Área restrita

60% dos bancários prometem greve por aumento real de salário; pauta será entregue amanhã

Notícias
Tipografia

Categoria avisa também que não votará em parlamentares que aprovaram reforma trabalhista; dados constam da consulta realizada em todo o País

Os bancários estão dispostos a paralisar as atividades para que as reivindicações da Campanha Nacional Unificada 2018 sejam atendidas pelas instituições financeiras. Isso é o que mostram os resultados da consulta feita pelo Comando Nacional do Bancários à categoria. 

Sindicatos de todo o País colheram as respostas dos bancários de agências e departamentos por meio de formulário físico e pela internet. Os dados apontam que 60% dos trabalhadores vão aderir à greve caso as reivindicações da categoria não sejam atendidas e as assembleias deliberem pela paralisação.

Para o movimento sindical bancário, o resultado representa uma prova de que a categoria entendeu que seus direitos estão em risco e, se não se mobilizar, todas as conquistas obtidas em décadas de lutas poderão desaparecer. O Comando Nacional dos Bancários entregará à federação dos bancos (Fenaban) nesta quarta-feira (13) a pauta de reivindicações da categoria e um pré-acordo para garantir a manutenção de todos os direitos da CCT e dos acordos específicos até a definição das negociações deste ano.

Prioridades - A pesquisa também apontou que, para 25% da categoria, a prioridade da campanha deve ser a conquista do aumento real. Outros 23% querem que a prioridade seja a manutenção de direitos e 18% o combate ao assédio moral. A garantia do emprego (15%) e o impedimento da terceirização (14%) vieram na sequência.

A 20ª Conferência Nacional dos Bancários aprovou a reivindicação de um reajuste para repor a inflação (INPC/IBGE) mais 5% de aumento real.

Quem votou não volta - A pesquisa também mostra que, para 73% dos bancários, a reforma trabalhista (Lei 13.467/2017) foi péssima para o trabalhador e que 79% não apoiarão nas urnas os deputados e senadores que votaram favoráveis à nova lei.

O Comando Nacional dos Bancários planeja uma campanha para mostrar aos bancários e a toda a sociedade quais foram os parlamentares que votaram a favor da reforma.

Conferência - Aumento real para os salários e demais verbas, defesa da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) com todos os direitos para todos os trabalhadores da categoria; manutenção da mesa única de negociações entre bancos públicos e privados; dos empregos, com a proibição das demissões em massa. E garantir que nenhum bancário receba PLR menor em 2018. Essas são algumas das principais reivindicações definidas durante a 20ª Conferência Nacional da categoria.

Reação contra o golpe - Esta será a primeira campanha da categoria após o golpe, já que em 2016 os trabalhadores garantiram um acordo de dois anos contra a retirada de direitos autorizada pela reforma trabalhista do governo golpista de Michel Temer. O acordo é válido até 31 de agosto de 2018. 

Para se defender dessa lei em vigor desde 11 de novembro de 2017, os bancários querem incluir uma cláusula determinando que contratos de trabalho intermitente, parcial, autônomo, terceirizado, só podem ocorrer se forem acordados com o Comando Nacional dos Bancários. O mesmo em relação à contratação de banco de horas ou compensação, que deverá ser feita via negociação coletiva.

Também se reivindica que as homologações sejam realizadas nos sindicatos como forma de defender que os bancários recebam tudo que lhes é devido em caso de demissão. A pauta garante ainda que o acordo valha para o trabalhador hipersuficiente - de acordo com nova lei pós-golpe, empregados com nível superior e remuneração acima de duas vezes o teto de benefícios do INSS (que hoje corresponderia a R$ 11.291) negociariam direto com o patrão, correndo o risco de perder direitos como a PLR.

Bancos e a desigualdade - A categoria conta com 485.719 trabalhadores (de acordo com dados da Rais de dezembro de 2016), mas dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged do Ministério do Trabalho, indicam que mais de 40 mil postos de trabalho foram extintos pelos bancos após o golpe.

Isso em instituições que viram o lucro líquido crescer R$ 20,6 bilhões no primeiro trimestre de 2018, crescimento de 20,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2017, esses cinco maiores (BB, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander) lucraram R$ 77,4 bilhões, alta de 33,5% em 12 meses. Ou seja: os bancos continuam lucrando como sempre, numa das piores crises já vividas pelo Brasil, e quem paga a conta é o trabalhador.

Trabalhadores e a sociedade - Diante do quadro pós-golpe, os bancários definiram como pontos nacionais centrais a defesa dos bancos públicos como BB, Caixa, BNDES, BNB, Basa e das demais estatais (como Petrobras e Eletrobras).

Foram aprovadas resoluções em defesa dessas instituições, da democracia e das eleições 2018; pela liberdade de Lula e seu direito de ser candidato, como pontos estratégicos para os trabalhadores – afinal, será nas urnas, com democracia, que os trabalhadores poderão mudar os rumos de uma política de governo que está levando o Brasil à ruína desde o golpe.

Os bancários também aprovaram durante a Conferência a participação no Dia Nacional de Luta, convocado pelas centrais sindicais para 10 de agosto. Será o Dia do Basta ao Desemprego, ao desmonte do Brasil.

Fonte: CUT

BLOG COMMENTS POWERED BY DISQUS