Os maiores empregadores do País, entre os quais estão os bancos, vão manter equipes em home office e trabalho híbrido. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo publicada nesta segunda, 23, isso deve ocorrer mesmo com o avanço da vacinação.
No entanto, os bancos decretaram o retorno ao trabalho presencial mesmo para grupos de risco, e negociações vêm ocorrendo com o movimento sindical. No Banco do Brasil e Bradesco, por exemplo, essa volta deve ocorrer até 6 de junho (leia mais no site).
O retorno ao presencial foi definido depois de o governo federal ter decretado o fim do Estado de Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (Espin). Com isso também se encerra o Acordo Emergencial de Covid-19, que autorizou o trabalho em home office.
O Sindicato lamenta que o “fim” da pandemia tenha sido decretado pelo governo Bolsonaro mais uma vez sem a anuência da ciência, e reforça a importância de manutenção da prevenção para segurança dos funcionários e dos clientes, pois nas últimas semanas houve inclusive aumento na média dos casos de contágio e mortes.
Pesquisa - Consulta feita com mil pessoas pela Edelman América Latina em março aponta que os brasileiros estão satisfeitos com seus empregos atuais, percepção que aumentou com o trabalho remoto. Para 61%, o home office fez crescer a satisfação com o emprego, enquanto apenas 16% disseram que diminuiu. Além disso, o estudo —que foi encomendado pela plataforma de suporte tecnológico para empresas ServiceNow— diz que 7 em cada 10 estão trabalhando de casa ao menos em dois dias na semana, ante 52% no pré-pandemia.
Entre os aspectos positivos do home office apontados estão a economia de tempo de deslocamento (51%), a economia de dinheiro (43%) e o maior tempo com a família (41%). Por outro lado, 28% se sentem mais desconectados do trabalho, e 27% dizem que é mais fácil se distrair.
Outro estudo recente, da Eaesp/FGV (Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas) e em parceria com o PageGroup e a PwC Brasil, apontou que 72% dos executivos dizem acreditar que a chefia se adaptou ao trabalho remoto, e 71% dos colaboradores têm expectativas de mudanças no ambiente de trabalho, rumo a uma maior flexibilização. Em empresas de menor porte a decisão também tem sido manter dias de trabalho fora do escritório.
Fonte: Redação, com informações da Folha de S. Paulo
Confira a situação nos bancos (*)
Itaú Unibanco
Com quase 100 mil colaboradores hoje, o Itaú Unibanco chegou a migrar metade de seu quadro para o modelo remoto no início da pandemia, em 2020. Em fevereiro deste ano, o banco passou a adotar três modelos de trabalho nos escritórios administrativos: presencial (para os colaboradores cujas funções demandam presença no banco todos os dias) híbrido (times que precisam trabalhar nos escritórios com frequência ou em situações predefinidas) e flexível, que prevê mais autonomia.
Bradesco
No Bradesco, segundo dados da reportagem, há a expectativa de manter cerca de 30% do quadro de funcionários no sistema híbrido para as áreas administrativas com atividades elegíveis. De acordo com o banco, que tem cerca de 87, 5 mil funcionários, “o aprendizado com o trabalho remoto permitiu que, por meio de acordo coletivo com o movimento sindical, fôssemos o primeiro banco de grande porte a assumir o compromisso de adotar essa forma de trabalho após a pandemia", e a modalidade de trabalho passou a ser relevante para a atratividade e a retenção de talentos.
Caixa
A Caixa chegou a ter mais de 56 mil empregados (35,6% do total) trabalhando de casa, em razão da pandemia, e teve retorno positivo por parte dos que atuaram remotamente, sobretudo pela maior autonomia e possibilidade de conciliação entre trabalho e família. Segundo informou o banco à reportagem, "considerando o cenário atual, estudam-se a implantação e percentuais aplicáveis para manutenção do trabalho remoto na empresa".
Banco do Brasil
Após usar a modalidade durante a pandemia, o Banco do Brasil implantou o trabalho de formato híbrido, com até dois dias na semana fora do escritório. Atualmente, são cerca de 4% dos 86,3 mil funcionários alternando entre o trabalho remoto e o presencial. A instituição diz acompanhar a tendência das novas modalidades de trabalho desde 2015, quando criou um projeto-piloto para alguns funcionários, e a necessidade de adotar o trabalho remoto durante a pandemia reforçou as vantagens dessas modalidades.
No fim de março, o governo editou uma medida provisória que regulava o trabalho híbrido. Especialistas em direito do trabalho ainda se dividem sobre a possibilidade de as novas regras virem a incentivar mais empregadores a ofertar essa modalidade de trabalho.
(*) segundo reportagem da Folha de S.Paulo:
Os maiores empregadores do País
(em 2019, antes da pandemia):
- Correios: 109,6 mil
- Banco do Brasil: 104,5 mil
- Caixa: 91 mil
- RF: 87,6 mil
- Bradesco: 86,7 mil
Em 2022*:
- Itaú Unibanco: 99,6 mil
- Correios: 88,5 mil
- BRF: 96 mil
- Caixa e Bradesco: 87,5 mil (cada um)
- Banco do Brasil: 86,3 mil
*Até o primeiro trimestre; dado mais recente da BRF é de 2021
Fontes: Empresas e Rais (Ministério do Trabalho e Previdência), Folha de S.Paulo