicam a democratização do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (CARF). O órgão é responsável por julgar processos administrativos de grandes devedores. No entanto, em geral beneficia as empresas sonegadoras, já que a maioria dos conselheiros representa empresários.
Os diretores do Sindicato também distribuíram boletim sobre a importância de redução da Selic. Alta como está, ela pesa ainda mais no orçamento dos mais pobres, dos endividados, dos trabalhadores e pequenos comerciantes. Impede o investimento, faz cair a produção, deixa tudo mais caro (cartão de crédito, compras financiadas, por exemplo) e ainda prejudica os programas sociais; ou seja, paralisa a economia e não deixa o País crescer.
Já para quem tem muito dinheiro e vive de renda, investindo no mercado, os juros altos são ótimos. “Ou seja: apenas uma pequena parcela da sociedade se beneficia da Selic elevada. Com uma taxa de juros a 13,75% não haverá geração de empregos nem desenvolvimento”, afirma o secretário de Comunicação do Sindicato e da CUT-SP, Belmiro Moreira.
Ele destaca ainda a importância de se democratizar o CARF, para que se impeça a sonegação das empresas e os recursos sejam aplicados em investimentos sociais. Só em 2021 o Brasil pagou R$ 586,4 bilhões de juros, o que corresponde a aproximadamente 6% do PIB. Isso quer dizer que 6% de toda a riqueza gerada no País foram destinados aos endinheirados portadores de títulos públicos federais, e o governo, em vez de investir em educação e saúde, teve que gastar com juros.
O valor é também quase o dobro do gasto com juros acumulados de agosto de 2020 a julho de 2021, quando a Selic ainda estava entre 2% ao ano e 4,25% ao ano, e o gasto com juros foi de R$ 323,5 bilhões, representando 3,94% do PIB.
De acordo com o Tesouro Nacional, aproximadamente 76% de todos os títulos da dívida brasileira pertencem a instituições financeiras, fundos de investimentos e de previdência – ou seja, aos bancos. “Nós defendemos um País que cresça, com emprego e distribuição de renda, preocupado com a sociedade, e não com os grandes investidores e rentistas”, destaca Belmiro.
As manifestações prosseguem durante todo o dia também nas redes sociais, com as hashtags #ForaCamposNeto (Roberto Campos Neto, presidente do BC) e #JurosBaixosJá.
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