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Ao completar 154 anos, Contraf exige manutenção da Caixa 100% pública

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Bancários comemoram aniversário, mas rejeitam abertura do capital

A Caixa Econômica Federal completa 154 anos nesta segunda-feira (12) como instituição 100% pública. Embora haja muito a comemorar, tendo em vista o papel social que ela vem cumprindo, graças ao esforço e empenho de seus empregados, uma sombra paira sobre o seu futuro, desde o final do ano passado, quando surgiram notícias sobre a abertura do seu capital, o que é inaceitável.

A Contraf-CUT e a Fenae, junto com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Intersindical e a CSP-Conlutas, protocolaram ofícios no dia 23 de dezembro, solicitando audiências com o governo federal. Os documentos foram encaminhados também à presidenta Dilma Rousseff, aos ministros da Secretaria-Geral e da Fazenda e ao atual presidente da Caixa, Jorge Hereda. 

"Os mais de 100 mil empregados estão apreensivos. Não apenas a categoria, mas toda a sociedade foi surpreendida. Sobretudo, porque V. Excelência se comprometeu, em Carta Aberta aos trabalhadores dos bancos públicos federais, divulgada no dia 23 de outubro, a fortalecer as nossas instituições", afirmam as entidades na carta para Dilma.

Terceiro maior banco do país

Criada em 1861, por decreto de Dom Pedro II, como o maior banco público do Brasil, a Caixa é hoje a terceira maior instituição financeira do país em ativos totais. Em setembro de 2014, a empresa tinha R$ 1 trilhão em ativos, segundo dados do Banco Central, atrás somente do também público Banco do Brasil, com R$ 1,3 trilhão, e do privado Itaú com R$ 1,1 trilhão.

Segundo balanços da Caixa publicados entre 2008 e 2013, a carteira de crédito passou de R$ 80,1 bilhões para R$ 494,2 bilhões, aumento de 517%. O lucro líquido aumentou 72%, passando de R$ 3,9 bilhões para R$ 6,7 bilhões. Além disso, os programas de transferência de renda distribuíram cerca de R$ 26,5 bilhões em 2013, totalizando 181,2 milhões de benefícios pagos. 

O Minha Casa Minha Vida, apenas em 2013, destinou R$ 49 bilhões para a construção de 692,9 mil unidades habitacionais. Dessas, 48,8% foram destinadas aos trabalhadores com renda mensal de R$ 1,6 mil. Somente o Bolsa Família pagou cerca de 159,7 milhões de benefícios ou R$ 24 bilhões, alta de 18,2% em relação a 2012. Os programas voltados ao trabalhador pagaram 169 milhões de benefícios.

Não à abertura do capital

Com essa história que se confunde com o desenvolvimento econômico e social do Brasil, a Contraf-CUT rejeita a abertura do capital e defende a manutenção da Caixa como empresa 100% pública.

"Neste aniversário de 154 anos, cumprimentamos os empregados e as empregadas da Caixa por mais um ano de muito esforço e dedicação. A possibilidade aventada de abertura de capital provoca grande apreensão, na medida em que pode representar o seu enfraquecimento, comprometer profundamente o desempenho do seu papel social e afetar o emprego e as condições de trabalho", afirma o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.

Para ele, os bancários devem se engajar para promover uma nova jornada de luta em defesa da Caixa, mostrar a importância da empresa para a sociedade e combater os interesses do mercado financeiro, que quer abocanhar um patrimônio que é de todos os brasileiros.

"Queremos que a Caixa prossiga 100% pública. Do contrário, como já vimos acontecer com outros bancos públicos que abriram o seu capital, haverá pressão dos acionistas para aumentar os lucros, a fim de gerar mais dividendos, piorando as condições de trabalho e colocando em segundo plano o importante papel social da empresa", alerta o dirigente da Contraf-CUT. 

Patrimônio do povo brasileiro

"A Caixa é um patrimônio do povo brasileiro. A história do banco está diretamente ligada, sobretudo nos últimos anos, ao desenvolvimento social do país. Por isso, a sociedade, os milhares de empregados e as entidades representativas reforçam que não há motivo para a abertura de capital da empresa. É fundamental para todos que a Caixa continue 100% pública, com esse forte papel social, atuando todos os dias para a melhoria das condições de vida dos brasileiros", reforça o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira.

Para a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE-Caixa), Fabiana Matheus, a Caixa é o que é hoje graças ao empenho dos empregados que dedicaram ou dedicam parte de suas vidas à empresa. "Atualmente são pouco mais de 100 mil empregados. Mas esse número é ainda insuficiente para atender o aumento da demanda e do volume de operações. É preciso que o ritmo de contratações seja acelerado. Temos obtido conquistas importantes nas negociações dos últimos anos. E nos itens em que faltam avanços, a luta continua diariamente".

Conselheiros eleitos cobram diálogo com governo 

Os representantes eleitos pelos empregados ao Conselho de Administração, Fernando Neiva (titular) e Maria Rita Serrano (suplente), também comemoram o aniversário da Caixa, mas expressam o seu profundo descontentamento com a abertura do capital. Ambos publicaram um artigo, onde reforçam que o governo abra o diálogo com os empregados e com a sociedade sobre qualquer mudança no papel da Caixa.

Clique aqui para ler o artigo de Neiva e Maria Rita. 

"A Caixa Federal é hoje o principal banco público do País, onde estão centralizados serviços essenciais de desenvolvimento da sociedade, como os programas Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida, entre outros. Sua atuação como banco social beneficia milhões de brasileiros. Não podemos admitir, portanto, a possibilidade de que essa rota seja alterada sem que haja um amplo debate com a população e os empregados do banco", enfatizaram.
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