Desconfiança na gestão vem da própria diretoria; enquanto isso, eles aumentam os próprios salários e seguem fechando agências e quadro de funcionários
Dois vice-presidentes do Banco do Brasil renunciaram aos cargos na noite de ontem (13). As renúncias acontecem uma semana após a posse do novo presidente do banco, Fausto Ribeiro, que levou outros dois membros do conselho de administração a deixarem a empresa alegando que Ribeiro “não tem experiência em gestão” para presidir a instituição.
“Há um evidente descompasso na diretoria do BB, e a desconfiança na gestão está inclusive entre eles. Enquanto isso o banco vai sendo desmantelado em plena pandemia, quando o País mais precisa das empresas públicas”, destaca o diretor sindical e funcionário do banco, Otoni Lima.
Como se não bastasse a reestruturação para fechar agências e reduzir o número de bancários, o BB ainda aumenta em 28% os salários de seus diretores, e os conselheiros não impedem porque isso também os beneficia. “A reestruturação tinha como justificativa economizar, mas serviu para os diretores aumentarem seus próprios salários, assim como o valor dos dividendos pagos aos acionistas do banco”, destaca o diretor sindical.
Alegações - O vice-presidente de gestão financeira e de relações com investidores e funcionário de carreira do banco, Carlos André, justificou a renúncia com a aposentadoria, enquanto o vice-presidente corporativo, Mauro Ribeiro Neto, alegou “motivos pessoais”. Neto estava no BB há dois anos e meio, depois de ter trabalhado no extinto Ministério do Planejamento e na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN).
De acordo com fato relevante divulgado à Comissão de Valores Mobiliários (CMV), foram indicados para substituir André e Neto, respectivamente, José Ricardo Forni, atual diretor de suprimentos, infraestrutura e patrimônio do BB, e o advogado Ênio Mathias Ferreira, diretor de governo da instituição financeira. Os nomes ainda precisam ser aprovados pelo conselho de administração.