Evento no campus São Bernardo, na tarde de ontem (16), contou com apoio do Sindicato dos Bancários do ABC e participação de coautores da publicação, como Rita Serrano e João Moraes; Caixa, Petrobras e
Semasa foram as empresas abordadas pelos debatedores
A Universidade Federal do ABC sediou nesta quinta, 16, seminário sobre as empresas públicas brasileiras, que correm grande risco de privatização e desmonte no atual governo. O debate foi marcado pelo lançamento do livro Se é público, é para todos, coletânea de textos sobre as estatais que traz entre seus autores dois representantes do sindicalismo da região do ABC paulista: a bancária Maria Rita Serrano, que atualmente integra o Conselho de Administração da Caixa e é coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas, e João Moraes, um dos coordenadores nacionais da Federação Única dos Petroleiros (FUP). A mesa foi composta ainda pelo representante do Sindserv Santo André, Rodrigo Gomes, e teve a mediação do professor da universidade Sidney Jard.
Os ataques às empresas públicas no atual modelo privatista de governo são extensos e atingem toda a sociedade, que terá de pagar por serviços de pior qualidade. E, em especial, afetam os trabalhadores dessas instituições, ameaçados pelo corte de direitos. O governo Temer tem uma lista de privatizações com cerca de 150 empresas e ativos, há “reestruturações” que resultam em demissões e muitas investidas para se acabar com direitos, como no caso dos planos de saúde nas estatais federais. O prejuízo à sociedade com os ataques às empresas públicas torna-se ainda mais cruel se somado ao corte nos investimentos públicos por 20 anos, aprovado pelo Congresso Nacional.
Durante o evento Rita Serrano apresentou dados gerais sobre as empresas públicas, muitas delas centenárias (Correios, Casa da Moeda, Caixa, Banco do Brasil), destacando que não se pode associar corrupção ao que é público, já que ocorre em todos os tipos de empresas como consequência de um modelo capitalista que valoriza apenas o acúmulo de bens. Em especial sobre a Caixa, seu importante papel na economia brasileira vem sendo reduzido com os cortes em programas sociais, tais como o Minha Casa, Minha Vida, e a privatização de ativos (caso das Loterias instantâneas, por exemplo). A Caixa e o Banco do Brasil também fecharam centenas de agências e promoveram milhares de cortes de postos na categoria. E não há como sair da crise sem os bancos públicos, já que são fomentadores do desenvolvimento regional e nacional e investem onde os bancos privados não têm interesse, pois só objetivam o lucro imediato.
Assim como Rita, que discorre especificamente sobre a questão da Caixa no livro lançado no evento da UFABC, outro coautor da obra, João Moraes, da Federação Única dos Petroleiros (FUP), abordou a trajetória e atuais investidas do governo Temer contra a Petrobras, bem como as perspectivas para a empresa, representante de um setor estratégico para a soberania do País, o energético. As questões da exploração do pré-sal (uma imensa riqueza que deveria servir a investimentos para o povo brasileiro, mas está indo para a mão de estrangeiros), da depreciação que se tentou fazer com a empresa na Operação Lava-Jato, da perda de competitividade e da precarização do trabalho são outros pontos que marcam a discussão sobre a Petrobras.
Santo André – Além das nacionais, o debate na UFABC abordou uma empresa pública municipal da região do Grande ABC: o Semasa – Serviço Municipal de Água de Santo André. Rodrigo Gomes, representante do Sindserv (Sindicato dos Servidores) de Santo André afirmou que o Semasa é hoje a maior empresa de águas do estado de São Paulo municipalizada, responsável pela arrecadação direta de cerca de 10% das receitas da cidade. No entanto, tem uma dívida estimada em quase R$ 4 bilhões, segundo a Prefeitura, e pode passar às mãos da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) para quitação.
“Hoje temos cerca 1.000 funcionários públicos semasianos ameaçados com essa possível privatização, e que podem ficar sem estabilidade. Estamos promovendo várias ações para que isso não aconteça, como por exemplo uma proposta de lei orgânica do Município. E continuamos na luta contra a entrega do Semasa à Sabesp”, afirmou Rodrigo.
A TVT – TV dos Trabalhadores – fez a cobertura do evento na universidade, com reportagem apresentada na noite de ontem no Seu Jornal e que pode ser acessada no vídeo abaixo.
Livro - O livro “Se é público, é para todos”, apresentado no evento da UFABC, decorre de campanha nacional do mesmo nome lançada em 2016 pelo Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas. A publicação teve o apoio da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e da FUP e inaugurou o catálogo 2018 do Projeto de Extensão Editorial do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LPP/UERJ).
Ao todo são quatro ensaios organizados pelo sociólogo Emir Sader, que resgatam gestões governamentais e modelos econômicos adotados em relação às empresas públicas. O primeiro texto, de Sader, apresenta uma visão mais abrangente do tema, retomado em recortes nos demais. Além dos capítulos sobre a Caixa e Petrobras, o economista Fernando Nogueira da Costa reflete sobre a concessão de crédito por parte dos bancos estatais.
O livro pode ser adquirido ao custo de R$ 20 mais despesas de correio, bastando solicitá-lo pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. com os dados do interessado (nome completo e endereço para envio). O valor arrecadado será revertido para a campanha “Se é público, é para Todos”. Para mais informações acesse http://www.comiteempresaspublicas.com.br