Mais de duas mil agências foram fechadas em dois anos, o que aumenta a exclusão social em todo país
Enquanto o número de pobres no Brasil saltou de 9,5 milhões, em agosto de 2020, para 27 milhões, em fevereiro de 2021, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas, o lucro dos bancos não para de crescer.
O balanço financeiro apresentado pelo Bradesco, Banco do Brasil, Itaú e Santander mostra que os quatro maiores bancos do país, juntos, ganharam R$ 22,1 bilhões no segundo trimestre deste ano, uma alta de 63,6% em relação ao mesmo período de 2020.
Mesmo assim, as instituições seguem deixando um rastro de irresponsabilidade e aproveitam a pandemia para fechar agências. Desde março do ano passado, 2.080 agências em todos o país deixaram de existir e fizeram com que 89 municípios ficassem sem ao menos um posto de atendimento presencial, conforme dados do Banco Central (BC).
O número de cidades que não possuem agência, posto de atendimento presencial ou caixa eletrônico saltou de 377 para 384 no mesmo período.
Os números são ainda piores se computados os últimos cinco anos. De acordo com o BC, 4.752 agências tiveram as atividades encerradas, dado que impacta diretamente àqueles mais fragilizados durante a pandemia e que necessitam de postos para atendimento presencial.
Mesmo o serviço bancário tendo sido considerado durante a pandemia (ainda em curso) como atividade essencial, a categoria foi atingida em cheio por um setor que tem no corte de atendimentos uma forma de ampliar o lucro, aponta o vice-presidente da CUT-SP, Luiz Cláudio Marcolino.
“Durante a pandemia, os bancários colocaram a própria vida e a de seus familiares em risco e agora muitos são ‘presenteados’ com a perda de emprego. Mesmo com os bancos aumentando o lucro a cada ano e mesmo com a redução do custo operacional por conta do home office. A responsabilidade social, tão presente nas publicidades das instituições, deveria ser aplicada na prática para que os trabalhadores que não possuem acesso aos serviços remotos pudessem ser atendidos”, critica.
A política dos bancos impacta principalmente pessoas de baixa renda e moradores de áreas sem cobertura satisfatória de internet. A mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad C) apontava, em 2019, que 39,8 milhões de pessoas não tinham conexão com internet no Brasil.
Além disso, a transformação de locais como lotéricas em correspondentes bancários amplia a insegurança entre trabalhadores desses postos e fazem com quem os serviços oferecidos à população sejam mais limitados, já que não realizam todas as operações executadas pelas agências.
“O que se espera de quem ganha muito é que ao menos parte desse lucro seja destinado a atender dignamente a população”, pontua Marcolino.
Fonte: CUT