Entidade participou da manifestação no Rio de Janeiro no último dia 3, que reuniu representantes de várias categorias ameaçadas pela privatização
Os trabalhadores de empresas públicas e representantes sindicais e de entidades que defendem a soberania do Brasil, na luta contra as privatizações e a precarização de serviços, ocuparam no último 3 de outubro as ruas centrais do Rio de Janeiro, numa grande manifestação que prosseguiu durante todo o dia. O Sindicato estava presente ao ato convocado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), Frente Brasil Popular, CUT e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), com o apoio do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas.
Entre as categorias participantes, além dos bancários, destaque para petroleiros, bancários, urbanitários (Cedae, Eletrobras, Eletronorte), moedeiros (Casa da Moeda), ecetistas (Correios) e integrantes de movimentos como Cristianismo e Transformação Social, Levante da Juventude e o MAB. A manifestação representou uma resposta ao recente pacote de privatizações anunciado pelo governo federal, que inclui 57 bens estatais nos setores energético, petrolífero, transportes (rodovias, portos, aeroportos), bancos (Caixa, BNDES, Banco do Brasil, entre outros), Correios, Casa da Moeda, e o corte de investimento em áreas essenciais, como saúde, educação e a pesquisa científica, por exemplo.
“É fundamental que a sociedade tome conhecimento do que pode acontecer caso essas empresas sejam privatizadas. As estatais são vitais para o desenvolvimento do Brasil, e muitos programas sociais e serviços podem ser reduzidos ou simplesmente desaparecer sem elas”, aponta o presidente do Sindicato, Belmiro Moreira. Um caso exemplar é a Petrobras, cujos imensos recursos do pré-sal poderiam ser utilizados em prol da sociedade, mas igualmente irão para o balcão de negócios montado pelo governo federal. Outro, a Eletrobras, que opera mais de 200 usinas de geração de energia, incluindo Furnas, duas termoelétricas e seis distribuidoras, responsáveis por mais de 60 mil quilômetros de linhas de transmissão, o que representa metade do total produzido no País. E ainda, diretamente relacionado à categoria, os bancos públicos que, como a Caixa e o Banco do Brasil estão à frente de exitosos programas sociais que tornam acessível o crédito aos brasileiros de menor renda.
A manifestação, que começou na Eletrobras e teve parada na sede do BNDES, terminou na Petrobras, que completava 64 anos de existência. O ex-presidente Lula participou do encerramento, destacando que que “falar de soberania é não dever nada ao FMI. É fazer a briga que fizemos para que o Brasil fizesse parte do Conselho de Segurança da ONU(...) Não é possível abdicar da indústria naval, da Eletrobras, do BNDES, da Casa da Moeda... Essa gente está vendendo tudo porque não tem competência”. Um dia após o ato o jornal Valor Econômico publicou que as estatais brasileiras apresentaram um crescimento de 35,8% em seu lucro no primeiro semestre deste ano, se comparado com o anterior. As principais estatais federais registraram lucro líquido de R$ 18,1 bilhões no período, um desempenho que desmente a argumentação do governo de que são deficitárias e precisam de reestruturações para ajustes. Essas “reestruturações” já resultaram em redução de mão de obra em bancos como o BB e a Caixa, fechamento de agências e unidades de trabalho e ameaças de cortes de direitos para os empregados. O panorama de desmonte se repete em várias outras empresas públicas.