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Cidades da região testam alunos e professores

Coronavírus
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Mas reabrir escolas ainda não é seguro

Duas cidades do Grande ABC anunciaram a realização de inquérito epidemiológico (testes para covid-19) em alunos e professores. Ontem, 17, a região somava 2.379 mortes pela doença, que já tirou a vida de 135.031 pessoas no País.

Em Santo André o inquérito epidemiológico escolar deverá atingir 5.000 profissionais na primeira fase. Na segunda etapa serão testados estudantes das redes municipal, estadual e privada, por meio de amostragem, com critérios definidos pela Secretaria de Saúde. Profissionais que atuam nas redes estadual e privada também serão testados por amostragem. A forma de cadastro para realização dos testes e o local dos exames deverão ser divulgados nos próximos dias pela Prefeitura.

Já São Caetano faz os testes em parceria com o Inpes/USCS (Instituto de Pesquisa da Universidade Municipal de São Caetano do Sul). Alunos, professores e funcionários das 64 escolas municipais da cidade começaram a ser testados dia 14, e a atividade prossegue até hoje, 18.

O objetivo é realizar 1.900 testes rápidos (sorológicos), o que corresponde a uma amostra de cerca de 7,5% de cada grupo a ser testado. Os participantes foram sorteados, com 400 alunos de cada fase: ensino infantil, alunos do fundamental I e II e ensino médio, além de 300 funcionários da rede que atuam em todos esses ciclos.

As cidades divulgaram que a intenção é obter um retrato dessa comunidade, sem anunciar eventuais datas para retorno presencial às aulas. Essa possibilidade divide muitos pais e educadores e é defendida pela maior parte dos donos dos estabelecimentos de ensino privado, mas a maioria dos especialistas não recomenda a volta.

Em meados de agosto, ao abordar o tema, a Organização Mundial de Saúde (OMS) argumentou que menos de 10% da população mundial apresenta anticorpos contra o coronavírus, e que ainda é desconhecido o papel exato da imunidade celular no combate à covid-19.

Além disso, uma das principais preocupações é entender como as crianças reagem à infecção pelo coronavírus, pois em todo o mundo foram elas as menos expostas. Um mapeamento feito pela Prefeitura de São Paulo em 6.000 crianças e adolescentes de 4 a 14 anos mostrou que mais de 64% das crianças infectadas pelo coronavírus são assintomáticas.

Já os argumentos para retomada das aulas presenciais relacionam o afastamento do ambiente escolar com o aumento das violências contra crianças e adolescentes, das desigualdades sociais e da evasão escolar – essa sim, uma das grandes preocupações dos donos de escolas particulares, que em São Paulo já entrou com ação na Justiça pedindo o retorno às aulas.

Países que reabriram as portas das escolas, porém, tiveram que voltar a interromper as aulas presenciais. Em Jerusalém, por exemplo, uma das escolas mais tradicionais do país reabriu em maio passado, quando a curva de contágio do coronavírus apresentou leve queda. Após oito dias, surgiu o primeiro caso da infecção entre os alunos. Poucas semanas depois a escola virou foco de um dos piores surtos de coronavírus em Israel, com 278 casos, em um universo de cerca de 1.350 alunos e funcionários.

Em Berlim, na Alemanha, pelo menos 41 das 825 escolas registraram casos de coronavírus entre os alunos duas semanas após reabrirem em agosto, e no norte do país dois grandes estabelecimentos foram fechados. Ou seja: ainda que se registre queda, como vem ocorrendo em muitos estados brasileiros, a reabertura não é segura enquanto a vacina não ficar pronta e ser acessível a todos.