Seleção de convidados incluiu globais e destacou ambição “positiva” e adequação a “novo mercado financeiro”; ministro Meirelles foi um dos presentes
O Banco do Brasil discutiu, entre os últimos dias 20 e 21, o perfil de liderança que deseja, realizando encontro “de cunho motivacional”. Foi o Lidera BB. Entre os vários convidados estava Henrique Meirelles que, além de ministro da Fazenda, é banqueiro, defende a privatização da instituição e é pré-candidato à presidência da República.
O convite a um representante do governo num banco público não deveria causar estranheza; no entanto, Meirelles engrossou um time de convidados cujo cachê não costuma ser baixo, como o administrador de empresas e comentarista Max Gehringer e a jornalista Giuliana Morrone, entre outras personalidades, além de vários especialistas em gestão e liderança.
Além disso, Meirelles – o homem que pretende entregar os bancos públicos à iniciativa privada e está por trás de ataques aos direitos dos trabalhadores (como por exemplo na resolução que exclui a oferta de plano de saúde aos futuros funcionários do BB e piora as condições atuais) evidenciou o descaso do governo com os funcionários do BB e a sociedade brasileira.
Ele disse, após o evento, que o governo pode realocar recursos de ministérios para a intervenção militar no Rio de Janeiro, já que o teto dos gastos públicos “impede que haja um aumento descontrolado e insustentável” das despesas sociais do atual governo. É bom lembrar que o teto dos gastos públicos também atinge o orçamento do BB, com o congelamento de despesas na folha de pagamento.
Em época de reestruturações e cortes, o porte do evento, realizado no Allianz Parque com cerca de 5 mil funcionários de mais de 2,5 mil municípios, impressiona. “A questão da austeridade com as verbas do banco, num momento em que muitos empregados têm seus salários diminuídos pelas reestruturações, vai para o ralo. O BB prioriza discutir lideranças a tratar dignamente todos os seus empregados”, afirma o diretor sindical Otoni Lima, lembrando que muitos gestores espalhados perderam seus cargos em todo o Brasil ou se viram na obrigação de aderir ao PAI ou PAQ.
Curiosamente, um dos temas em destaque foi a ambição, abordada apenas em seu aspecto positivo no evento, relacionando-a ao Propósito do Banco do Brasil. Também se tratou da necessidade de uma “transformação cultural” no banco diante de novos desafios. “Precisamos nos adequar a um novo tempo, um novo mercado financeiro”, afirmou o presidente do Banco, Paulo Caffarelli.
O que isso significa só o tempo dirá, mas é possível prever que as investidas de privatização serão crescentes, assim como vem ocorrendo em outras empresas públicas brasileiras. “O BB pede adequação a um novo tempo, mas esse novo tempo não pode ser desvinculado da manutenção dos direitos dos trabalhadores”, finaliza o diretor Otoni.
Da Redação, com informações do Seeb SP
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