Em reunião ocorrida no dia 19 do Comitê de Relações Trabalhistas (CRT), a Contraf-CUT, federações e sindicatos obtiveram a marcação de uma reunião com o vice-presidente executivo sênior do Santander, responsável pela área de recursos humanos, a ser realizada no próximo dia 28, em São Paulo, para discutir o problema do emprego.
O agendamento ocorreu em resposta à solicitação das entidades sindicais de um encontro com o presidente do banco, Jesús Zabalza, sobretudo diante das demissões e da falta de funcionários na rede de agências. A intenção da reunião é debater propostas para acabar com a sangria mensal de postos de trabalho no banco, na contramão da geração de empregos na sociedade brasileira.
Demissões injustificáveis
Mesmo com lucro líquido de R$ 4,3 bilhões até setembro deste ano, o Santander cortou 3.414 empregos no mesmo período, o que é totalmente injustificável. Apenas no terceiro trimestre, a instituição lucrou R$ 1,4 bilhão, mas eliminou 1.124 postos de trabalho. Já nos últimos 12 meses, a redução alcançou 4.542 vagas, uma queda de 8,2% no quadro de funcionários que fechou setembro em 50.578.
Os trabalhadores querem o fim das demissões, da rotatividade e das terceirizações, bem como a contratação de funcionários para combater a sobrecarga de trabalho, o assédio moral e o adoecimento, a fim de melhorar o atendimento dos clientes. O Santander voltou a ocupar o primeiro lugar em outubro do ranking de reclamações de clientes no Banco Central, após ter ficado um mês em segundo lugar depois de sete meses consecutivos na incômoda liderança.
Falta de transparência
Os bancários também cobraram transparência no banco. Na Espanha, as entidades sindicais têm acesso a informações como contratações, desligamentos e afastamentos por saúde, além das faixas e dos níveis salariais, cujos números são divulgados aos trabalhadores. No Brasil os trabalhadores não têm os mesmos direitos. Os bancários do Santander querem negociação séria e para isso é preciso ter acesso às informações do banco, que hoje são apenas do conhecimento de um lado da mesa. A filial brasileira é responsável por 24% do lucro global do Santander, o melhor resultado por país em todo mundo, mas os trabalhadores são tratados como se fossem de segunda categoria.
Homologações por prepostos terceirizados
Os representantes dos bancários voltaram a cobrar o fim dos prepostos terceirizados nas homologações junto a sindicatos, o que tem sido praticado pelo banco, causando muitos transtornos, além de procedimentos no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e no Ministério Público.
O banco ficou de analisar o embasamento jurídico apresentado, ficando de voltar ao debate na próxima reunião do CRT, agendada para o próximo dia 27.
Mudanças unilaterais nos planos de saúde
Os bancários questionaram as alterações feitas pelo banco na assistência médica sem negociação prévia com o movimento sindical. Além de um aumento médio de 28,5% para os funcionários da ativa, os demitidos ou aposentados que atendam às condições da lei nº 9656/98 e que optem por permanecer no plano de saúde deverão assumir o pagamento integral do respectivo custo, de acordo com a faixa etária, elevando assustadoramente as contribuições, quase triplicando os valores no prazo de cinco anos.
"O que se observa é todo um esforço no sentido de disfarçar um aumento brutal no custo da assistência médica dos aposentados, com o claro objetivo de inviabilizar a permanência dos mesmos na apólice, já que poucos terão condições financeiras de suportar o cavalar aumento imposto para essa população", denuncia o diretor do Sindicato dos Bancários do ABC, Orlando Puccetti Júnior.
O banco propôs o agendamento de uma reunião para tratar do assunto. As entidades sindicais irão incluir o problema da pauta da reunião do CRT no dia 27.
Fonte: Contraf-CUT