Nós que amamos a democracia
NOTÍCIAS BANCÁRIAS chega à edição número 1000 e resgata ações da entidade pela conquista e fortalecimento da democracia brasileira, que nesse exato momento corre riscos a caminho do segundo turno das eleições presidenciais.
Desde o início, a valorização de um Brasil democrático
A edição inicial do Notícias Bancárias é do segundo semestre de 1994. Ainda sem numeração, a publicação faz um rápido balanço da campanha salarial daquele ano e destaca a festa de posse da diretoria, eleita após longos anos de intervenção na entidade. As intervenções, que atingiram centenas de Sindicatos pelo Brasil, foram uma prática comum da ditadura civil-militar que atingiu o País entre os anos de 1964 a 1985. Só em 1964 a ditadura interveio 456 vezes em sindicatos, e mais 358 vezes em 1965, destituindo lideranças eleitas, fechando as entidades mais combativas e nomeando seus interventores. Muitos sindicalistas também foram mortos ou desapareceram durante a ditadura.
O número 1 – Oficialmente, a edição número 1 do NB data de agosto de 1994, e traz como manchete “As propostas indecentes dos banqueiros”. Coincidentemente também era ano eleitoral e, ainda na edição, destacava-se uma ameaça à Nossa Caixa: “Proposta de Covas é fechar a Nossa Caixa Nosso Banco”. A Nossa Caixa foi incorporada ao BB em 2008, ainda na gestão tucana no governo de São Paulo.
O Sindicato-cidadão expresso nas páginas do boletim
Evidentemente, as edições do NB desde 1994 destacam as campanhas salariais, os embates e as conquistas da categoria. Nelas estão ainda as lutas contra a privatização dos bancos (há um grande movimento em defesa do Banespa no ano de 2000), especialmente na era FHC, quando foram promovidas centenas de privatizações e fusões em todos os setores.
Mas, graças à democracia conquistada pelos brasileiros – e que permite a atividade sindical, a realização de assembleias, greves, negociações etc - muitos outros temas despontam nas páginas dos NBs. Igualdade de oportunidades no trabalho e na sociedade, pressão pela criação de políticas em defesa das mulheres, dos adolescentes e das crianças, criação de centro de formação da entidade; reivindicações por mais acesso à educação e participação popular.
São muitas as bandeiras e ações, só possíveis graças ao direito de livre organização da categoria, liberdade de expressão e conquista da cidadania: três condições básicas num regime democrático.
A ditadura e as condições de trabalho
Muitas edições do NB denunciaram, ao longo desses 24 anos, más condições de trabalho nos bancos. Desde falta de ar condicionado até reformas que adoecem pelo barulho, poeira, riscos de quedas. E ainda assédio moral, estresse, jornada desrespeitada, falta de funcionários: tudo isso colabora para os casos de doenças e afastamentos.
Nos anos de ditadura civil-militar no Brasil, quando os sindicatos estavam sob intervenção, isso seria impossível. Dentro das empresas (e a Fiesp e outras entidades patronais apoiaram fortemente a ditadura) não havia qualquer atenção à segurança dos empregados, e muitos casos de acidentes graves e mortes ocorreram sem que ninguém fosse responsabilizado.
Sobre o acidente do trabalho especificamente, pela lei 5.316/67, a palavra “indenização” foi substituída pela categoria “prestação”, sendo que o empregador ficava isento de responsabilidade - cabia ao acidentado o ônus pela lesão física e, ao Estado, o dever de ampará-lo temporária ou definitivamente.
As CIPAs até já existiam, mas eram, em geral, compostas por representantes da empresa, em cargos de chefia, sem compromisso com a maioria dos empregados. As relações com os trabalhadores, impedidos de representação sindical, eram também mais truculentas, vigilantes e punitivas, sem acesso a qualquer canal de negociação.
“Em defesa da democracia”
é a manchete da edição de março de 2016
O impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff representou, para maioria dos movimentos sociais e das organizações da sociedade civil do País (entre elas o Sindicato), um verdadeiro golpe à democracia reconquistada em 1985, denunciado não só no Brasil, mas em vários países.
A votação do impeachment, que teve deputados “denunciando” a corrupção e indo em cana logo em seguida, foi uma espécie de tragicomédia que alçou ao poder o ilegítimo Michel Temer. Sob seu governo, dezenas de ´pautas-bombas´ foram aprovadas, a maior parte de ataque aos trabalhadores e à sociedade brasileira em geral.
Entre essas pautas nefastas que acabaram se tornando leis estão a reforma trabalhista, que retira dezenas de direitos; a terceirização indiscriminada e a PEC do Teto, que proíbe o investimento público em setores essenciais como saúde e educação durante 20 anos. Tudo para favorecer o mercado privado, assim como as privatizações em curso, que já atingem a Petrobras e podem chegar aos bancos públicos.
> A partir da Edição 990, de 24 de julho deste ano, o NB passou por uma reformulação em seu projeto gráfico, mantendo o compromisso com a transparência e a informação que, de fato, interessa à categoria.
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