Maior consumo com as pessoas em casa reduz capacidade dos reservatórios; Grande ABC registra mais contaminados e menos mortes por covid-19
A exemplo do que vem ocorrendo em outras regiões, o Grande ABC registra aumento nos casos de contaminação por coronavírus e redução no número de mortes. De acordo com o Instituto ABC Dados foram 44.140 infectados até ontem (5), com 1.794 mortes. Isso representa uma variação da média móvel de 1,3% a mais nos registros de contágio e menos 41% nas mortes.
Apesar dessa redução a situação está longe de ser segura para a retomada das atividades cotidianas. Tanto é assim que os prefeitos de Santo André, Mauá, Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires já anunciaram que a reabertura das escolas na rede pública municipal está totalmente descartada no ano letivo de 2020, e Diadema e São Bernardo também devem adotar a decisão.
Por outro lado, o governo do Estado anunciou que as cidades que estão há pelo menos 14 dias na Fase 2 (amarela) do Plano São Paulo, que normatiza a flexibilização da quarentena, entre eles a Capital e a região, podem emitir decretos permitindo que bares, restaurantes e padarias funcionem até as 22h. O limite diário continua sendo de até seis horas, consecutivas ou não.
Água – Enquanto se discutem novas ações em todos os setores a pandemia ameaça também algo do qual não se pode prescindir: o fornecimento de água para as sete cidades que formam a região. Somada à falta de chuvas e ao desmatamento, a quarentena que levou ao teletrabalho piora o volume dos mananciais. No sistema Rio Grande, por exemplo, que abastece cerca de 1,2 milhão de moradores de Santo André, São Bernardo e Diadema, o nível do manancial vem caindo desde abril.
À época, o registro estava acima da capacidade (103,6%), mas caiu para 87,3% em um mês. Na comparação anual em agosto de 2019 estava com 99% de sua capacidade e, na última segunda, 3, tinha 72,3% Já no sistema Rio Claro, que abastece cerca de 1,5 milhão de pessoas em Santo André, Mauá e Ribeirão Pires, o nível está em 58,9% neste mês, contra 103,5% em 2019. E na Cantareira, que envia água para São Caetano, o percentual é de 51,8%, quando em agosto do ano passado estava em 53,7%, de acordo com a Sabesp.
Recentemente, o jornal regional Diário do Grande ABC abordou a questão ambiental e divulgou que a Prefeitura de São Bernardo autorizou a retirada de 26 árvores de terreno localizado na avenida dos Alvarenga 4.150, região do Grande Alvarenga, em área de manancial. Segundo a publicação a retirada beneficia a empresa OAC Participações, que tem o prefeito Orlando Morando (PSDB) como sócio.
A mesma quarentena que ajuda a tornar mais escassa a água também resulta na melhoria de sua qualidade. Estudo do índice de poluentes hídricos feito pela USCS em julho passado indicou que a qualidade da água da Represa Billings melhorou em razão do isolamento físico, pois locais onde o lazer era comum tiveram drástica redução de visitantes. Entretanto, alertam especialistas, tendência é que a flexibilização das atividades volte a agravar a poluição no manancial.